sexta-feira, 4 de março de 2011

Avançar além da “mão para a boca”

Avançar além da “mão para a boca”
O governo da presidente Dilma Rousseff anunciou um corte de R$ 3,1 bilhões na Educação e nos preocupou muito pois para a classe trabalhadora brasileira, Educação é investimento no futuro. Basta avaliar a situação das famílias trabalhadoras do Grande ABC, onde a Educação faz parte da inclusão social, política e econômica ao longo de nossa História. A Educação nos tornou conscientes de nossos direitos e deveres. E nos ajudou na mobilização contra o custo de vida, num primeiro momento e logo em seguida avançamos para lutar pela democracia brasileira.
E no mesmo dia do preocupante corte na Educação, a presidente Dilma autorizou um reajuste médio de 19,4% no Bolsa Família. O que representa um aumento real (descontada a inflação) de 8,7% desde setembro de 2009, época da última alteração. O aumento maior se concentrou nas famílias com filhos de 0 a 15 anos, que receberão reajuste total de 45,5%. Segundo o governo, o impacto financeiro do aumento é de R$ 2,1 bilhões.
Ou seja, o governo atual está desvestindo um santo para vestir o outro. Quando é essencial que se aposte tanto na Educação como na proteção às famílias de baixa renda, especialmente as que vivem no meio rural, se quisermos avançar além da “mão para a boca”.
Todo trabalhador conhece esse ditado. Vivemos da “mão para a boca” quando a renda familiar é tão pouca que não conseguimos investir na qualidade de vida de nossas famílias e somos obrigados a deixar em segundo plano os sonhos da casa própria, a educação e o lazer. Nos concentramos então na comida, ou seja, na “mão para a boca”, como descreve o dito popular.
Com a situação agora criada pelo governo Dilma se percebe uma clara opção para forçar a classe trabalhadora brasileira a viver este impasse. Pois para nós Educação é investimento em oportunidades futuras, que aprendemos a traduzirem oportunidades de emprego, salário e em transferência de renda para nossas famílias.
Ao desvestir a Educação com um corte tão brutal o atual governo, mesmo pressionado pelas contas públicas, adota uma decisão perigosa. Pois sem investimentos em Educação comprometerá o futuro de várias gerações neste momento em que a economia mundial está invadindo o quintal de nossa casa. E nossos jovens precisam de todo o apoio para aprender a aprender, de maneira continuada, a se familiarizarem com tecnologia de ponta, a serem capazes de competir, em igualdades de condições, com os jovens do mundo inteiro.
Ao mesmo tempo, as famílias que vivem na linha ameaçadora da fome precisam também de apoio. E por isso, se justifica os investimentos no Bolsa Família.
O corte na Educação não se justifica porque existem opções para se buscar recursos e manter os investimentos na Educação e no Bolsa Família, ao mesmo tempo. Basta ler os jornais e acompanhar os fabulosos lucros que o sistema financeiro tem no Brasil. Com crise e tudo continuam a transferir enormes montanhas de dinheiro para seus cofres, diante das barbas do governo federal, que poderia e deveria agir com mais firmeza para equilibrar socialmente estes ganhos absurdos.
E evitar, assim, cortar de maneira desastrosa para o futuro do Brasil os investimentos em Educação. E nos obrigar a nos tornar uma Nação da “mão para a boca”.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá