A represa Billings faz 85 anos. Ainda podemos brindar a data com um copo de água potável. Mas a valer as reflexões que nos foram propostas ao longo da Semana Mundial da Água, que comemoramos entre 22 e 26 de março, se nada for feito e assumido pela população, pelos trabalhadores e pelos jovens, as próximas gerações não poderão brindar com um copo de água limpa as datas comemorativas da Represa Billings.
A Represa Billings é o maior reservatório de água da Região Metropolitana de São Paulo. Seu espelho d´água possui 10.814,20 hectares, correspondendo a 18% da área total de sua bacia hidrográfica, que ocupa um território de 58.280,32 ha. (582,8 km²), localizado na porção sudeste da Região Metropolitana de São Paulo, fazendo limite, a oeste, com a Bacia Hidrográfica da Guarapiranga e, ao sul, com a Serra do Mar. Sua área de drenagem abrange integralmente o município de Rio Grande da Serra e parcialmente os municípios de Diadema, Ribeirão Pires, Santo André, São Bernardo do Campo e São Paulo.
Apesar de ser protegida pela Lei de Proteção dos Mananciais desde a década de 70, a região vem sofrendo ao longo dos últimos anos as conseqüências de um processo acelerado de ocupação irregular. Estas invasões, apesar de identificadas pelo poder público, não têm sido eficientemente contidas, gerando uma sensação de impunidade que, por sua vez, estimula a ocorrência de novas agressões.
A principal tendência identificada no território da Bacia Hidrográfica da Billings, no período de 1989 a 1999, foi a substituição da cobertura florestal nativa (Mata Atlântica), fundamental para a produção de água em quantidade e qualidade adequadas ao abastecimento público, por áreas ocupadas por atividades humanas, principalmente aquelas ligadas a usos urbanos.
Estima-se que, entre 1989 e 1999, a Billings tenha sofrido crescimento urbano da
ordem de 31,7%. Mais de 45% da ocupação urbana registrada nos seis municípios paulistanos da bacia se deu em áreas com sérias ou severas restrições ao assentamento.
Vivemos, portanto, o dilema muito bem levantado nas comemorações da Semana Mundial da Água: ocupação desenfreada que ameaça a sobrevivência da Billings e a falta de saneamento que prejudica a qualidade e quantidade da água.
Cabe a nós, trabalhadores e cidadãos, decidir com nosso titulo de eleitor em mãos, diante de um copo de água limpa e potável, qual o destino que daremos para a Billings. A decisão tem que ser imediata se queremos preservar qualidade de vida, de saúde e de água para nossos filhos e netos.