quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Sindicalização é moeda forte

Os empresários têm a seu lado o poder do Capital. Com a ajuda de banqueiros e do lucro que arrancam das nossas costas e da entrega de nossas vidas à produção, em que consumimos nossa saúde, corações e mentes, eles acumulam capital e investem na expansão de seus negócios. Ou seja, ficam cada vez mais ricos graças à apropriação do que fazem do que produzimos. É essa a essência do sistema capitalista.
Já os trabalhadores não têm capital nem acesso aos empréstimos bancários. Somos mantidos apenas com nossos salários. E ainda somos responsáveis por pagar pela manutenção das nossas famílias, pela criação e educação dos nossos filhos, que mais tarde vão ser usados pelo sistema capitalista para renovar sua mão-de-obra nas fábricas, nas lojas, nos campos.
Mas nós trabalhadores e trabalhadoras temos uma moeda muito mais forte que o capital. Nós temos sempre a possibilidade de união em massa em torno do nosso Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá. A História prova que toda vez que se aumenta a sindicalização que conseguimos fazer valer nossas vontades, dentro e fora das fábricas, e conquistar melhorias salariais e nas condições de trabalho.
Vivemos uma época que tem tudo a nosso favor. A economia brasileira se recupera com a participação dos trabalhadores e do governo Lula, eleito com nossa participação.
Agora, é a hora de mostrarmos capacidade de organização e mobilização. E o primeiro passo é se sindicalizar. Se juntar ao nosso Sindicato para acumular força e capacidade de pressão.
Temos tarefas gigantescas neste ano eleitoral, quando os políticos ficam mais sensíveis e nos ouvem mais. Vamos lutar pela aprovação da redução da jornada para 40 horas semanais, sem redução de salários. Vamos defender a lei que repassa 5% do lucro líquido das empresas para seus trabalhadores. Vamos insistir pela aprovação da Convenção 158, da OIT, que regulariza a demissão imotivada e acaba com a sangria desatada da rotatividade.
Mas precisamos mostrar força e organização. Por isso, é muito importante que você, companheiro e companheira, se torne sócio do nosso Sindicato. Afinal, o trabalhador sindicalizado é a moeda forte da categoria. E a partir do seu empenho é que confirmaremos conquistas trabalhistas e salariais.

40 horas porque o Brasil precisa gerar 2 milhões de novas vagas

Em 1988 quando os trabalhadores brasileiros se organizaram e pressionaram o Congresso Constituinte pelas 44 horas semanais (antes trabalhávamos 48 horas por semana) os patrões organizaram uma campanha contra o Brasil e nós trabalhadores.
Para os patrões e seus porta-vozes o Brasil iria parar caso fossem adotadas as 44 horas semanais. Haveria desemprego, ninguém mais contrataria novos trabalhadores, o caos econômico se instalaria no Pais.
Passados 20 anos, ficou provado que a campanha dos patrões contra a redução da jornada de 48 horas para 44 horas, sem redução de salário, era terrorista e mentirosa. O Brasil nunca progrediu tanto nestes últimos 20 anos. Com ganhos em todos os aspectos seja na produtividade dentro das empresas, na qualificação dos nossos trabalhadores e, até mesmo, na lucratividade das empresas que antes eram contra a redução da jornada.
Agora, vamos avançar para as 40 horas semanais. A gritaria dos patrões tenta repetir o terrorismo de 1988. Claro que não vai adiantar pois os trabalhadores estão cada vez mais organizados. Agora, temos nossas centrais sindicais reconhecidas. Temos nossa imprensa ativa e que chega às fábricas. Temos muito mais liberdade de organização dentro e fora das fábricas.
Além disso, vivemos agora um ano eleitoral. E sabemos, direitinho, como funcionam os mecanismos da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Por isso, reproduzimos nesta página os telefones e emails das lideranças dos partidos. São estes deputados e senadores que têm que colocar em pauta a votação das 40 horas semanais. E serão eles os responsáveis caso a Câmara dos Deputados e o Senado Federal não aprovem a redução da jornada, sem redução de salários.
Queremos 40 horas semanais para passarmos mais tempo com nossas famílias, ajudar nossos filhos nas lições de casa, viver mais a nossa própria vida e gastar um tempinho com a gente na própria requalificação profissional. Os patrões, por enquanto, só apostam no terrorismo. Mas nós, trabalhadores, vamos apostar na democracia e na pressão em cima dos deputados federais e senadores que virão até nós em busca dos votos da reeleição. E só terão nossos votos se aprovarem, antes das eleições, as 40 horas semanais. Para gerar mais de 2 milhões de novos empregos.

Brasil de Lula cria plataforma para erradicar miséria absoluta

Se o Brasil mantiver o mesmo ritmo de diminuição da pobreza extrema e da desigualdade de renda observados nos últimos cinco anos (2003 a 2008), que coincide com o governo Lula, poderá obter indicadores sociais próximos aos de países desenvolvidos em 2016. Da mesma forma, poderá alcançar uma taxa de pobreza absoluta de 4%. A informação é do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), vinculado a Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República.
São considerados pobres extremos aqueles que recebem até 25% de um salário mínimo por mês, enquanto os pobres absolutos dispõem mensalmente de até 50% de um salário mínimo.
O documento do Ipea revela a tendência de o país ter em 2016, seguido o ritmo dos últimos cinco anos, a desigualdade da renda do trabalho em 0,488 do índice Gini – coeficiente que varia de 0 a 1, segundo o qual quanto mais próximo do zero, menor é a desigualdade de renda num país e quanto mais próximo de 1, maior a concentração de renda.
Em 1960, ano da primeira pesquisa sobre desigualdade no Brasil, verificou-se índice Gini de 0,499 no país. Em 2005, o índice Gini nos Estados Unidos era de 0,46; na Itália, 0,33; e na Dinamarca, 0,24.
Mas entre 2010 e 2016, além dos seis longos anos que nos separam, acontecerão aqui uma Copa do Mundo, em 2014, e uma Olimpíada, em 2016. Teremos, ainda, mais duas eleições presidenciais, uma agora em 2010 e outra em 2014. Ou seja, teremos tempo de decidir se é esse mesmo o destino que vamos consolidar no Brasil ou se deixaremos que a atual situação favorável nos escape das mãos e prevaleça as políticas de alta concentração de riqueza, nas mãos de poucos, colocando em risco o que poderá ser a garantia de um Brasil mais justo, mais igualitário e com padrões de miséria absoluta semelhantes aos dos países desenvolvidos.
Como disse, ainda falta muito a ser feito e cada peça que a gente mova passa, necessariamente, por nossa decisão cívica e cidadã. Ajudamos o Brasil avançar muito desde o Plano Real, em 1994, quando conseguimos controlar a inflação. Depois, com o presidente Lula, avançamos muito para uma melhor distribuição de renda. Mas não podemos cochilar. O capital internacional e a elite brasileira, sempre gananciosa, estão de olho nos avanços sociais. Tudo farão para reverter a distribuição de renda, porque essa gente só pensa neles. E não nos sagrados interesses do povo brasileiro.

Os patrões é que nos obrigam a fazer greve

Como já dissemos várias vezes, os trabalhadores e trabalhadoras não gostam de fazer greve. Mas temos que cada vez mais nos preparar para greves por empresas, greves por setor e até mesmo não descartar uma greve geral diante da brutalidade patronal contra nossos interesses.
Trabalhamos de sol a sol, noite adentro, nos feriados, no domingo e o que temos de troca: arrocho salarial feito através de demissões arbitrárias. É uma ação integrada dos setores patronais que prejudica os trabalhadores e que traem todos os discursos feitos pelos departamentos de recursos humanos. Por isso, temos que estar sempre prontos para greves por empresa e por setor. Por causa da covardia patronal, somos obrigados a responder com greve. E sempre que necessário o faremos.
Somos os guerreiros da linha de frente. E geramos riquezas através da manipulação de matéria-prima, do uso de ferramentas pesadas, ao lidar com máquinas perigosas que nos mutilam, nos ferem, nos matam. E a resposta patronal é a indiferença, a falta de investimento em segurança, o desrespeito aos nossos direitos. Por isso, devemos estar sempre preparados para a greve, pois os patrões só sabem ouvir o som das máquinas paradas.
Vivemos com salários mais curtos que o mês e para garantir uma qualidade de vida mínima para nossas famílias, para manter os filhos na escola, para cuidar da nossa saúde e lazer, somos obrigados a nos endividar. Porque os patrões não estão nem aí para as nossas dificuldades e é por isso que devemos todos estar sempre mobilizados para a greve. Só assim voltamos a recuperar a etapa de crescimento de nossos ganhos de maneira que acompanhem os tremendos lucros patronais.
Mesmo com salários irrisórios, com dívida, sem apoio para garantir a saúde e o lazer de nossas famílias, mesmo assim, ajudamos o Brasil a superar a crise financeira mundial. Agora, a economia volta a crescer. E os patrões olham preocupados para as máquinas, que não podem parar.Por isso, mais uma vez conclamamos os companheiros e companheiras, a apoiar as negociações do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá, a nos ajudar a buscar mais ganhos do PLR, mas a ficarmos todos atentos, pois não dá mais para esperar. Em qualquer situação de enrolação por parte dos patrões, nossa resposta será a greve. Que é motivada pela covardia dos empresários que só olha o próprio lucro.

Chegou a hora dos abonos emergenciais

O Brasil está saindo da crise. E em todas as avaliações lá está o esforço da classe trabalhadora brasileira nesta superação. Ajudamos com sacrifício, com perda de vagas, com redução de ganhos. Mesmo assim, nos mantemos serenos e gastamos o restinho de dinheiro que a gente tinha na família no nosso bairro, na nossa cidade, no nosso Estado e em nosso querido Brasil.
Enquanto a gente trabalhava e consumia aqui dentro, muitos setores patronais fugiram da raia. Subiram no muro e ficaram, lá de cima, assistindo a nossa luta ferrenha contra a crise global.
Agora, quando saímos do túnel e o horizonte volta a se abrir, os patrões querem nos convencer que precisamos fazer horas extras, produzir aceleradamente, nos sacrificar para que suas empresas não percam as novas oportunidades que surgem após a crise.
Pois bem. Vamos, claro, fazer a nossa parte. Mas é a hora de recebermos os abonos emergenciais. Que serão um reconhecimento do nosso esforço em manter as empresas funcionando, de termos acreditado mais na empresa e no seu futuro, do que os próprios donos.
O abono emergencial é necessário para que façamos um ajuste de contas. Perdemos muito dinheiro nesta crise, seja com as demissões, com a interrupção dos aumentos por mérito e, principalmente, através da rotatividade acelerada. Sempre com a desculpa da crise financeira, sempre gerando prejuízos para nós metalúrgicos e metalúrgicas.
A hora da recuperação é agora. A hora dos abonos emergenciais chegou. E vai nos compensar pelos sacrifícios extras que faremos para que as empresas nas quais trabalhamos possam recuperar as oportunidades que agora se apresentam no mercado.
O Brasil retoma o crescimento. E o faz de maneira acelerada, sem tempo a perder. A empresa que souber mobilizar e motivar seus trabalhadores tem mais chances de aproveitar as oportunidades. E essa mobilização passa, necessariamente, pelos abonos emergenciais.

Consumo dos trabalhadores salvará a nossa economia

De repente, por causa da crise e da superação rápida de uma situação que foi calamitosa economicamente em outros países, principalmente os desenvolvidos, os trabalhadores brasileiros e seu poder de consumo foi percebido pelo mercado.
A revista Época Negócios deste mês, da Editora Globo, resolveu mergulhar na nova realidade para orientar seus leitores, na maioria grandes empresários, a respeito do potencial que existe neste mercado até então deixado, irresponsavelmente, de lado.
A revista chega a ponto de classificar os trabalhadores que consomem como a “nova classe média”. Tudo porque o consumo dos trabalhadores, os metalúrgicos de Santo André e Mauá, entre eles, mais os homens e mulheres que vivem nas periferias e nas comunidades, mais os aposentados e pensionistas atingiu a estrondosa cifra de seiscentos e vinte bilhões de reais no ano passado.
Um consumo exercido religiosamente por mais de 30 milhões de brasileiros que todos os meses saem às compras porque, ao contrário dos patrões, não mandam dinheiro para o Exterior nem investem em artigos de luxo nem desperdiçam com coisas inúteis.
É dinheiro suado, do bom, que é gasto em artigos de limpeza, em material escolar, na reforma da casa, em computadores para os filhos, em novos aparelhos de TV, em viagem com a família. Ou seja, gastos feitos a favor do Brasil. E, quando sobra, gasta-se mais na compra de um terreninho ou na aquisição do primeiro veículo da família.
Nos últimos sete anos, essa camada da população teve um aumento superior a 40% em sua renda familiar, que hoje vai de R$ 1,1 mil a R$ 4,8 mil. “Esse aumento já injetou na economia mais R$ 100 bilhões desde 2002”, diz Haroldo Torres, especializado em pesquisas sobre a base da pirâmide.
Esse aumento na receita familiar vem dos acordos salariais, como o que estamos negociando com os patrões do nosso setor, vem de renda extra de empreendedorismo, pois cada jovem que encontra a porta do emprego fechada vai à luta. Cada mãe de família trabalha horas extras para buscar mais renda para ela e seus filhos.
São estes brasileiros e brasileiras, entregues de corpo e alma à própria Nação, que não escolhem hora para trabalhar e para gerar riqueza, que participam das nossas lutas sindicais, que batalham mais renda para suas famílias que se tornarão a saída para os grandes investidores do Brasil e do mundo. Porque só se gera riqueza com o trabalho. E só se ajuda o Brasil a crescer se reinvestindo aqui o que nós ganhamos, a favor de nossas famílias, do comércio local e das nossas cidades e regiões.

Acelerar a industrialização para confirmar crescimento do Brasil

A revista inglesa “Economist”, desta semana, traz um detalhado estudo sobre o Brasil de hoje e o que se espera de nós, no mundo. “O Brasil se tornará brevemente, segundo a Goldman Sachs, a quinta economia mundial, superando a Inglaterra e a França”, escreve a revista.
Segundo A “Economist”, o Brasil já retomou taxas de crescimento de 5% ao ano, e assim que o petróleo do Pré-Sal comece a ser retirado e comercializado, o país experimentará uma nova arrancada econômica.
Mas não teremos apenas petróleo como riqueza. Ainda continuaremos a ser uma das principais regiões do planeta fornecedora de alimentos para o mundo, em função das nossas vastas áreas agriculturáveis e ao continuado aumento de produtividade.
A revista inglesa destaca que o Brasil, diferentemente da China, é uma democracia. Diferentemente da Índia, não tem conflitos étnicos. E também diferentemente da Rússia, famosa por exportar petróleo e armas, nós temos uma carteira vasta de exportações, que vão desde produtos manufaturados, veículos e produtos agrícolas.
Além destes fatores que se combinam a favor de nossa economia, a “Economist” destaca que o presidente Lula quer acelerar a industrialização do país, em torno do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e da construção de novas plataformas, navios e infra-estrutura necessárias para a extração do petróleo do Pré-Sal e para aproveitar as riquezas que o petróleo nos garantirão.
Mas ainda temos problemas a resolver, destaca a “Economist”. A educação, a segurança pública e a infra-estrutura do Brasil ainda deixam muito a desejar. São pontos que fazem parte das bandeiras de reivindicação dos metalúrgicos de Santo André e Mauá há anos. E que, infelizmente, ainda não encontramos o eco político e social que precisamos para garantir um crescimento sustentado, com garantia de bons empregos, que surgirão com investimentos diretos na boa educação.
Precisamos também de mais segurança pública que atrairá mais investimentos no Brasil e garantirá aos nossos filhos e filhas uma vida mais tranqüila e prolongada. E a atenção com os investimentos em infra-estrutura, principalmente, nas estradas brasileiras que podem gerar milhões de empregos com suas inadiáveis recuperações.
O mundo já leva a sério o Brasil. Os trabalhadores já levam a sério o Brasil desde quando nos entendemos por gente. Falta agora os patrões caírem na real e apostarem na produção e no relacionamento com seus principais aliados, que são seus trabalhadores. E nos valorizar, de verdade, através da negociação de salários decentes e a geração de condições adequadas para o exercício de nossa função, que é a de gerar mais riquezas para suas empresas e para o Brasil.

Mobilizar contra a vergonhosa sistemática do arrocho salarial

Os metalúrgicos de Santo André e Mauá estão conscientes de todas as manobras patronais para arrochar, ano a ano, os nossos ganhos. A fórmula da vergonha é a mesma de sempre: a cada campanha salarial a gente consegue negociar bons reajustes, incluindo, ganhos reais nos salários.
No dia seguinte, começa a vergonha de empresários que não têm o mínimo senso de convivência social e que agem deliberadamente para sangrar nossos ganhos, gota a gota.
Adotam a rotatividade calculada e demitem nossos companheiros e companheiras com salários reajustados por outros trabalhadores por salários mais baixos. Conseguem, assim, achatar, ano a ano, mês a mês, nossos ganhos.
Prejudicando a massa salarial da categoria. Transferindo renda para os cofres das empresas e para os bolsos dos patrões.
Por isso, neste ano queremos negociar um valor muito mais alto para o piso salarial. Para ter uma medida que nos ajude a estancar a sangria em nossos ganhos.
Mas também estamos articulando no Congresso Nacional para que o Brasil assine a Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) que regulamenta a demissão sem justa causa.
É uma vergonha ter que lidar com patrões dessa qualidade em pleno Século 21. É triste termos nossa massa salarial subtraída, mês e mês, através de atitudes covardes como são as demissões controladas dos trabalhadores e trabalhadoras, para serem imediatamente substituídos por outros com ganhos menores.
Estamos fazendo um levantamento via RAIS da rotatividade em nossa categoria. Vamos mandar traduzir para o inglês, francês e espanhol e apresentar o caso na Organização Internacional do Trabalho, com o nome das empresas, com suas marcas, com os nomes dos principais executivos. Vamos mostrar para o mundo inteiro como funciona a barbárie administrativa em Santo André e Mauá.A cada dia, aprendemos a enfrentar esses patrões que são verdadeiros vírus malignos da economia nacional, que jogam sem constrangimento contra os interesses sociais, que merecem todo o nosso mais profundo desprezo. E mobilização permanente para, através de ações políticas, controlar essas administrações insanas.

Superada a crise, é hora de desenvolver a indústria com salários decentes

Volto de uma visita à Itália, na região de Marche, onde existe um dos mais desenvolvidos pólos tecnológicos do mundo. A viagem fez parte das articulações que realizamos para a implantação do Pólo Tecnológico do ABC. Fiquei impressionado com o potencial que podemos transferir para o Grande ABC e super sensibilizado com a nova visão que os italianos e europeus em geral têm agora do Brasil.
Já somos o futuro. E todos nos indagam sobre nossas riquezas e sobre a qualidade de vida dos trabalhadores nas fábricas. Já nos vêem como um Brasil essencial para o desenvolvimento mundial.
Mas toda viagem tem a volta. Chego aqui e me deparo com um documento produzido pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) do governo federal que mostra que “sem a indústria não existe crescimento para valer”, de acordo com a análise do economista Leonardo Carvalho.
Que nos ensina que “as economias que tiveram expansão anual do PIB superior a 5%, de 1970 a 2007, foram aquelas cuja proporção da indústria de transformação no valor adicionado cresceu 2,5 pontos percentuais ou mais.”
Ou seja, após ter vivido o futuro na Itália e termos o Brasil reconhecido como uma das mais importantes regiões de geração de riqueza no planeta, me vejo, junto com os companheiros e companheiras de Santo André e Mauá, às voltas com a nossa campanha salarial.
Estamos em negociação permanente com o Grupo Sindipeças e 19-3. E a falta de visão dos nossos patrões é assustadora. Investir nos salários e na motivação dos metalúrgicos é essencial para garantir a qualidade, a produtividade e a competitividade mundial.
Em vez de os patrões apostarem no que há de mais moderno no mundo em termos de negociação, se escondem atrás da crise que foi superada com a participação direta dos trabalhadores brasileiros que não se intimidaram e mantiveram o consumo.
Os empresários com os quais negociamos fazem toda a encenação para continuar a proteger a lucratividade do passado, se esquecendo que se apostarmos todos juntos no futuro, os ganhos serão muito maiores e para todos nós, sociedade, empresas e trabalhadores.
Na próxima sexta-feira temos mais uma Assembléia da Campanha Salarial. Esperamos que seja a definitiva. Vamos nos encontrar e vou aproveitar para dividir, com todos vocês, o que aprendi nesta viagem à Itália.
Temos a responsabilidade de ajudar a consolidar o Pólo Tecnológico do ABC. E é nosso dever mostrar para os patrões que acreditamos, de verdade, no futuro do Brasil e na indústria instalada na região.
Se os patrões preferem se manter cegos, nós trabalhadores vamos provar com muita negociação e mobilização que acreditamos, como o resto do mundo, que o Brasil está preparado para o presente e para o futuro.