terça-feira, 3 de abril de 2012

Futuro jogado nas ruas

Como presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá tenho tido a oportunidade de visitar e conhecer alguns países do mundo. Quando viajo para os países mais desenvolvidos, em vez de me concentrar nas lojas dos shoppings, prefiro me dedicar às pessoas e tentar entender porque, em condições semelhantes ou piores que as nossas, pois muitos passaram por grandes guerras, conseguiram um grau de desenvolvimento social e humano que pode nos servir de exemplo.
Descubro, a cada viagem, que os povos que mais se recuperam e reconstroem suas nações, mesmo depois de intensa participação na 2a Guerra Mundial por exemplo, são povos que protegeram sempre suas crianças, em todos os níveis sociais.
Na Inglaterra, por exemplo, uma criança que for abandonada por seus pais é encaminhada para centros de apoio, onde têm acesso a saúde e escola. Ou são entregues para o cuidado de outras famílias em condições comprovadas de adoção.
Nos Estados Unidos, nas cidades que já visitei procurei e felizmente não encontrei uma criança sequer nas ruas. E as crianças que vi estavam sempre acompanhadas das mães, principalmente, ou dos casais. E em cada bairro vi espaços destinados ao lazer e à educação infantil.
O que esses países nos mostram é que compensa investir no futuro. E aqui no Brasil, infelizmente, sabemos que temos mais de 2 milhões de crianças nas ruas, de um total de 8 milhões de meninas e meninos abandonados por suas famílias.
Estamos, na verdade, jogando fora nosso futuro.
Ao deixar que nossas crianças sejam abandonadas no meio do trânsito, sujeitas a todos os perigos e, obrigadas, a se entregar ao crime organizado para terem uma mínima chance de sobrevivência.
Enquanto, como sociedade civil, como dirigentes políticos e comunitários, nada fizermos, somos cúmplices dos que jogam o futuro do Brasil no meio da rua. E é para chamar a sua atenção que voltarei sempre a esse tema e ao mesmo tempo mobilizo meus companheiros e companheiras do Sindicato, nossos aliados dos partidos políticos e do Congresso Nacional para, pelo amor de nossa Pátria, colocar um fim a tanto desperdício do futuro de nossa Nação.
E você, meu amigo e minha amiga, o que tem feito? O que acha que deva ser feito?
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá