terça-feira, 19 de julho de 2011

Querem tirar os pobres do consumo

Os pobres brasileiros foram deixados de fora da economia durante 500 anos. Fomos transformados em bucha de canhão nas fazendas, nas fábricas, nas lojas e escritórios. Nos restava apenas trabalhar e assistir de nossas casas precárias como os ricos levavam uma vida boa e confortável.
Os ricaços tinham acesso a carros, televisores de última geração, computador para os filhos. Além de viajarem para lá e para cá de avião e navio. Deixando aos mais humildes os dias e noites que consumíamos em viagens para visitar nossos parentes.
Até que chegou o governo do presidente Lula e deu uma sacudida na situação. Com o reajuste do salário mínimo acima da inflação, incorporando aumento real de mais de 45%, com o Bolsa Família, com o acesso dos pobres às universidades e às escolas técnicas, com a inclusão de mais de 39 milhões de brasileiros ao consumo, o Brasil é outro.
Mas, ainda um Brasil em construção no qual muitos ajustes precisam ser realizados. Surge então os técnicos de plantão, continuamente estimulados pelas aves de rapina dos regimes antigos e transformam os pobres como os principais alvos de seus ataques econômicos.
Acontece uma campanha sórdida para que o Banco Central restrinja o crédito para quem gasta até R$ 1 mil. Todos os dias surgem “pesquisas” encomendadas que provam que os pobres estão gastando demais. Um estudo de uma agência notoriamente ligada aos banqueiros afirma que “as famílias comprometeram 40% da sua renda em abril deste ano, enquanto em abril de 2006 o comprometimento foi de 22%.”
A pergunta que cada um de nós quer fazer é: “e daí?”. Enquanto consumíamos pouco, a elite estava satisfeita. Agora, que conseguimos melhorar de vida, começa a gritaria contra os pobres.
Ninguém fala dos ganhos astronômicos que os bancos e especuladores têm com os juros mais altos do mundo.
Ninguém aposta na educação financeira para ajudar os mais humildes a consumir de maneira continuada e conseguir pagar as prestações.
Ninguém fala, principalmente, das verdadeiras quadrilhas que aplicam juros extorsivos nas prestações e que, diante de qualquer atraso no pagamento, cobram juros ilegais.
O Brasil vai continuar a melhorar sua economia. E nós, que fomos excluídos por cinco séculos, chegamos para ficar. E vamos participar deste crescimento. É um fato que discurso ou campanha nenhuma conseguirá interromper.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá