sexta-feira, 6 de maio de 2011

Reavaliar a terceirização

Reavaliar a terceirização
Assim como as indústrias que se viciaram na terceirização que custa menos por transferir a contratação de seus trabalhadores para empresas alheias ao seu processo produtivo, que arrocham salários, desrespeitam direitos, impõem ritmos de trabalho desumanos, nós cidadãos brasileiros temos que perder o vício de terceirizar o gerenciamento do Estado brasileiro.
As classes dominantes, ao longo dos séculos, subverteram a democracia ao colocar em votação a escolha dos políticos que assumem a responsabilidade pela gestão do Estado e em seguida, exercer o poder sem dar muita satisfação aos cidadãos.
No discurso se diz que a escolha respeita a vontade popular. Mas na prática, o que percebemos ao longo dos anos é desrespeito à soberania popular. Pois ao fim dos processos eleitorais os cidadãos, o povo, a Nação brasileira, terceirizam a administração do Estado para os políticos que ficam garantidos no cargo até a próxima eleição.
Da mesma maneira que temos que rediscutir a terceirização no Brasil por gerar resultados apenas para a acumulação de lucros dos patrões, prejudicando a qualidade de vida dos trabalhadores que geram as riquezas, ao delegarmos aos políticos a gestão do Brasil, perdemos a oportunidade de corrigir distorções.
E mesmo os substituindo a cada quatro anos, não conseguimos ajustar os vícios e erros administrativos que contaminam há séculos a máquina pública.
A democracia descrita na Constituição Federal, diz que o poder emana do povo, precisa ser exercitada todos os dias, em todas as vivências sociais que temos na fábrica, no bairro, na cidade, no Estado e no Brasil.
Como?
Exigindo dos governos meios e mecanismos de ouvir e encaminhar as exigências populares. Sem enrolação, como acontece no atual sistema democrático. O povo brasileiro está muito preocupado com a escalada inflacionária e já se manifestou de maneira clara. Resta ao governo, então, adotar medidas rigorosas para controlar a inflação. E repensar as decisões adotadas, como a dos juros altos, que não deram resultado.
O povo trabalhador brasileiro já se posicionou contra o Fator Previdenciário. Já passa da hora, portanto, do governo acabar de vez com esse mecanismo que só gera prejuízo para quem contribuiu ao longo de décadas e que na velhice se vê desamparado por receber uma aposentadoria irrisória.
Os brasileiros exigem investimentos urgentes em Educação e Qualificação. Portanto, cabe aos executivos do poder público, em todos os níveis, adotar ações de Estado a favor da Educação e da Qualificação.
Respeitar a vontade popular já. Isso é praticar a democracia. Ao contrário, corremos o risco de como povo, como cidadãos e trabalhadores sermos submetidos a um gerenciamento terceirizado. Como acontece em setores das indústrias que adotam repassam a contratação de seus trabalhadores para empresas alheias ao processo produtivo.
E quando o trabalhador se une ao sindicato para reclamar, a empresa que terceiriza as funções lava as mãos. Por isso, combatemos a terceirização na indústria. E a terceirização no gerenciamento do Estado brasileiro. Afinal, o Brasil nos pertence.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Desarmar pela vida

Desarmar, pela vida
No próximo dia 6 de maio, uma sexta feira, será lançada a Campanha Nacional de Desarmamento. De acordo com anúncio feito pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, o governo pretende recolher mais de um milhão de armas em poder da população.
A campanha será realizada sob a sombra da tragédia que vitimou 12 crianças e deixou outras feridas em Realengo, no Rio de Janeiro. A coordenação da campanha será de responsabilidade de um conselho formado pela Secretaria Especial de Direitos Humanos e o Ministério da Defesa, e também por Senado, Câmara dos Deputados, secretarias estaduais e municipais de Segurança Pública, entidades como OAB, CNJ e CNBB, além de ONGs.
O Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá participará ativamente da Campanha Nacional de Desarmamento.
De acordo com levantamento de 2010 feito pelo Ministério da Justiça, o Brasil tem 16 milhões de armas, das quais 47,6% na ilegalidade. Com 34,3 mil homicídios ao ano, o País é o campeão mundial de mortes por armas de fogo, em números absolutos.
No entanto, desde a aprovação do Estatuto do Desarmamento em 2003, ou seja, entre 2004 e 2010, a taxa de mortalidade por armas de fogo caiu 8%. Ou seja, desarmar a população reduz as absurdas estatísticas de morte no Brasil.
De acordo com Melina Risso, diretora da ONG “Sou da Paz”, “estudo feito pelo Centro de Análise e Planejamento (CAP) da Polícia Militar, de 2007, mostra que as armas apreendidas por pessoas que de alguma maneira estavam cometendo algum crime são armas de fabricação nacional.”
Para reforçar ainda mais a necessidade de desarmamento da população, Melina Risso descobriu em suas pesquisas que “apenas no Estado de São Paulo, um terço das armas registradas pelas empresas de segurança privada foram furtadas. Nós tínhamos aproximadamente 69 mil armas registradas pela segurança privada e quase 24 mil tinham sido furtadas no mesmo ano”.
A Campanha Nacional de Desarmamento é muito bem vinda. Mas precisamos avançar muito além das imagens de recolhimento de armas e de sua destruição diante das câmaras de TV. É o momento de avançarmos para se estabelecer rigor na venda e responsabilizar, com medidas exemplares, quem perde o controle da arma que eventualmente possui. Sejam as empresas de segurança ou o cidadão comum.
Melhorar, também, o controle das armas que nos chegam através das nossas fronteiras. Envolvendo além da Policia Federal, o Exército e as policias rodoviárias federais e estaduais.
E tornar a discussão sobre desarmamento e vida em aulas obrigatórias nas salas de aula. Para que no futuro evitemos tragédias como as de Realengo e as mortes, todas elas estúpidas, que ocorrem todas as semanas, em chacinas ou motivadas por desentendimentos fúteis. Ou pela ação de ladrões pé de chinelo que se sentem poderosos porque conseguiram acesso fácil a uma arma de fogo.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

terça-feira, 3 de maio de 2011

Governo anuncia a qualificação de mão de obra

Governo anuncia qualificação de mão de obra
Até que enfim caiu a ficha do governo federal que assume a iniciativa de qualificar 3,5 milhões de trabalhadores até 2014, o ano da Copa do Mundo no Brasil. Com a promessa de treinar pelo menos 500 mil trabalhadores ainda em 2011.
Agora é que nós, lideranças dos trabalhadores, pais e mães preocupados com o futuro imediato dos nossos filhos e os trabalhadores e trabalhadoras que precisam se requalificar para ampliar as oportunidades de emprego, agora é que vamos ter a chance de avaliar a eficiência dos cursos que serão oferecidos.
Porque, infelizmente, existe uma tradição no Brasil de se fingir que ensina enquanto se exige dos alunos que se finja que aprende. Cria-se uma situação adequada a discursos mas que não resolve o problema de melhorar as oportunidades de emprego. Pois nenhuma empresa vai contratar profissionais que fingem que têm qualificação.
Como existe a pressão da Copa do Mundo e das Olimpíadas, associada ao aquecimento da economia interna, com uma necessidade imensa de mais e mais profissionais no mercado, estamos em alerta máximo para o anúncio de qualificação da presidente Dilma Rousseff.
Boa vontade da parte dos trabalhadores não falta. Temos consciência que precisamos (e muito) de bons cursos de qualificação. Os trabalhadores e trabalhadoras do Grande ABC têm ainda como referência os treinamentos oferecidos pelo Sesi, Senai, Senac e Sesc. É deste tipo de ensino de qualidade que precisamos. Sem custos para os trabalhadores que não têm mais como financiar qualificação.
Pois ao longo dos anos, enquanto se fingia que se qualificava, muitos trabalhadores assumiram os custos de financiar as faculdades suas e dos seus filhos. Nem sempre com o retorno financeiro esperado, pois batiam de frente com um mercado com poucas oportunidades.
Agora, a situação é outra. O Brasil cresce e já sofre com o apagão de mão de obra. É hora, portanto, de entrar no campo da qualificação para valer. Para não perdermos as oportunidades que nossa economia vai gerar e que queremos que sejam para todos os brasileiros e brasileiras.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Risco de inflação é novo desafio

Risco de inflação é novo desafio
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
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No dia da festa do trabalhador, representantes de sindicatos da região consideram que há motivos de comemoração, devido a avanços obtidos nos últimos anos, embora haja novos desafios - como o temor de volta da inflação.
Entre as conquistas, os sindicalistas citam o crescimento do nível do emprego, os reajustes reais do salário-mínimo e a colaboração no debate para a superação da crise global, por exemplo. Os dois primeiros temas eram as principais palavras de ordem no início da década de 2000.
Para o presidente do Sindicato dos Químicos do ABC, Paulo Lage, sempre é possível avançar. Ele ressalta que, ao longo do tempo, as entidades sindicais têm procurado ir além de discutir apenas os reajustes salariais de suas categorias. "Reflexo disso foi a busca de alternativas para a crise, em que todos se mobilizaram", afirma.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá, Cícero Firmino Martinha, cita as iniciativas das entidades sindicais da região, organizando encontros com o governo e com o setor empresarial, o que foi importante para a implantação de medidas anticrise.
Martinha acrescenta que a PLR (Participação nos Lucros e Resultados) na década de 1990 era tabu, e hoje já é realidade. "Temos agora o trabalho de manter as conquistas e conter a inflação", observa.
Terezinho Martins, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Indústrias de Artefatos de Borracha, cita que a categoria conseguiu ganhos reais de salários nos últimos anos, mas relembra as dificuldades logo após as turbulências no crédito global em 2008: "Houve momentos em que lutamos para não perder benefícios durante a crise".
Os sindicalistas ressaltam que muitos dos avanços hoje passam por aprovações de leis no Congresso. Uma das lutas das entidades, que também está presente desde o início da década, exige mudança na legislação: a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais. Martins cita que, nesse caso, já existem acordos coletivos em sua categoria com diversas empresas da região.
MISSA - Além dos shows, outro evento tradicional no 1º de maio na região é a missa na Igreja da Matriz, em São Bernardo. O local, que já serviu na década de 1970 de refúgio para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (na época sindicalista), durante perseguição da polícia da ditadura contra as greves de operários, recebia Lula todo o ano nessa data até 2003, primeiro ano de seu governo. A missa, no entanto, tem perdido nos últimos anos a conotação política.