terça-feira, 14 de julho de 2009

Brasil atrai 11,2 bilhões de dólares de investimentos na produção

Vivemos no Brasil uma estranha situação criada no meio desta tremenda crise financeira mundial. Pelos indicadores econômicos e pela percepção social, apenas os trabalhadores e suas famílias e as grandes empresas multinacionais dão provas de acreditar de fato na economia do Brasil.Texto publicado nesta segunda no jornal "O Estado de S. Paulo" mostra que os Investimentos Estrangeiros Diretos (IED) atingiram, até o mês de junho, um montante de 11,2 bilhões de dólares. Investidos em ampliação da capacidade das fábricas, no comércio, na agricultura e nos serviços.Este investimento estrangeiro deve atingir, até o fim do ano, US$ 25 bilhões.Segundo a reportagem, a coreana LG, animada com o potencial do mercado brasileiro, começou a investir na produção de notebooks no País em meados do ano passado na fábrica de Taubaté (SP). Inicialmente, a produção era de 3 mil unidades no mês de junho, volume que saltou para 15 mil em dezembro. "Nossa previsão é fechar este ano com 200 mil notebooks fabricados. Isso vai colocar o mercado brasileiro como o segundo maior para a companhia no mundo, atrás apenas da Coreia do Sul", diz o gerente de produtos de notebooks da empresa, Fernando Fraga.Também a italiana Pirelli, fabricante de pneus, elegeu o Brasil como principal destino de seus investimentos até 2011. A empresa vai aplicar US$ 200 milhões na ampliação da capacidade das três fábricas que tem no País e em pesquisa e desenvolvimento.Neste mês, a Mabe, fabricante mexicana de eletrodomésticos, comprou a operação brasileira da BSH Continental por US$ 35 milhões. Além desses recursos, a companhia vai investir aqui US$ 30 milhões em produtos e US$ 35 milhões nas fábricas.Os trabalhadores brasileiros e, em particular, os metalúrgicos de Santo André e Mauá, como sempre, apostamos todo o nosso empenho na recuperação da economia. Ao longo da crise assumimos o pior lado ao acumular desemprego e dificuldades de negociação da PLR e recuperação salarial. Mas agora, a partir do segundo semestre, começamos a renegociar nossos acordos coletivos. E é hora de os empresários brasileiros, que têm suas empresas aqui na região, também mostrar que também acreditam no Brasil. O que tem chamado a atenção das grandes multinacionais para o nosso país é o vigor do nosso mercado interno.E mercado interno se constroi com boa oferta de empregos e com salários decentes. Porque a família trabalhadora investe tudo o que ganha no Brasil. Seja em escolas, material escolar; ou na construção ou ampliação da própria casa; ou na compra de um carrinho a prestação ou de uma geladeira ou fogão. Se faltava a motivação aos empresários, acreditamos que o exemplo está vindo de fora do Brasil, com os investimentos estrangeiros feitos diretamente na produção, no comércio e nos serviços.O mundo está cada vez mais integrado. E os empresários brasileiros, se continuarem neste misto de avestruz com ave de rapina, ou seja, rapinam o lucro no tempo das vacas gordas e enfiam a cabeça no buraco nos períodos de crise, vão deixar espaços abertos para empresas estrangeiras se consolidarem, sozinhas, na produção local.Os trabalhadores já provaram que têm qualificação e determinação de padrão mundial. Caso contrário, as multinacionais não estariam investindo na produção aqui. Mas é uma questão de bom senso estratégico que os empresários locais, especialmente agora nestes tempos em que juntamos todos os esforços para superar a crise, retomem os investimentos e negociem novas convenções coletivas com seus trabalhadores, para manter o Brasil e seu mercado interno como uma das principais referências na economia mundial.