terça-feira, 7 de junho de 2011

Ainda dá tempo de estancar a desindustrialização do Brasil

A união da Força Sindical e Central Única dos Trabalhadores (CUT) com a
Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), em evento realizado
em São Paulo, é uma tentativa de se estancar a desindustrialização do Brasil.
Ainda dá tempo se tanto trabalhadores dos mais diferentes setores (comércio,
serviços, agricultura e indústria) como os empresários destes setores e os
cidadãos brasileiros se derem conta que avançamos, infelizmente, para uma
economia de fachada.
A casa está bonitinha por fora, bem pintadinha, com os azulejos no lugar, com
um visual que impressiona a todos e que percebemos pela abundante oferta de
serviços e de um comércio cheio de vigor.
Mas a estrutura industrial que garante a sustentação da nossa economia, que
tem a ver com a produção dos bens e mercadorias que deveriam sustentar os
serviços e o comércio está cada vez mais comprometida.
A indústria brasileira representava 27,4% do Produto Interno Bruto do País
(PIB) em 1980, mas atualmente a participação equivale a 15,8% de toda a
riqueza gerada.
O mesmo aconteceu com os empregos proporcionados pela indústria, que
representavam 25,4% dos postos de trabalho em 1985 e hoje ficam com 18,1%
do total.
A força-tarefa montada pelos empresários e sindicalistas do setor industrial
apresentou ao governo da presidente Dilma uma série de reivindicações, que
incluem desde desonerações tributárias para empresas e empregados até a
redução da taxa básica de juros.
A cada ponto percentual de aumento na taxa Selic, o Brasil paga, por ano, R$ 20
bilhões a mais em juros. Dinheiro que deve ser redirecionado para investimentos
produtivos, para a qualificação e a geração de empregos com salários de
qualidade.
Para os trabalhadores interessa também a discussão e aprovação pelo Congresso
Nacional, ainda este ano, da redução da jornada para 40 horas semanais, sem
redução dos salários; o fim do Fator Previdenciário e a assinatura da Convenção
158, que regulamenta as demissões imotivadas.
Unimos pelo Brasil, pela defesa de nossa indústria e do nosso mercado interno.
Senão corremos o risco, como alertou Paulinho da Força, de nos tornarmos um
pais de apertadores de parafusos.
E, o pior, passarmos a produzir apenas para financiar empregos nos países
asiáticos, consumindo bugigangas e deixaremos escapar o vigor de nossa
indústria que arrastará para o ralo nossos empregos.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e
Mauá