quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

PLR: a luta e a mobilização fazem a lei ser respeitada

PLR: a luta e a mobilização fazem a lei ser respeitada
Março vem aí. Para muitos é Carnaval. Para os metalúrgicos de Santo André e Mauá é o momento de começarmos a fechar os acordos de Participação nos Lucros e Resultados (PLR). E enquanto a gente esquenta a nossa máquina de mobilização para transferir mais renda para os nossos bolsos é hora de recordar as lutas que anteciparam a conquista da PLR. Os patrões sempre foram contra a PLR. Até hoje tem empresário atrasado que ainda é contra a PLR, mas quando começamos a luta na década de 70 e 80, nos mobilizávamos para a busca do décimo quarto salário ou das férias em dobro. O bicho pegava. Os militares estavam a postos, cumprindo ordens dos patrões. Mas nós me­talúrgicos avançamos e em 1985, conseguimos o abono emergencial. Aproveitamos os primeiros sinais de abertura política e transferimos renda para os bolsos dos metalúrgicos e metalúrgicas da região. Em 1986, os patrões com medo de o abono virar lei, endureceram. Jogaram pesado contra o Sindicato. Nós também não demos moleza. Mantivemos uma greve de 57 dias na Philips, na Ibrape e na Constanta. Sem, contudo, conseguir o abono que precisávamos. Porque, como todos nós sabemos, quando a gente corre atrás da grana não é por boniteza, mas por precisão. É dinheiro que completa o aluguel, que ajuda a reforçar a comida, que melhora as roupas da família, que ajuda no lazer e na diversão. Em 1986, o abono voltou. Com luta e mobilização. E se repetiu em 1987. Quando chegou em 1988, com a Constituinte, nos mobilizamos para confirmar o abono na reformulação da CLT, mas só conseguimos que as férias tivessem o acréssimo de um terço. Foi um avanço que comprova nossa tese: só a luta e a mobilização fazem as leis existirem. Só a luta e a mobilização fazem as leis que existem serem respeitadas. Em 1990, uma Medida Provisória do presidente Itamar Franco instalou a Participação nos Lucros e Resultados. Muitos patrões espernearam. Mas aos poucos entendem que onde tem PLR tem menos absenteísmo, que a produtividade e a qualidade aumentam. Mas temos que nos manter atentos e vigilantes. Ainda existe muito atraso patronal. Por isso, vamos fazer valer cada vez mais a Comissão da PLR que elegemos em cada fábrica, vamos nos manter mobilizados e vigilantes. Defen­dendo e ampliando a PLR, para repetir em 2011, a transferência de R$ 40 milhões que conseguimos para os bolsos dos metalúrgicos e metalúrgicas.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá