quinta-feira, 19 de abril de 2012

Educação financeira

O Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá iniciou nesta semana uma série de palestras para ajudar a categoria e a quem tiver interesse em se educar financeiramente.
Descobrimos que muitos companheiros e companheiras se tornaram reféns de financeiras, de gerentes de bancos e de empresas de cobrança ao não conseguirem acertar, como pretendiam, os créditos que lhes foram abundantemente oferecidos.
Convidados o Instituto Justiça do Consumidor que nos trouxe especialistas em direito do consumidor e em planejamento financeiro para mostrar para nossos associados quais são os direitos que lhes amparam e como negociar dívidas em atraso, sem perder a dignidade.
A iniciativa é importante pois faz parte da missão de nossa entidade sindical proteger a renda da nossa categoria. E descobrimos, no debate com os especialistas, que na maioria das cobranças em atraso as empresas adotam os juros sobre juros, que é ilegal. E que tentam intimidar individualmente os consumidores em dívida, para arrancar o maior valor possível.
Nos foi relatado também, pelos companheiros e companheiras presentes, a atitude ilegal de alguns bancos que metem a mão nas contas dos trabalhadores. Ficou bem claro pelos especialistas presentes que é absolutamente ilegal realizar quaisquer tipos de descontos na conta salário.
Mas muitos bancos por saberem que não podem mexer na conta salário induzem seus correntistas a abrir uma conta normal, com direito a cartão de crédito e até mesmo cheque especial.
E, nesse caso, podem efetuar todo e qualquer desconto de juros de cartão de crédito ou do cheque especial.
Fique, portanto, em alerta. Verifique se sua conta no banco é conta salário mesmo. E em caso de ser pressionado por qualquer banco ou empresa de cobrança procure ajuda de sua entidade sindical. Aprenda a gerenciar a seu favor os créditos que te oferecem sem perder a dignidade jamais.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

terça-feira, 10 de abril de 2012

Querem detonar Previdência e o SUS

O Brasil se moderniza a cada dia. Para muitos brasileiros (e brasileiras) essa modernização gera comparações com os ditos países do primeiro mundo.
E tem muito a ver com uma melhor distribuição de renda, comprovada pelo fato de que a diferença entre os salários mais baixos e os mais altos, dentro de uma mesma empresa, estão diminuindo cada vez mais. O que é muito bom.
Temos tido ganho de renda ao combinar os salários, aposentadorias e pensões que sofreram um impacto positivo com os continuados aumentos reais do salario mínimo.
Mas...
Os grandes grupos econômicos mundiais estão de olho em nossa economia interna. E além de empurrarem mercadorias e quinquilharias para nosso mercado interno, estão de olho, também na reformulação das nossas aposentadorias e na precarização dos nossos serviços médicos.
O que esses grandes grupos internacionais querem, e trabalham ferozmente para conseguir seus objetivos, é detonar de vez a saúde pública brasileira. Que já é bastante precária e substituí-la por um sistema pago que quase que arruinou a vida dos trabalhadores e cidadãos norte-americanos. Lá nos Estados Unidos ou você paga convênio ou nem mesmo é atendido pelos hospitais mesmo em casos graves.
De quebra, querem que o governo brasileiro rompa, unilateralmente, os acordos confirmados pela nossa Constituição, que nos garante aposentadorias depois de uma contribuição de 35 anos para homens e 30 anos para mulheres.
O que os grupos econômicos internacionais querem é que entreguemos nossas vidas para o sistema produtivo e que sejamos obrigados a trabalhar até a véspera da morte. E que sejamos obrigados a complementar nossas aposentadorias através da Previdência Privada.
Se nada fizermos, esse pessoal vai acabar impondo suas vontades. É importante que estejamos alertas e dispostos a exigir uma posição clara dos nossos políticos na defesa e proteção da nossa Previdência e da nossa Saúde Pública, que mesmo precariamente, se sustenta através do SUS – Sistema Único de Saúde.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

terça-feira, 3 de abril de 2012

Futuro jogado nas ruas

Como presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá tenho tido a oportunidade de visitar e conhecer alguns países do mundo. Quando viajo para os países mais desenvolvidos, em vez de me concentrar nas lojas dos shoppings, prefiro me dedicar às pessoas e tentar entender porque, em condições semelhantes ou piores que as nossas, pois muitos passaram por grandes guerras, conseguiram um grau de desenvolvimento social e humano que pode nos servir de exemplo.
Descubro, a cada viagem, que os povos que mais se recuperam e reconstroem suas nações, mesmo depois de intensa participação na 2a Guerra Mundial por exemplo, são povos que protegeram sempre suas crianças, em todos os níveis sociais.
Na Inglaterra, por exemplo, uma criança que for abandonada por seus pais é encaminhada para centros de apoio, onde têm acesso a saúde e escola. Ou são entregues para o cuidado de outras famílias em condições comprovadas de adoção.
Nos Estados Unidos, nas cidades que já visitei procurei e felizmente não encontrei uma criança sequer nas ruas. E as crianças que vi estavam sempre acompanhadas das mães, principalmente, ou dos casais. E em cada bairro vi espaços destinados ao lazer e à educação infantil.
O que esses países nos mostram é que compensa investir no futuro. E aqui no Brasil, infelizmente, sabemos que temos mais de 2 milhões de crianças nas ruas, de um total de 8 milhões de meninas e meninos abandonados por suas famílias.
Estamos, na verdade, jogando fora nosso futuro.
Ao deixar que nossas crianças sejam abandonadas no meio do trânsito, sujeitas a todos os perigos e, obrigadas, a se entregar ao crime organizado para terem uma mínima chance de sobrevivência.
Enquanto, como sociedade civil, como dirigentes políticos e comunitários, nada fizermos, somos cúmplices dos que jogam o futuro do Brasil no meio da rua. E é para chamar a sua atenção que voltarei sempre a esse tema e ao mesmo tempo mobilizo meus companheiros e companheiras do Sindicato, nossos aliados dos partidos políticos e do Congresso Nacional para, pelo amor de nossa Pátria, colocar um fim a tanto desperdício do futuro de nossa Nação.
E você, meu amigo e minha amiga, o que tem feito? O que acha que deva ser feito?
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

segunda-feira, 26 de março de 2012

O futuro das nossas crianças

Nossos meninos e meninas estão cada vez mais atualizados. Basta alguns minutos com um computador e já entendem de tudo e nos ensinam coisas que nunca imaginávamos ser capazes de aprender.
Mas para que nossos jovens tenham acesso ao computador, nós que batalhamos ainda com velhas ferramentas, que estranhamos os celulares que usamos, temos que ir até a loja, comprar os equipamentos modernosos para que nossos meninos e meninas tenham uma chance mínima para treinar seus novos atributos sociais.
Uma criança sem acesso digital é praticamente analfabeta. Nós, pais, sabemos disso. Daí o nosso esforço que já foi percebido pelas agências de propaganda que nos bombardeiam o dia inteiro com ofertas de computadores, laptops, ipads e outros bichos.
Os políticos oportunistas também já perceberam que esse acesso à tecnologia faz parte de nossas preocupações. E começam a incluir nos seus discursos a escola digitalizada, um computador por aluno. Chegam até mesmo a oferecer tablets.
Uma pena tratarem com tanta irresponsabilidade uma necessidade vital para a construção do futuro de nossas crianças. E o que tememos é a reprodução mais uma vez do fosso que separa os filhos das famílias abastadas, que praticamente nascem com um chip no berço e as nossas crianças que dependem do nosso investimento direto para terem como treinarem suas habilidades com os meios eletrônicos e digitais.
Mas nós temos o que mais interessa à elite: votos digitais em massa. E vamos usar esse nosso acesso digital às urnas para impor nossas vontades. Ao longo desse ano vamos conversar com nossos filhos e pedir ajuda deles nos seus relacionamentos com os facebooks da vida para nos ajudar a identificar os políticos que têm algum comprometimento com a educação digital.
Juntos e em família, faremos a seleção dos que pretendem ocupar cargos públicos e verificaremos quais são seus verdadeiros compromissos digitais.
Pois da mesma maneira que não se conseguia alfabetizar crianças na nossa época sem ter acesso aos cadernos e cadernos de caligrafia, hoje em dia, todos são sabedores, inclusive os políticos e candidatos, que sem uma boa infra-estrutura digital, com acesso a bons computadores e a redes de internet de banda larga, que excluiremos grandes contingentes de jovens das oportunidades no futuro.
Claro, que essa grande maioria de excluídos serão filhos de trabalhadores e do lado mais pobre da população. Mas ainda temos tempo de reagir fazendo valer nossa cidadania digital.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

O drama da desindustrialização no Brasil

De cada quatro produtos consumidos no Brasil, um é importado. Gerando empregos, rendas, lucros e impostos para outras nações. O setor de autopeças, um dos principais geradores de emprego em Santo André, Mauá e no Grande ABC, que tinha superávit em 2004, registrou no ano passado um déficit de US$ 7 bilhões.
Enquanto isso, muitos portos brasileiros escancaram suas portas, concorrendo uns com os outros através da cobrança diferenciada e menor do ICMS para atrais importadores.
Resultado: em 2011 o déficit da indústria manufatureira chegou a US$ 90 bilhões e pode ser ainda maior em 2012.
Diante desse cenário, o governo da presidente Dilma Rousseff consegue baixar os juros, com uma excelente redução de 0,75 pontos na Taxa Selic, nos levando para patamares de juros de 9,75% ao ano.
Mas se os juros não se transformarem numa cultura de investimento produtivo, se deixarmos bancos e agentes de crédito, entre elas as empresas de factoring, continuarem a agir acima do controle do Banco Central, cobrando os juros finais que bem entenderem, vai ser uma na cruz e outra na ferradura.
Ou seja, a sangria de nossos empregos tenderá a continuar e a aumentar; a indústria ficará cada vez mais anêmica e vamos, por enquanto, transferir nossas riquezas para as economias asiáticas, norte-americanas e europeias.
É hora, portanto, de agir enquanto ainda temos vinculações com nosso setor produtivo e exigir atitudes políticas e econômicas que além de reduzir os juros na ponta das empresas nacionais, crie incentivos para ampliar a produção de bens e produtos nacionais, reforçando a indústria nacional e nossos empregos.
Achar que se trata de um problema do setor patronal, apenas, é dar um tiro no pé. É hora de unificar, nacionalmente, em 4% o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) cobrado dos produtos importados e resgatar o que aprendemos com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva: colocar os interesses da Nação brasileira acima dos imediatismos de Estados, de categorias profissionais ou de grupos empresariais.
O Brasil somos nós unidos. Mantendo nosso acesso ao emprego e renda, para garantir assim o mercado interno que tem tudo a crescer caso os juros se reduzam, de verdade, para os consumidores finais e para as empresas que queiram investir na produção.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

Mulher, mãe, companheira

Está chegando mais um Dia Internacional da Mulher, que registramos em 8 de março para relembrar o massacre que aconteceu no dia 25 de março de 1911, nos EUA, na Triangle Shirtwaist Company, uma fábrica têxtil que ocupava do oitavo ao décimo andar de um prédio, e que empregava 600 trabalhadores.
A maioria eram mulheres imigrantes judias e italianas com idade entre 13 e 23 anos. Parte dos trabalhadores conseguiu chegar as escadas, descendo para a rua ou subindo no telhado. Outros desceram pelo elevador.
O fogo e a fumaça aumentaram e muitos trabalhadores desesperados pularam pelas janelas e algumas mulheres morreram nas próprias máquinas. Na tragédia 146 pessoas morreram, sendo 125 mulheres e 21 homens.
Da tragédia surge então o Dia Internacional da Mulher. Que a gente usa para homenagear as mulheres, as companheiras e as mães de nossos filhos.
Fonte de vida, as mulheres são essenciais para o futuro da humanidade, determinantes para a sobrevivência de nossas famílias, absolutamente imprescindíveis na manutenção do tecido social que é costurado a partir de nossos lares.
Mesmo assim, socialmente, ainda não as tratamos com o devido carinho e respeito sociais.
Segundo dados do Dieese – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos – as mulheres correspondem a 41% da População Economicamente Ativa (PEA) do Brasil e mais de um quarto das famílias são chefiadas por elas. Mas nem tudo são flores. Pela pesquisa, as mulheres possuem maior nível de escolaridade que os homens, porém não ocupam funções compatíveis com sua formação, além de ter remuneração menor se comparada ao sexo oposto.
Ou seja, a tragédia que nos ajudou a instituir o Dia Internacional da Mulher continua a queimar oportunidades, a transformarem cinzas o futuro de mulheres que poderiam, porque merecem, ter salários ajustados à sua formação, não fosse ainda, o preconceito, a perseguição e a indiferençaa social com que tratamos as mulheres que são também nossas esposas, nossas mães, nossas companheiras.
Vamos aproveitar o Dia Internacional da Mulher e refletir a respeito.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

Invasão de autopeças chinesas é ameaça aos nossos empregos

Primeiro, as quinquilharias chinesas nos chegaram há uns 15 anos com as luzinhas chinesas no Natal. Era o início da escalada das importações chinesas, com preços sustentados por mão de obra semi-escrava, com um salário mínimo chinês, recentemente ajustado em 18,6% e que atingiu R$ 302,79.
Os trabalhadores chineses não têm alternativa a não ser aceitarem tal salário mínimo, num país que apesar de investir consistentemente em Educação e Qualificação profissional, mantém os ganhos salariais lá embaixo como estratégia para distribuir mercadorias com baixíssimos preços para o resto do mundo.
Aqui na região do Grande ABC, especialmente em Santo André, tanto empresários como trabalhadores já somos vítimas da invasão chinesa.
Segundo reportagem publicada recentemente na “Folha”, a importação de autopeças da China praticamente triplicou de 2009 a 2011. Saltou de US$ 467 milhões para R$ 1,25 bilhão no período. Em relação a 2010, o crescimento foi de 61,5% e levou a déficit recorde de US$ 1,1 bilhão na balança comercial do setor.
O governo brasileiro tem feito muito pouco para conter a invasão. Apesar de já terem sido acesas as luzes amarelas, quando nos preocupamos com os empregos e, principalmente, com a segurança dos carros que aqui são montados.
O Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia) vai apertar o cerco contra o comércio de autopeças, principalmente as vindas da China.
O órgão, ligado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, está preocupado com a qualidade das peças usadas tanto na reposição quanto na fabricação de veículos.
Devemos nos mobilizar para uma ação imediata, que deve ir muito além do fator segurança. A invasão das autopeças chinesas ameaça nosso parque industrial e, principalmente, é um ataque direto à empregabilidade no Brasil e, em especial, aqui na nossa região, que investiu ao longo de décadas em indústrias especializadas na produção de autopeças que garantem a segurança dos nossos veículos e os nossos empregos.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

Coitados dos nossos professores

Vivemos um dilema no futuro de nosso país. Da boca pra fora, tanto os políticos, entre eles, os candidatos aos cargos eletivos quanto os responsáveis diretos pela administração pública concordam que os investimentos em Educação são essenciais para o desenvolvimento do Brasil.
Na prática, contudo, quando se alcança um avanço constrangedor no piso salarial dos professores de R$ 1.187,00, em 2011, para R$ 1.451,00, em 2012, o equivalente a R$ 9,00 por hora trabalhada, se instala a omissão na maioria dos municípios e Estados.
Segundo reportagem da Folha de novembro do ano passado, 17 Estados não pagavam o piso estabelecido por lei. A ponto de o Consed (Conselho Nacional de Secretários de Educação) ter tornado público que acreditava que a lei do piso valorizava os profissionais do magistério, mas que a maioria das 27 unidades da federação enfrentava dificuldades para o seu cumprimento, principalmente orçamentária.
Ou seja, um órgão de abrangência nacional oferece igualmente uma desculpa nacional para que a Educação no Brasil continue, lamentavelmente, a fazer parte apenas dos discursos. Para compensar o nhen-nhen, o Consed pedia para que o MEC complementasse o recurso necessário para o pagamento do piso em Estados sem condições.
Se espera que uma atitude paternalista do governo federal arrume dinheiro para ajudar os Estados que alegam estar sem dinheiro. E que nada fazem além de choramingar mais verbas em vez de priorizar, de verdade, os investimentos necessários na Educação, que passam prioritariamente pelo salário dos professores.
Era a mesma ladainha na época da ditadura e da inflação fora de controle. Muitos políticos discursavam que tínhamos que aprender a conviver com os militares enquanto desenvolvíamos a democracia possível. E que a inflação no Brasil era como uma doença crônica e que nunca iria ser curada.
Vimos na prática que bastou a opinião pública se mobilizar que acabamos em menos de uma década, entre 1985 e 1994, com o poder dos militares e com a inflação.
Precisamos fazer o mesmo com a Educação. Mobilizar a opinião pública para quem sabe, ainda dentro desta década, a segunda do Século 21, consigamos transformar a Educação no principal investimento no futuro do nosso País. Com professores bem pagos e motivados, para educar uma juventude cada vez mais bem informada mas carente de rumos que só uma boa escola pode dar.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Reagir ao medo

O medo da nossa vida nas grandes cidades está cada vez mais contagiante. Segundo uma pesquisa publicada pela “Folha”, 89% dos paulistanos se sentem inseguros na cidade.
A pesquisa foi encomendada ao Ibope pela Rede Nossa São Paulo e entrevistou 1.512 moradores. O que se constatou foi um alto nível de insatisfação com a qualidade de vida dos que moram na capital paulista.
Os aspectos que causam mais medo nos paulistanos, estão assaltos e roubos, violência e tráfico de drogas. Ou seja, mesmo sem pesquisa podemos afirmar sem medo de errar que o mesmo ocorre aqui na nossa região. Pois estamos, enquanto cidadãos e trabalhadores, literalmente abandonados à própria sorte. Principalmente, para os moradores das periferias, distantes dos centros mais urbanizados e com mais acesso à polícia e ao Poder Público.
Mas é hora de a gente reagir, antes que o pânico tome conta de nossas vidas e nos transforme em prisioneiros dentro de nossas próprias casas, sem termos cometido crime algum.
Enquanto nos resta um pouco de liberdade e podemos, mesmo com medo, circular pelos nossos bairros é hora de nos organizarmos para pressionar o Poder Público.
Como?
As eleições municipais estão chegando. Os candidatos a prefeito e a vereador já estão com o discurso pronto para nos sensibilizar. E vão, claro, prometer a buscar mais segurança para nossas famílias. Estarão, claro, mentindo deslavadamente.
A não ser que a gente perceba o envolvimento dos candidatos com políticas objetivas de segurança pública, que passarão por investimentos de grande porte na iluminação de nossas avenidas nas periferias, com a instalação de câmaras de vigilância, com a criação da polícia de quarteirão e com uma central de polícia que responda, rapidamente, aos nossos apelos.
Enquanto os moradores das periferias, seja de São Paulo ou de cidades daqui do Grande ABC, forem tratados com discriminação e os apelos à polícia serem simplesmente esquecidos, que os crimes continuem impunes e que os representantes do Poder Público só apareçam nas épocas das eleições, vamos continuar com medo. Medo inclusive dos candidatos e de suas campanhas nem sempre vinculadas com nossas necessidades cidadãs.
Cícero Firmino, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

Montadoras importam carros e auto-peças e prejudicam mercado de trabalho no Brasil

Como sempre acontece, os empresários do setor automobilístico adoram um chororô, quando as coisas não estão bem na economia. Mas basta uma folga e o abuso se estabelece, diante dos nossos olhos e contra os nossos empregos e salários.
Desta vez, as montadoras brasileiras adotaram a importação de carros e de auto-peças em vez de investirem no nosso mercado interno. Enquanto acenam para a opinião pública e para o governo que estão fazendo investimentos no Brasil, por debaixo dos panos continuam agressivamente importando veículos e peças, que nos empurram goela abaixo.
É uma maneira de manter empregos lá fora, se aproveitando do vigor do nosso mercado interno.
Segundo notícia divulgada pela Agência Estado, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, a maioria das montadoras registrou déficit comercial no ano passado. Parcela considerável dessas importações são procedentes do México, com quem o Brasil registrou um saldo negativo de US$ 1,7 bilhão em veículos, em 2011.
A Volkswagen, por exemplo, exportou US$ 1,9 bilhão no ano passado, mas importou US$ 2,2 bilhões, crescimento de 31,7% e um déficit de US$ 300 milhões. O mesmo déficit foi registrado pela Ford, que exportou US$ 1,5 bilhão e importou US$ 1,8 bilhão. A Renault exportou US$ 1,1 bilhão e importou US$ 1,4 bilhão. Novamente um saldo negativo de US$ 300 milhões. A Peugeot Citroen registrou um déficit ainda maior, de US$ 815 milhões. A Toyota exportou US$ 703 milhões e importou US$ 1,7 bilhão, gerando um déficit de US$ 997 milhões.
Informações repassadas pelo Sindipeças, entidade que representa os patrões da indústria automobilística, mostram que o déficit da balança do setor foi de US$ 4,6 bilhões no ano passado, alta de 30,9% sobre o déficit de 2010. As exportações aumentaram 16%, para US$ 11,1 bilhões, e as importações cresceram 20%, para US$ 15,8 bilhões. A maior parte
das importações, segundo o Sindipeças, veio dos Estados Unidos (US$ 2 bilhões), da Alemanha (US$ 1,9 bilhão), do Japão (US$ 1,7 bilhão), da Argentina (US$ 1,3 bilhão) e da China (US$ 1,2 bilhão). O setor tem déficits desde 2007 e projeta que, em 2012, o saldo negativo chegue a US$ 5,6 bilhões.
Ou seja, estão sangrando nossa economia e gerando empregos para os trabalhadores dos Estados Unidos, Alemanha, Japão, Argentina e China. Enquanto trabalhamos pesado aqui, com salários vergonhosos e com um piso mais constrangedor ainda, somos obrigados a nos manter atentos a essas maracutaias contra nossa economia e contra nossos empregos.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

Começou 2012

Deixamos para trás o Carnaval, com toda a alegria posta em prática, com muita gente aproveitando para descansar e com a grande maioria do povo brasileiro ansioso para começar de verdade o ano de 2012.
Nossa agenda cidadã está carregadíssima.
Temos que mobilizar nossos companheiros e companheiras nos bairros em que vivemos, nas fábrica onde arrancamos nosso pão nosso de cada dia, para aproveitar que se trata de um ano eleitoral e tentar alguns avanços, inadiáveis, na Educação, na Saúde, na nossa Segurança Pública.
É o ano que usaremos para espernear, para mostrar que muito ainda pode ser melhorado no nosso bairro, que é o ambiente em que o Brasil, o Estado de São Paulo e nossa cidade toma forma para cada um de nós através dos serviços públicos que nos são prestados.
Muito mais do que escolher em quem votar temos que aprender a provar para os gestores públicos que estamos aprendendo a exercer nossos plenos direitos e deveres democráticos. Cumprimos nossos deveres quando pagamos os impostos sem espernear. Tanto os diretos como IPTU, IPVA, ISS e IR, como os indiretos embutidos em cada compra que realizados, sejam nas mercadorias ou nos serviços como água e luz, por exemplo.
Vamos aproveitar, portanto, o ano eleitoral para trocar ideias com as lideranças dos nossos bairros e com as lideranças sindicais e políticas para estabelecer uma agenda de prestação de serviços e dar satisfação cidadã para que possamos, aí sim, amadurecer o voto e escolher com mais tranquilidade quem nos representará nos próximos quatro anos a partir de 2013.
Os municípios do Grande ABC em particular estão muito bem de caixa para investir na melhoria de nossas escolas, mas temos que envolver os pais e mestres para que nossos meninos e meninas possam ter a garantia de um aprendizado que os prepare para a vida profissional e cidadã.
A mesma eficiência que conseguimos na montagem das escolas de samba e dos desfiles de carnaval devemos levar também para vigiar de perto os postos de saúde, que é, na maioria das vezes, a única alternativa que temos nos momentos de doença, acidente ou desesperos de nossas famílias.
Ufa! As tarefas são enormes. Mas ainda bem que o Carnaval passou e o ano de 2012 começou pra valer. Depois da quarta-feira de cinzas, o que não nos faltará é energia para melhorar nosso bairro e nossa cidade.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

51,5 em cada 100 trabalhadores ainda não têm carteira assinada

A economia brasileira vai bem. O reflexo pode ser percebido no bolso dos trabalhadores, na melhoria da renda das famílias, no aquecimento do mercado interno. Estamos mais tranquilos que as economias da Grécia, Espanha e Portugal, por exemplo, que vivem uma situação brava de desemprego e de desesperança.
Mas ao sabermos pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que a informalidade ainda é uma ameaça à nossa qualidade de vida, é o momento de pressionarmos todas as instâncias governamentais e especialmente o Ministério do Trabalho e Emprego para gerar uma campanha agressiva pela formalização do emprego.
Segundo a Pesquisa Mensal de Emprego (PME), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego nas seis regiões metropolitanas do país caiu de 6% em janeiro de 2011 para 4,7% em dezembro do mesmo ano, o equivalente a 1,1 milhão de pessoas a menos desempregadas.
O indicador em dezembro de 2002 marcava 10,5%. Além disso, em 2011, a média da população ocupada chegou a 22,5 milhões de pessoas, resultado 2,1% acima do obtido no ano anterior, e 21,3% superior ao observado em 2003.
Duas excelentes notícias, sem dúvida.
Mas...
Mas os trabalhadores com carteira assinada no setor privado, no ano passado, eram 11,2 milhões, ou seja 48,5% do total de ocupados. Essa taxa em 2010 foi de 46,3% e, em 2003, estava em 39,7%, segundo cálculos do Ipea.
Conclusão: de cada 100 trabalhadores no Brasil, 51,5 ainda não têm carteira assinada. E por isso estão condenados a viver desamparados da Previdência Social, sem ter a esperança de uma aposentadoria, e em caso de acidente, invalidez ou morte, vão ficar desamparados ou deixar seus familiares com uma mão na frente e outra atrás.
Lutamos pela democratização do Brasil para fazer chegar os direitos universais dos cidadãos a todos os extratos sociais. Precisamos de um Estado que proteja seus cidadãos em vez de nos deixar como vítimas preferenciais de empresários inescrupulosos que contratam informalmente para fugir das obrigações legais que garantem direitos previstos na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), como décimo terceiro, férias, licença maternidade e estabilidade no emprego nos casos de doenças profissionais.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

Cidades dormitórios

Temos que nos manter atentos (e esse ano eleitoral vai ajudar muito) com as propostas dos atuais prefeitos e vereadores e dos novos candidatos aos cargos eletivos para a transformação lenta e gradual de nossas cidades no Grande ABC em dormitórios, para onde os trabalhadores chegam apenas para trocar a marmita, dormir um pouco e sair para trabalhar em outras regiões.
O que é que as prefeituras locais têm feito para manter as empresas na região, especialmente as empresas que geram empregos diretos na produção e nos ajudam a gerar riquezas que possam ser reinvestidas na nossa infraestrutura, no saneamento básico, na nossa saúde e educação?
Cada vez mais os ônibus e trens interurbanos estão mais e mais superlotados. Antes era gente de fora que vinha para cá para trabalhar em nossas indústrias. Mas cada vez mais (e basta conversar com as pessoas nas conduções) e vamos descobrir que são pessoas daqui da região saindo em busca do ganha pão em São Paulo, Santos e até mesmo Jundiaí e Campinas.
As administrações municipais da região estão deixando, infelizmente, escapar daqui as melhores indústrias e não têm conseguido, também, atrair novas empresas que poderiam se valer do excelente nível educacional de nossa população, do relacionamento estável que desenvolvemos em nossas comunidades e de nossa comprovada capacidade de gerar riquezas, como já provamos sem deixar dúvidas com a indústria automobilística nacional.
Nos preocupa o descaso e a falta de energia dos administradores que poderiam se empenhar mais para a geração de riquezas aqui na região. Temos uma classe trabalhadora disciplinada e disposta. Falta apenas o empenho das autoridades para que não nos tornemos, com o passar dos anos, numa região-símbolo da decadência industrial.
Vamos, da nossa parte enquanto cidadãos e sindicalistas, continuar a exigir mais ousadia dos nossos administradores, para negociar com empresas e capitalistas locais e internacionais para manter a pujança de nossa região, com a consequente geração de riqueza e de novos empregos.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

Transformar 2012 no ano da recuperação dos pisos salariais

Acabamos de começar um novo ano e ao avaliarmos as conquistas do ano passado e anteriores percebemos que mesmo negociando bons acordos salariais, com ganhos reais nos salários nos últimos dez anos, que nos encontramos mais ou menos na mesma.
Grande parte dos nossos pisos salariais não chega nem na metade do que é definido como o salário mínimo constitucional, ou seja, que seria suficiente pela Constituição Brasileira para o sustento de um casal e seus dois filhos. De acordo com o Dieese o valor do salário mínimo deveria ser em janeiro deste ano de R$ 2.398,82.
Distante, portanto, da grande maioria dos holerites que recebemos mensalmente porque somos vítimas, como categoria profissional, de uma ação articulada das direções das empresas, na maioria das vezes executadas através dos seus departamentos de recursos humanos, do uso da rotatividade como mecanismo de achatamento salarial.
Ou seja, o que ganhamos em boas negociações salariais, sustentadas pela mobilização da categoria e articulação da diretoria do Sindicato, escapa com a substituição dos trabalhadores e trabalhadoras por outros com ganhos inferiores.
De acordo com o estudo realizado pelo Dieese, na década passada, a rotatividade apresentou elevadas taxas para o mercado de trabalho: 45,1%, em 2001; 43,6%, em 2004; 46,8, em 2007; 52,5%, em 2008, e 49,4%, em 2009. Considerando os últimos resultados disponíveis da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), a taxa de 2010 atingiu o patamar de 53,8%. Ou seja, de cada 100 trabalhadores, 54 foram substituídos por outros com salários inferiores.
O que gera, lamentavelmente, um prejuízo imenso para a massa da classe trabalhadora brasileira e no nosso caso para o conjunto da categoria. Tanto é que o Sindicato fez um estudo que mostra que as contribuições dos trabalhadores sindicalizados, que se baseiam numa porcentagem dos respectivos ganhos, têm no geral se mantidas estáveis nos últimos oito anos. Um indicador de que a categoria como um todo não tem conseguido manter os reajustes, com aumento real, que negociamos a cada ano.
Por isso, temos que nos mobilizar para mais do que ampliar os ganhos salariais conseguir mantê-los através do aumento do piso para inibir a rotatividade. Pois, com um piso decente, não vai adiantar muito para as empresas se valerem da rotatividade para achatar salários.
Temos que, ao mesmo tempo, pressionar o Congresso Nacional para que aprove a Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) que vigia de perto as demissões imotivadas, que passariam a ser negociadas com os sindicatos das respectivas categorias.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Os jovens e as dívidas

Todo jovem que chega ao mercado de trabalho tem como uma das principais motivações cuidar da própria vida. Chega testando seus limites em todos os aspectos que vão desde a competência profissional, a capacidade de resistir às pressões e suportar o estresse que o dia a dia profissional nos impõe.
Por causa da inexperiência e da necessidade de testar e experimentar o mundo ao seu redor, muitos jovens se tornam presa fácil de dívidas que começam a preocupar.
Uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostrou que 25% dos estudantes devem mais de R$ 1 mil ao cartão de crédito. E do total de inadimplentes no Estado, 42% têm até 30 anos.
Os jovens são bombardeados com estímulos permanentes, em todas as mídias, especialmente na internet, para que consumam. Têm acesso aos cartões de crédito e têm que aprender a gerenciar seus gastos com acertos e erros.
Além disso, não recebem informação adequada que lhes mostre o impacto dos juros sobre juros (que são ilegais) adotados pelas empresas de cobrança, pelos bancos e financeiras para engordar as dívidas que são roladas.
Em pouco tempo, o que as pesquisas mais recentes mostram é que estão com os cartões de crédito e com os cheques especiais estourados e punidos pelas empresas de classificação de crédito viram consumidores inadimplentes, muitos em fase de renegociação das dívidas e outros falidos financeiramente, já que não conseguem honrar nem resgatar os débitos.
É o momento, acredito, de cuidarmos destes jovens que começam achegar ao mercado de trabalho. Mostrar para eles que as dívidas impensadas, motivadas geralmente por impulsos, causam prejuízos enormes e transferem renda das suas famílias e do seu futuro para os cofres das financeiras que adotam métodos semelhantes aos traficantes de drogas.
Ou seja, oferecem o cartão de crédito, facilitam a abertura de crédito, induzem o jovem ao consumo desenfreado. E depois que as dívidas se acumulam tentam jogar a culpa pelo endividamento apenas para os jovens.
Algo tem que ser feito porque perdemos todos nós. Os jovens e suas famílias. E até mesmo o mercado consumidor, pois o jovem super endividado elimina no futuro imediato o adulto que consumiria com mais consciência e de maneira permanente.
Cicero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

Carnaval e concentração de renda

Uma das nossas grandes alegrias é acompanhar o desfile das Escolas de Samba no Carnaval. É uma festa construída com entrega, dedicação e criatividade popular. Cada fantasia, cada voz que nos faz chegar o samba enredo, cada som extraído da cuíca, do pandeiro ou do surdo, tem lá a mão de um homem ou de uma mulher do povo.
Gente que trabalhou o ano inteiro para ao longo do desfile, que tem que durar um tempo mínimo de 62 minutos e nunca ultrapassar 82 minutos, mostra toda sua arte e alegria na avenida.
Uma das principais avaliações que os jurados são obrigados a fazer do desfile é o Conjunto, que corresponde à forma geral integrada com a qual a escola se apresenta. Devem ser considerados a uniformidade com que a escola se apresenta nas diversas formas de expressão – musical, dramática, visual, etc – e o equilíbrio artístico do conjunto.
Mesmo sendo brasileiros e vivendo num brasil tão desigual a gente, no Carnaval, dá uma lição de conjunto que nossas classes dominantes ainda não aprenderam a reproduzir em nossas vivências sociais e econômicas.
Se o desfile das escolas de samba reproduzissem nossa realidade econômica, que de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), mostra que 10% da população mais rica do Brasil detêm 75,4% de todas as riquezas do país, concentraríamos no abre alas 250 componentes, ou seja, 10% dos 2,5 mil componentes obrigatórios para garantir que uma escola possa desfilar na avenida.
Seria, em consequência, uma escola cheia de buracos. A bateria teria sua elite desgarrada do conjunto. As baianas seriam formadas em função das mais ricas e milionárias concentradas num pequeno núcleo, enquanto as mais pobres seriam mantidas afastadas por cordão de isolamento, como se fossem baianas da periferia.
O mesmo valeria para as alegorias e adereços, que são os elementos cenográficos que estejam sobre rodas e não estejam sobre rodas, respectivamente. Se fosse repetida a concentração de renda brasileira teríamos os bacanas com alegorias de última geração, claro que desfilando sobre rodas. Enquanto que no chão viria a ralé que, como nós, trabalha de sol a sol, com um salário sempre constrangedor.
Ou seja, a concentração de renda e de poder não ajudaria a termos o melhor carnaval do mundo. E mesmo assim, entra ano e sai ano, e vamos para a avenida dar uma lição de harmonia, de competência e de criatividade que depois, na quarta-feira de cinzas, quando voltamos para as fábricas, os escritórios e lojas encaramos de frente a desarmonia em nossa vida econômica e social.
E somos obrigados a conviver num Brasil tão lindo, tão rico e, ao mesmo tempo, tão vergonhosamente desigual.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

Combater os agiotas legalizados

As operadoras de cartões de crédito cobram os juros que bem querem, independente da Taxa Selic, que se depender do governo da presidente Dilma Rousseff chegará a menos de 10% ao ano, em 2012. E o Banco Central já se declarou incapaz de controlar as operadoras, que estabelecem juros de 237,9% ao ano.
Temos que agir rapidamente porque somos nós, trabalhadores e trabalhadoras, as principais vítimas das operadoras de cartão de crédito. Hoje é muito comum o aviso: “Não aceitamos cheques. Só dinheiro ou cartão”.
Como é que nós, que andamos com pouco dinheiro no bolso vamos gerenciar nossas compras? Somos obrigados a nos valer dos cartões de crédito, vinculados às nossas contas salariais. Para no final do mês, por qualquer descuido ou estouro dos limites, sermos arrochados, ao estilo dos agiotas, pelas operadoras de cartões de crédito.
Na revista Veja desta semana, na coluna Radar tem uma nota que transcrevemos:
“Dilma Rousseff tem uma nova obsessão: baixar os juros dos cartões de crédito — o que levará, consequentemente, a um aumento do consumo. Como não há jeito de fazer mágica nem diminuir as taxas por decreto, já pediu ao Ministério da Fazenda para estudar como fazê-lo. Os juros dos cartões são sensivelmente mais altos do que os do cheque especial, por exemplo. Os dos cartões são de 10,7% ao mês, em média. Os do cheque ficam em 8,3% e, para quem compra carro, 2,4%. Por Lauro Jardim”.
O governo da presidente Dilma Rousseff não estará sozinho nessa cruzada contra os agiotas legalizados. Vamos, todos juntos, começar a guardar os boletos dos cartões de crédito e se a dívida já estiver em patamares insuportáveis, vamos acionar negociá-las coletivamente através da Justiça.
Já estabelecemos uma parceria com o Instituto Justiça do Consumidor, conforme vocês podem ler na página 4. Pois ou nos defendemos dos agiotas legalizados, que se escondem atrás das operadoras de cartões de crédito ou continuaremos a ter nossas rendas subtraídas através de juros arbitrários e transferidas para os cofres dos bancos e financeiras.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

O ano em que domaremos os juros altos

Veja a notícia que foi publicada no dia 26 de janeiro no jornal Valor Econômico: “Copom vê elevada probabilidade de juro básico de um dígito: O Comitê de Política Monetária (Copom) atribui "elevada probabilidade" à concretização de um cenário que contempla a taxa Selic se deslocando para patamares de um dígito. A avaliação consta da ata da última reunião do colegiado do Banco Central, quando o juro básico foi reduzido em 0,50 ponto percentual, para 10,50% ao ano.”
Como sempre defendemos, nosso maior desejo social e econômico é ver o governo da presidente Dilma reduzir os juros para um dígito e de preferencia abaixo de 5% o mais rapidamente possível.
Porque com juros baixos, finalmente, os empresários terão que concentrar suas atenções nos investimentos produtivos, pois a especulação com os juros não renderá o berço esplêndido que os acolheu depois da alta permanente da inflação, que os trabalhadores combateram e ajudamos a controlar.
Os grandes obstáculos aos juros baixos são as atuações dos bancos, financeiras e operadoras de cartões de crédito que ainda se sentem muito à vontade para estabelecer as próprias taxas de juros, nas barbas do governo que nada faz.
Vamos concentrar nossa pressão para que a presidenta Dilma se dê conta que as vistas grossas que os vários governos fizeram com as ações dos bancos na definição dos próprios juros e do spread bancário, ou seja, a diferença entre os juros que pagam aos correntistas e o que cobram de quem pede empréstimos têm que ser controladas.
Chegaremos, quem sabe, a um sistema capitalista. No qual, por definição se consegue o lucro principalmente pela produção e não pela especulação financeira. Um tipo de capitalismo que se for associado com uma boa mobilização e controle da sociedade civil e do governo ajudará a gerar mais empregos com salários decentes e romper as enormes diferenças de renda, realimentadas, no Brasil, por uma das piores concentrações de renda do mundo.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

As tarefas inadiáveis

Começamos o ano e a pauleira do dia a dia acaba nos obrigando a esquecer até mesmo dos grandes planos que fizemos para nossas vidas entre o Natal e o Ano Novo. Só lembramos todos os dias, quando acordamos e quando nos deitamos, que pedimos sempre a Deus para nos manter saudáveis e felizes.
Mas existem tarefas que dependem da gente para serem começadas e encaminhadas para um final bem sucedido. Por exemplo, se quisermos melhorias significativas na nossa cidade, temos que resgatar lá do fundo de nossa alma a energia suficiente para aprender a cuidar de verdade do que nos interessa socialmente.
E não é uma tarefa fácil. Vigiar a atuação dos vereadores, dos prefeitos, dos funcionários públicos contratados pelas creches, postos de saúde, postos policiais e pronto socorros nos obriga a ter mais disciplina do que tentar executar os sonhos de toda uma vida.
É por isso que os políticos se aproveitam do nosso descuido, do nosso excesso de ocupação com nossa própria sobrevivência e tomam de assalto as prefeituras, o Estado e o Brasil para cuidar do lado lá deles.
Quando olhamos para o que acontece no Futebol e no Carnaval, contudo, a gente vê que não é muito difícil vigiar o que nos interessa. Cada um de nós sabe direitinho que time está jogando melhor, onde estão as qualidades e as deficiências, o que podemos fazer para ajudar, com críticas e sugestões.
Infelizmente, ainda não aprendemos a ter a mesma marcação cerrada com a escola de nossas crianças, com o posto de saúde ou com os policiais que cuidam (ou deveriam cuidar) da nossa segurança.
Felizmente, nunca é tarde para a gente aprender. E fica aqui a sugestão de colocar na sua agenda, ao lado dos seus sonhos diários de manter sua felicidade e sua saúde, o esforço extra para vigiar mais de perto nossos homens e mulheres públicos. Afinal, eles e elas estão lá cuidando do que é nosso, sustentado pela grana dos nossos impostos. Não é mesmo?
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

Educação para garantir a inclusão social e econômica

Foi publicado no domingo, 22/01, no jornal “Folha de S. Paulo” um estudo que define quem é quem nas classes sociais brasileiras. E a escolaridade se mostra fundamental para a inclusão social e econômica e para o crescimento da nova classe média.
O jornal entrevistou Priscila Cruz, diretora-executiva do movimento “Todos pela Educação” que afirma algo que já sabemos: quanto menor a escolaridade, menor a proteção contra as crises econômicas.
Porque um profissional com formação adequada pode canalizar com mais eficiência seus próprios talentos e criatividade. De nada adianta sermos criativos se nos faltam as qualificações educacionais básicas, como a conclusão do ensino médio ou de uma faculdade, por exemplo.
Cada vez mais, como insistimos, a educação formal é a chave que ajuda os profissionais a se encaixar em novas oportunidades. Mas também sabemos que de nada adianta o diploma sem que os conteúdos sejam de fato assimilados pelo estudante de hoje e o profissional de amanhã.
Por isso, o envolvimento da família é cada vez mais necessário para ajudar nossos filhos a participarem de verdade da Educação e a assimilarem a formação essencial para protegê-los profissionalmente, lhes garantido acesso a melhores empregos com salários decentes.
Outra constatação reproduzida na reportagem da “Folha” é que estudar e subir na vida ganham mais importância do que casar e ter filhos. Também algo que nós trabalhadores, no Chão de Fábrica ou em nossos bairros e vilas, já sabemos e nos esforçamos para que nossos jovens se concentrem na Educação como um investimento para toda a vida.
Principalmente, porque sabemos que sem uma boa educação, com diploma em mãos que reflita conteúdos verdadeiramente assimilados, fica quase impossível disputar as boas vagas que significam mais salários e mais satisfação pessoal, familiar e profissional.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

Carnaval o Ano Inteiro

Estamos todos na contagem regressiva para o Carnaval. Assim como aconteceu no Natal e no Ano Novo, o Brasil pára pois o samba e a alegria são contagiantes. Muita gente até se esquece dos problemas menores e deixa de lado, pelos três dias da folia, a preocupação com o salário, com a saúde e adia aquela conversa séria que deveria ter com os filhos com notas baixas.
Mas seria muito bom que tivéssemos um Carnaval o ano inteiro em que pudéssemos sambar de alegria porque nossos filhos estariam aprendendo pra valer nas salas de aula. Os professores, todos bem pagos e motivados, se entregariam com tanta alegria à transferência de saber, que influenciariam gerações de jovens a assumir os seus destinos nas próprias mãos.
Ah! Como seria bom a gente nos unir, como fazemos em torno das Escolas de Samba, para melhorar o atendimento no Posto de Saúde. E dedicar horas e horas de ensaio, como fazemos nas quadras das agremiações de samba, para que ensinássemos nossos filhos e filhas a adquirir o gosto pela leitura.
Cada dia nesta alegria total de Carnaval que gostaríamos que durasse o ano inteiro, contagiaríamos o comércio com nossa vontade imensa de consumir e em contrapartida teríamos sempre gente sorridente nos atendendo nas lojas, nos shoppings e nos supermercados.
E se fôssemos de verdade o País do Carnaval, o Ano Inteiro, como é cantado em muitos sambas, acabaríamos de vez com o preconceito de raça, de credo, de gêneros. Todos irmãos, todos camaradas, todos prontos para se dar as mãos e construir um Brasil mais justo, com muito mais Justiça Social.
É uma questão apenas de querer. É possível sim misturar política com futebol e carnaval. Na África do Sul a população combatia o regime de discriminação racial, o “apartheid”, dançando, marchando e cantando nas ruas.
Nós podemos fazer o mesmo aqui, sambando o ano inteiro contra uma das mais violentas concentrações de renda do mundo, que nos transforma, infelizmente, em suas vítimas preferenciais.
Vamos colocar esse enredo em nossas imaginações neste Carnaval que se aproxima.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

Melhorar a vergonhosa Educação Básica no Brasil

Quando iniciamos a consolidação da indústria automobilística no Brasil, a partir da década de 50, o sonho dos trabalhadores daqui da região do Grande ABC, era participar da riqueza que geraríamos para País. E conseguimos. Muitos de nós saltamos da miséria da roça para a oportunidade da carteira assinada com salários decentes nas fábricas aqui da região.
Descobrimos depois de entregar nossas vidas que mesmo com a participação política, mesmo com a eleição de um ex-metalúrgico para a presidência da República que o acesso à mais renda e melhor qualidade de vida ficam empacados por causa da qualidade da nossa Educação Básica.
E não é por falta de dinheiro. Em valores de 2005, os gastos com educação pelo setor público saltaram em 1995 de R$ 61,376 bilhões para R$ 86,953 bilhões em 2005, um aumento de 41,67% em onze anos. Os estados em 1995 gastaram R$ 29,6 bilhões e em 2005 os seus gastos foram de R$ 36,5 bilhões, representando um aumento de 23,2%.
Os municípios, em 1995 gastaram R$ 17, 143 bilhões, em 2005 os seus gastos foram de R$ R$ 33,83 bilhões, representando um aumento de 97,34%. Os gastos diretos da União variaram muito pouco nesse período, passaram de R$ 14,6 bilhões para R$ 16,6 bilhões, um aumento de apenas 13,76%.
Mas faltam iniciativas políticas educacionais para melhorar a qualidade da nossa Educação Básica. Nossos meninos e meninas continuam saindo de casa para gastar horas preciosas de suas vidas nos bancos escolares fingindo que aprendem. Nossos professores, com salários irrisórios, continuam fingindo que ensinam. E quando avaliamos a redistribuição de renda no Brasil, que passa obrigatoriamente por oportunidade de empregos com bons salários, percebemos que avançamos pouco.
A péssima Educação Básica cria barreiras intransponíveis no mercado de trabalho. Tem vagas ociosas e trabalhadores ocupados em posições que lhes pagam muito mal. Anuncia-se um apagão de mão de obra nos setores que garantiriam maior transferência de renda, por absoluta falta de preparo dos nossos jovens.
É hora de levar a sério nossa Educação Básica. Gastando melhor o dinheiro público disponível, respeitando o anseio dos trabalhadores em ampliar sua participação das riquezas que ajudamos a criar.
Queremos chegar à sexta economia mundial com o orgulho e respeito por nossa participação na riqueza nacional. Cansamos de ser apenas espectadores e burros de carga de nosso próprio País. E sem Educação Básica de qualidade, continuaremos de fora, vendo apenas os filhos das elites tendo acesso às boas universidades públicas e, consequentemente, aos bons empregos com ótimos salários.
Sem Educação Básica de qualidade de nada adiantarão as riquezas do Pré-Sal e as melhorias em nossa economia, pois se perpetuará a trágica situação de concentração de renda no Brasil.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

2012 é o nosso ano

Até mesmo os jornais que adoram notícias negativas, principalmente quando se trata da economia brasileira, tiveram que registrar que na primeira semana de janeiro que o Brasil, através do Tesouro Nacional e de duas empresas, captou 2,6 bilhões de dólares no Exterior.
A confiança em nossa economia se confirma por diversos indicadores como a venda de automóveis. As vendas de automóveis e comerciais leves em 2011 somaram 3,426 milhões de unidades, um crescimento de 2,89% sobre o recorde alcançado em 2010.
Apenas em dezembro, as vendas da principal categoria do mercado brasileiro de veículos foram de 329.237 unidades, expansão de 7,85% sobre novembro, mas queda de 8,9% no comparativo anual.
Quem gosta de sair à noite percebe os bairros, as vilas, os botecos, igrejas, as calçadas tudo cheio de gente e de alegria. As salas de aulas continuam sendo cada vez mais procuradas para tudo quanto é tipo de curso e de qualificação.
Nós brasileiros, principalmente, os que vivem na base da pirâmide, assumimos de fato nosso Brasil. Sem patriotadas de última hora, pois para nós, que somos os geradores de riqueza da Nação, confiar no Brasil está em nosso DNA. Pois, em última análise, nós somos o Brasil pujante, pulsante, atuante.
E em 2012 vamos ter a oportunidade de investir na qualidade de vida em nossos bairros, vilas e ruas. Teremos as eleições para vereadores e prefeitos. E vamos tratar cada candidato como um investimento na expansão e na melhoria do que já conquistamos até agora.
Estamos gostando do jogo de ampliar a distribuição de renda, com melhoria de salários e com a geração de novas vagas. Mas sabemos que é muito importante envolver os administradores públicos nos destinos de nossas cidades. Fazendo com que ampliem os investimentos sociais em Educação, Saúde, Saneamento Básico e Moradia.
Como?
Melhorando a eficiência da máquina pública e, principalmente, vigiando de perto os gastos para controlar as sangrias que a corrupção faz nos cofres públicos.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

O que há de novo no ano novo?

Todo começo de ano é a mesma coisa. A gente acredita mesmo de verdade que estamos começando um novo ciclo. Pode até ser para alguns. Mas para nós trabalhadores e cidadãos que sustentamos com nossas próprias energias esse imenso país, nosso mundo não pára, nem mesmo para as comemorações de Natal e Ano Novo.
Estamos sempre ocupados em confirmar nossa vinculação com o emprego, na busca incessante de mais renda para nosso sustento e de nossas famílias. Muitos de nós passaram inclusive o Natal e o Ano Novo no batente. Porque o Brasil não pára e nem nós.
Mas sempre que começa um novo ano é possível repensarmos algumas novas etapas. Ainda mais que este ano tem eleição municipal, tem o Rio + 20, que vai rediscutir como está nosso meio ambiente e, em Londres, teremos as Olimpíadas, que chegarão aqui em 2016.
Temos pela frente também uma nova agenda econômica, com um salario mínimo um pouquinho mais valorizado, a R$ 622,00 e a promessa da presidente Dilma de reduzir os juros para menos de 10% ao ano.
Ou seja, teremos que reorganizar nossa economia para conseguir o melhor proveito possível da economia a nosso favor. Por isso, uma das boas coisas a serem colocadas em nossa agenda, que poderá ser classificado como algo novo, é exigir dos governos um controle melhor sobre os juros que nos são cobrados na ponta.
Foi divulgado pelo jornal “Folha de S. Paulo” que temos um dos cartões de crédito mais caros do mundo. Segundo o jornal, que se baseou em estudos da, Pro Teste se constatou que o brasileiro paga juros de 237,9% ao ano, no crédito rotativo do cartão de crédito. Esse valor foi comparado com as taxas cobradas na Argentina, Chile, Colômbia, Peru, Venezuela e México.
Mesmo em países com taxa básica de juros acima da brasileira (11%), como Argentina (12,5%) e Venezuela (24%), têm juros do cartão menores que os do Brasil. Na Venezuela, o rotativo custa 29% ao ano e na Argentina, 50%.
Ou seja, estamos sendo literalmente assaltados e só uma ação governamental para barrar essa brutal transferência de renda que as financeiras, banqueiros e cartões de crédito fazem com nossa renda, conquistada a tão duras penas.
Se a gente quer um ano novo, vamos ter que enfrentar com determinação os velhos problemas. É o que nós, trabalhadores e cidadãos brasileiros fazemos entra ano e sai ano. E que continuaremos a fazer.
Cicero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

Dez decisões para 2012

Só para lembrar, vou sugerir uma pequena lista de dez decisões que podem fazer parte de nossa agenda em 2012:
1. Desejos possíveis -- Faremos uma lista de todos os desejos que estavam ao nosso alcance e que deixamos de lado por estarmos muito ocupados ou por negligência mesmo. Se nesta lista estiver tirar um dia inteirinho para brincar com nossos netos, vamos priorizá-la. E se tiver nos dedicar uma semana aos nossos filhos, também vamos colocar em primeiríssimo lugar e tirar esse compromisso da frente antes do Carnaval;
2. Agenda velha – Vamos resgatar e atualizar todas as nossas agendas velhas. E nos comprometer a ligar, enviar e-mail ou mesmo um cartão postal para os amigos que nos foram tão caros e determinantes no passado;
3. Parentes – Se ainda existe pelo menos um parente chateado com a gente, vamos nos esforçar para entender seu ponto de vista e tentar, mais uma vez, perdoá-los em nome da harmonia em nossa família ampliada;
4. Colegas de trabalho – Vamos sugerir aos nossos colegas de trabalho que utilizemos nossas horas de almoço para discutir assuntos fora do nosso ambiente de trabalho. Vale até política, mas vamos tentar deixar de lado ficar repetindo as coisinhas que nos incomodam na rotina de trabalho;
5. Prova de amor – Sim, nossas esposas (e esposos) sabem do nosso amor, mas vamos em 2012 tentar provar esse afeto com uma rosa, uma bijouteria ou até mesmo com uma jóia. Ou quem sabe deixando para trás um bilhete carinhoso, um bombom, um presentinho bobo qualquer que documente nosso afeto.
6. Dinheiro – Vamos reconhecer, finalmente, que o dinheiro que ganhamos, junto com nossa família, é sagrado. Portanto, vamos aprender a planejar nossos gastos, a evitar prestações absurdas com juros igualmente absurdos. Pois cada centavo que a gente economizar e, se possível, aprender a investir, vai garantir nossa segurança e independência financeira.
7. Saúde – É possível beber com controle. Vamos nos inspirar naqueles (e naquelas) que bebem de alegria e não para se matar aos poucos. O mesmo vale para o cigarro e o exagero nas comidas. Porque é assim, principalmente, que garantiremos nossa saúde. E mesmo nós homens, vamos sim, pelo menos duas vezes em 2012, dar uma passadinha no médico e ver como andam nosso colesterol, nossa próstata, nossa diabetes e a pressão.
8. Lazer – Tem muito lazer além da televisão. Basta dar uma olhada nos jornais da cidade, consultar os sites e vamos encontrar shows de graça ou muito baratos, filmes e museus para visitar. Vamos investir em nossa alma e na nossa condição humana.
9. Sabedoria – Tem sempre alguém que sabe mais que a gente por perto. Vamos tirar pelo menos um dia a cada dois meses para tentar conviver com quem sabe mais que a gente. Seja por ter mais experiência ou por ter estudado muito. Procure a programação de palestras das faculdades ou igrejas perto de sua casa.
10. Iniciativa – Se você chegou até aqui é porque realmente quer fazer algo diferente e bom para você e sua alma em 2012. Só falta agora se comprometer de verdade para ter a disciplina essencial para ter um 2012 muito melhor que o ano passado. Só você sabe onde poderá melhorar e só você poderá se comprometer e avaliar o que fará para cumprir cada um das sugestões que apresentamos acima.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

Segurar as oportunidades

2011 escapou pelo meio dos nossos dedos. É essa a sensação que fica quando tentamos recordar os melhores (e os piores) momentos do ano que agora chega ao fim. É assim mesmo a cada ano, mês, semana e até mesmo o dia de ontem.
Apesar de estarmos sempre preocupados e atentos à sobrevivência, buscando sempre melhorar nossa qualidade de vida para garantir mais salários e renda, mais apoio à saúde e à educação dos nossos filhos, sempre sentimos que nossas oportunidades escaparam pelo meio dos dedos.
Talvez porque não nos acostumamos ainda a planejar com mais detalhes nosso futuro de curto, médio e longo prazos. Queremos melhorar mas não estabelecemos uma agenda que sirva de referência para confirmar os acertos e os eventuais erros. Ou seja, de certa forma a vida nos leva. E só deixa as cicatrizes das preocupações marcadas em nossas vidas.
Mas estamos começando um ano novo e temos, mais uma vez, a oportunidade de fazer um plano mínimo. Se você puder, aproveite os próximos dias e converse com seu cônjuge, com seus filhos, parentes e amigos mais próximos. E estabeleça algumas datas de referência.
Por exemplo, logo depois do carnaval, na primeira semana de aulas, vou visitar a escola dos meus filhos e conversar com os professores. Nem que seja para me fazer presente. Vou me comprometer, até o fim de março, a descobrir quem é o vereador que tem influência no nosso posto de saúde. E no mesmo mês de março vou telefonar para o vereador e dizer que acompanho a gestão dele aqui no bairro.
Vou me informar até maio de 2012 como é o funcionamento do Conselho de Segurança Municipal, o Conseg. E ao saber da agenda das reuniões mensais, vou me comprometer, de verdade, a participar das reuniões e ajudar nossas lideranças a sugerir melhorias na segurança do nosso bairro e da nossa cidade.
É através do comprometimento com agendas sociais simples que marcaremos presença nos equipamentos sociais disponíveis em nosso bairro, ou seja, a escola, o posto de saúde e os responsáveis pela segurança. Se nos manifestarmos, teremos depois o direito de cobrar. E com a prática perderemos a sensação de que deixamos as oportunidades escaparem pelos nossos dedos.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

Resgatar nossos valores

Nesta época do ano, a publicidade que pipoca a cada segundo nas telas das tevês e dos computadores reforça a ancestral alegria de terminar um ano e começar o outro.
Os donos do mundo e seus publicitários sabem que geram lembranças para suas respectivas marcas se respeitarem nossas emoções mais antigas e valorizadas: a união, o respeito, o afeto familiar e estarmos sempre juntos para o que der e vier.
A diferença entre o que se divulga nos anúncios de tevê e rádio e nossa vida é que para nós valores como união, determinação, apoio mútuo etc fazem parte de nossas vidas o ano inteiro, em todos os ambientes em que vivemos. Seja na fábrica, nas vilas, nas comunidades, dentro do ônibus ou do trem.
Porque solidariedade, um destes valores tão falados pelas empresas nesta época de festas, é o que nos garante a sobrevivência. Na hora de uma doença ou de um parto, é o carro do vizinho que nos leva até o hospital. Quando termina o salário e falta remédio é a atenção de um companheiro ou companheira que nos empresta às vezes o que não tem para que cuidemos de nós ou de nossos filhos.
Ou seja, esses valores que consolidam nossos laços familiares e de companheirismo são originalmente nossos. E os levamos tão a sério que até mesmo as grandes empresas, especialmente os bancos, agora são só mensagens solidárias.
Mas na hora de renegociar uma dívida, continuam lá prontinhos para mostrar os dentes e nos arrancar até a roupa do corpo, se conseguirem. E enquanto mantêm as gentilezas nas publicidades transferem renda embutindo juros astronômicos e indecentes em tudo o que compramos a prazo.
É hora de festas. Então vamos festejar. Mas é bom que nos lembremos que os grandes valores humanos, de solidariedade, companheirismo e de família são criados e mantidos por nós. E é através do nosso diálogo uns com os outros que vamos construir o 2012 que sempre sonhamos para nós e nossas famílias.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

Tirar leite da vida

É muito comum quando nos encontramos nestes tempos de uma neblina gostosa, em que o ano ainda não acabou e que o próximo ano nem começou, que avaliemos os anos anteriores e lancemos algumas moedas de desejo no futuro do próximo ano.
Queremos, claro, melhorar nossa eficiência e muitos nos presenteiam com a expressão “vamos nos preparar para tirar leite de pedra”, ou seja, vamos nos esforçar ao máximo para aproveitar e perceber oportunidades onde, avaliamos, deixamos escapar uma boa chance de um novo emprego, promoção ou até mesmo para evitar gastar erradamente.
Se bem que acho que a primeira avaliação que deveríamos fazer é que em vez de nos preparar para “tirar leite de pedra” que nos preparemos, em vez disso, para “tirar leite da vida”.
Quando nos concentramos na abundância infinita da vida (a dos outros e a nossa) vamos nos perceber, a todos os instantes, tendo que escolher e descartar oportunidades. Pois a vida, como já sabemos, mesmo quando não estamos muito atentos, está o tempo todo nos bombardeando com um novo jeito de encarar, enfrentar e terminar nossas tarefas, seja na fábrica ou em casa.
Através do contato com nossos amigos e parentes somos brindados todas as horas com ideias que só mesmo por absoluta falta de atenção deixamos escapar. Se pararmos para avaliar, veremos que é como se sonhássemos acordados. Em cada troca de ideias ouviremos, se estivermos atentos, uma maneira diferente e melhor de nos posicionar no mundo.
Mas prestar atenção à abundância do mundo ao nosso redor é cansativo. E as ideias chegam e as ouvimos em sonho e nos mantemos tão ocupados com a nossa sobrevivência imediata que as deixamos escapar.
Por isso, gostaria de chamar sua atenção para que no próximo ano tire algumas horas por mês, acho que não precisa mais do que isso, para ouvir profundamente seus interlocutores. Sejam eles amigos, colegas de ônibus ou de fábrica, parentes ou vizinhos.
Você verá que as pessoas se esforçam para confirmar suas existências e o fazem, na maioria das vezes, descrevendo uma maneira completamente diferente de aproveitar a vida.
Se você se mantiver atento (apesar do cansaço) com certeza construirá um belo ano para você e sua família. Se tiver, claro, a energia de colocar algumas das ideias em prática.
Mas mesmo que não consiga, você terá um ano muito mais produtivo. Pois será sempre aquele amigo atento, disposto a ouvir e a interagir. E cristalizar, assim, amizades e alianças para que todos nós possamos, quem sabe, melhorar nossa eficiência profissional, pessoal e social.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

O Brasil é nosso!

Já provamos enquanto trabalhadores e cidadãos, ao combinarmos nosso suor, carteira de trabalho e título eleitoral, que podemos participar do resgate do Brasil para nós e nossas famílias.
As duas eleições de Lula e de sua sucessora, Dilma Rousseff, com nosso voto e mobilização provaram que podemos influenciar as políticas públicas de distribuição de renda e de combate à miséria.
Temos hoje um País com muito mais inclusão social e econômica, no qual milhões de brasileiros e brasileiras, antes abandonados à fome e à miséria participam, agora, do nosso mercado interno. Com dignidade e respeito aos seus bolsos.
Gostamos de fazer parte do Brasil e o queremos inteirinho para nós. Porque o Brasil é nosso e não das elites que se apropriaram do Estado e controlam nossas políticas públicas, nosso crediário, nosso futuro.
Muito mais do que a participação direta na geração das riquezas, a que fomos mantidos nos últimos 500 anos, queremos também participação direta nas decisões políticas.
Vamos otimizar nossa eficiência cidadã neste 2012 que será ano eleitoral, trabalhar para tirar da vida pública os maus políticos e ampliar o respeito ao nosso voto e à nossa vontade cívica.
Seremos enérgicos ao assumirmos que o Brasil é nosso. Mas sem perder a ternura e a alegria que é a marca registrada do nosso povo. Alegria e felicidade que farão parte das nossas comemorações natalinas e dos festejos de Ano Novo que se aproximam.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

A travessia 2012

Chegamos ao final de 2011 e já podemos olhar, com certo ânimo, para o que nos espera em 2012. Nesta altura do campeonato já aprendemos separar o que realmente queremos do que apenas desejamos.
Nossos desejos ainda podem ser definidos por Paz, Harmonia Social, Saúde Pública, Emprego, Boa Remuneração. E o que queremos esbarra sempre no que é possível conquistar para que tenhamos, quem sabe, uma fração da Paz, da Harmonia, da Saúde e do Emprego com bons salários.
Desejar nos faz bem, principalmente, por nos encher de esperanças. Mas é importante, também, que nos organizemos para conquistar o que precisamos.
Emprego, por exemplo, depende da gente apenas parcialmente. Se não forem mantidas as políticas econômicas de proteção de nosso mercado interno, com redução dos juros, com ampliação dos investimentos produtivos, fica muito difícil expandir as vagas. Além disso, para termos uma chance mínima, precisamos de investimentos públicos na qualificação e na educação continuada de nossos jovens.
Os salários bons são decorrência de uma economia aquecida. Assim como a Saúde Pública pode ser melhorada com investimentos sérios, sem os desvios da corrupção, em bons hospitais, postos de saúde e, principalmente, médicos e enfermeiras qualificados.
A Harmoniza Social depende de nossa capacidade de diálogo, de respeito às opiniões que divergem das nossas e de insistir, com elegância e civilização, na defesa dos nossos interesses.
E a Paz faz parte do nosso DNA de brasileiros. Aliás, por acreditarmos demais na Paz e evitarmos demais conflitos que muitos setores da elite resolveram, ao longo dos anos, abusar de nossa paciência. Portanto, para garantir a paz que nos mantenha em condições de sobreviver com dignidade, talvez seja necessário melhorarmos nossa mobilização para provar para os políticos, patrões e para as elites que devem levar a sério nossos desejos e vontades.
Acredito que assim conquistaremos o que queremos e o que desejamos em 2012. Com Paz, Harmonia Social, Saúde Pública, Emprego e Boa Remuneração.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

Natal e abandono

Natal e abandono
Chega o Natal. Nossos corações e almas se voltam para o nascimento do menino Jesus. Os presépios natalinos nos mostram o ambiente pobre de uma manjedoura. Pobre mas limpinho. Com uma mãe e um pai solícitos, ali postados, eternamente, à disposição do Filho de Deus.
Apesar de toda nossa religiosidade e de vivermos no Brasil em que se respeita todas as religiões, a grande maioria delas, vinculadas ao Cristianismo, ainda deixamos abandonados pelas ruas, entra Natal e sai Natal, mais de 8 milhões de crianças. Sendo que dois milhões delas não encontram, sequer, uma manjedoura como abrigo e são mantidas nas ruas, perambulando.
Mas nós somos um povo cristão, gostamos de bater no peito e de confirmar nossa fé quando nos encontramos com os demais fiéis nas igrejas aos domingos. Por isso, ajudamos a criar um dos melhores Estatutos da Criança e do Adolescente do mundo.
Lá está escrito: “Toda criança tem direito à vida, saúde, liberdade, educação, cultura e dignidade." Ou seja, pregamos uma coisa e praticamos outra. E isso acontece, infelizmente, porque somos indiferentes ao presente e ao futuro dos meninos e meninas abandonados.
Afinal, não são nossos filhos e filhas.
Mas cada um destes jovens, oito milhões de pedacinhos de vida do nosso futuro, sobrevivem no abandono, sem Estado, sem Educação, sem acesso à Saúde. Só podem contar com Deus, já que a indiferença dos homens só aumenta a cada Natal.
Mas como trabalhadores e trabalhadoras sabemos que todo nosso esforço só faz sentido se o pudermos dedicar a nossos filhos. Senão, que graça tem se sacrificar a vida toda por um salário que às vezes mais humilha do que recompensa? Porque sabemos que destes ganhos suados podemos garantir uma qualidade mínima de vida e de esperanças para nossos filhos.
Por isso, aproveitamos o Natal quando voltamos nossos corações e almas para o Menino Jesus e chamamos sua atenção cidadã para nos mobilizarmos e fazer alguma coisa, qualquer coisa, para resgatar os oito milhões de meninos e meninas abandonados. Sendo que dois milhões continuam, agora, jogados nas ruas como lixo humano. Ou agimos de alguma maneira ou se confirma nossa indiferença cidadã e cristã para com vidas que já pulsam, abandonadas, no nosso futuro.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

O bom velhinho e os nossos velhinhos

Todos os anos, no Natal, enchemos de carinhos e agrados o Bom Velhinho. A gente nem se importa se o Papai Noel que nos apresentam nos shoppings e que enchem nossas crianças, filhos e netos de beijos seja mais ou menos importado do Polo Norte.
Até gostamos da fantasia, das renas, das caixas vazias de presentes. Que preenchem a imaginação de nossos meninos e meninas enquanto percorremos as lojas e consumimos nosso décimo terceiro e o reajuste salarial que conseguimos a duras penas.
Mas basta sairmos das ilhas de fantasia, que são os shoppings e centros de compras nesta época do ano, e ao voltarmos para casa nos tornamos indiferentes à sorte dos nossos velhinhos que são abandonados pelas ruas.
E que têm que se virar, os que ainda tem um restinho de força e de saúde, como catadores de papel. Vivem, o ano inteiro, mesmo no Natal e no Ano Novo, o inferno de terem sido abandonados pelos seus familiares e pelo Estado. Vítimas, também, da nossa indiferença. Mesmo no Natal.
Seria adequado, acho, a gente educar nossos filhos, pois eles serão o futuro, que a velhice estampada no doce Papai Noel é exatamente a mesma que podemos presenciar em nossos avós, dentro de casa.
E os velhinhos que identificamos abandonados nas ruas são também merecedores de todo o nosso afeto e, principalmente, de nossa responsabilidade social.
Responsabilidade social que se exerce através da pressão que podemos fazer junto aos poderes públicos, vereadores, prefeitos e governadores, para cuidarem dos nossos idosos.
Senão, corremos o risco de contaminar o espírito de Natal com a hipocrisia e a com a indiferença. Pois enquanto tiver um velhinho abandonado pelas ruas (assim também como uma criança) é porque nosso Estado falhou de alguma maneira.
E para corrigir as falhas do Estado temos que estar atentos e mobilizados. E aplicar seguidas doses de título eleitoral para exigir que se respeitem nossos velhinhos e que protejam nossas crianças.
Essa decisão é importante porque amanhã seremos nós que estaremos ocupando a posição dos velhinhos. E se não quisermos ser abandonados com uma aposentadoria que envergonha temos que pressionar o Estado é agora, para acabarmos com o Fator Previdenciário, melhorar as aposentadorias e proteger homens e mulheres que nos ajudaram a construir nosso patrimônio social, cultural e econômico.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

Brasil terá juros internacionais

Antigamente, nas épocas de Collor e FHC, quando se falava da internacionalização da nossa economia, os trabalhadores e cidadãos brasileiros já sabiam que teriam que pagar a conta.
Pois os governos aumentavam os juros e desvalorizavam a moeda, deixando a inflação sem um controle rígido. Resultado: aumento das exportações, com redução da produção industrial, com impacto direto nos nossos empregos, com aumento violento nas demissões.
Era a festa para os especuladores nacionais e internacionais. Pois eles podiam pegar empréstimos a juros de um dígito no Exterior e investir aqui comprando títulos da dívida pública brasileira que pagam os juros de dois dígitos definidos pela Taxa Selic, sempre os mais altos do mundo.
Mas aí vieram os governos do ex-presidente Lula e de Dilma Rousseff e agora se falam nas reportagens econômicas de se internacionalizar os juros brasileiros. Ou seja, a presidente Dilma está empenhada em termos juros de um dígito até o ano que vem.
Mais: atenta à economia internacional (que vive uma recessão), nossa presidente já adotou, como fez o ex-presidente Lula, a desoneração fiscal, reduziu os impostos de alguns produtos, e agora trabalha para aumentar em R$ 40 bilhões a oferta de crédito, através do Banco do Brasil, da Caixa e do BNDES.
O objetivo que tem nosso amplo apoio é manter o crescimento da nossa economia ao redor dos 3% ao ano, com proteção da nossa produção industrial e dos nossos empregos.
Além dos juros internacionais, que alcançaremos, e deixaremos de ser presa fácil para os especuladores internacionais, reforçaremos nossa indústria e produtividade, ampliaremos nossa competitividade internacional e deixaremos de ser quintal da economia mundial, especialmente da América do Norte e da Europa.
E ao chegarmos ao final do primeiro ano do governo Dilma confirmamos que cada etapa vencida começou com nossa participação direta nos destinos do nosso Brasil através da combinação do título de eleitor com a carteira de trabalho. E é essa mobilização que devemos confirmar todos os dias no Chão de Fábrica, no sindicato e nos nossos locais de moradia que nos permitirá construir o Brasil mais justo que nossos filhos e netos merecem.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá