sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Os jovens e as dívidas

Todo jovem que chega ao mercado de trabalho tem como uma das principais motivações cuidar da própria vida. Chega testando seus limites em todos os aspectos que vão desde a competência profissional, a capacidade de resistir às pressões e suportar o estresse que o dia a dia profissional nos impõe.
Por causa da inexperiência e da necessidade de testar e experimentar o mundo ao seu redor, muitos jovens se tornam presa fácil de dívidas que começam a preocupar.
Uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostrou que 25% dos estudantes devem mais de R$ 1 mil ao cartão de crédito. E do total de inadimplentes no Estado, 42% têm até 30 anos.
Os jovens são bombardeados com estímulos permanentes, em todas as mídias, especialmente na internet, para que consumam. Têm acesso aos cartões de crédito e têm que aprender a gerenciar seus gastos com acertos e erros.
Além disso, não recebem informação adequada que lhes mostre o impacto dos juros sobre juros (que são ilegais) adotados pelas empresas de cobrança, pelos bancos e financeiras para engordar as dívidas que são roladas.
Em pouco tempo, o que as pesquisas mais recentes mostram é que estão com os cartões de crédito e com os cheques especiais estourados e punidos pelas empresas de classificação de crédito viram consumidores inadimplentes, muitos em fase de renegociação das dívidas e outros falidos financeiramente, já que não conseguem honrar nem resgatar os débitos.
É o momento, acredito, de cuidarmos destes jovens que começam achegar ao mercado de trabalho. Mostrar para eles que as dívidas impensadas, motivadas geralmente por impulsos, causam prejuízos enormes e transferem renda das suas famílias e do seu futuro para os cofres das financeiras que adotam métodos semelhantes aos traficantes de drogas.
Ou seja, oferecem o cartão de crédito, facilitam a abertura de crédito, induzem o jovem ao consumo desenfreado. E depois que as dívidas se acumulam tentam jogar a culpa pelo endividamento apenas para os jovens.
Algo tem que ser feito porque perdemos todos nós. Os jovens e suas famílias. E até mesmo o mercado consumidor, pois o jovem super endividado elimina no futuro imediato o adulto que consumiria com mais consciência e de maneira permanente.
Cicero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

Carnaval e concentração de renda

Uma das nossas grandes alegrias é acompanhar o desfile das Escolas de Samba no Carnaval. É uma festa construída com entrega, dedicação e criatividade popular. Cada fantasia, cada voz que nos faz chegar o samba enredo, cada som extraído da cuíca, do pandeiro ou do surdo, tem lá a mão de um homem ou de uma mulher do povo.
Gente que trabalhou o ano inteiro para ao longo do desfile, que tem que durar um tempo mínimo de 62 minutos e nunca ultrapassar 82 minutos, mostra toda sua arte e alegria na avenida.
Uma das principais avaliações que os jurados são obrigados a fazer do desfile é o Conjunto, que corresponde à forma geral integrada com a qual a escola se apresenta. Devem ser considerados a uniformidade com que a escola se apresenta nas diversas formas de expressão – musical, dramática, visual, etc – e o equilíbrio artístico do conjunto.
Mesmo sendo brasileiros e vivendo num brasil tão desigual a gente, no Carnaval, dá uma lição de conjunto que nossas classes dominantes ainda não aprenderam a reproduzir em nossas vivências sociais e econômicas.
Se o desfile das escolas de samba reproduzissem nossa realidade econômica, que de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), mostra que 10% da população mais rica do Brasil detêm 75,4% de todas as riquezas do país, concentraríamos no abre alas 250 componentes, ou seja, 10% dos 2,5 mil componentes obrigatórios para garantir que uma escola possa desfilar na avenida.
Seria, em consequência, uma escola cheia de buracos. A bateria teria sua elite desgarrada do conjunto. As baianas seriam formadas em função das mais ricas e milionárias concentradas num pequeno núcleo, enquanto as mais pobres seriam mantidas afastadas por cordão de isolamento, como se fossem baianas da periferia.
O mesmo valeria para as alegorias e adereços, que são os elementos cenográficos que estejam sobre rodas e não estejam sobre rodas, respectivamente. Se fosse repetida a concentração de renda brasileira teríamos os bacanas com alegorias de última geração, claro que desfilando sobre rodas. Enquanto que no chão viria a ralé que, como nós, trabalha de sol a sol, com um salário sempre constrangedor.
Ou seja, a concentração de renda e de poder não ajudaria a termos o melhor carnaval do mundo. E mesmo assim, entra ano e sai ano, e vamos para a avenida dar uma lição de harmonia, de competência e de criatividade que depois, na quarta-feira de cinzas, quando voltamos para as fábricas, os escritórios e lojas encaramos de frente a desarmonia em nossa vida econômica e social.
E somos obrigados a conviver num Brasil tão lindo, tão rico e, ao mesmo tempo, tão vergonhosamente desigual.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

Combater os agiotas legalizados

As operadoras de cartões de crédito cobram os juros que bem querem, independente da Taxa Selic, que se depender do governo da presidente Dilma Rousseff chegará a menos de 10% ao ano, em 2012. E o Banco Central já se declarou incapaz de controlar as operadoras, que estabelecem juros de 237,9% ao ano.
Temos que agir rapidamente porque somos nós, trabalhadores e trabalhadoras, as principais vítimas das operadoras de cartão de crédito. Hoje é muito comum o aviso: “Não aceitamos cheques. Só dinheiro ou cartão”.
Como é que nós, que andamos com pouco dinheiro no bolso vamos gerenciar nossas compras? Somos obrigados a nos valer dos cartões de crédito, vinculados às nossas contas salariais. Para no final do mês, por qualquer descuido ou estouro dos limites, sermos arrochados, ao estilo dos agiotas, pelas operadoras de cartões de crédito.
Na revista Veja desta semana, na coluna Radar tem uma nota que transcrevemos:
“Dilma Rousseff tem uma nova obsessão: baixar os juros dos cartões de crédito — o que levará, consequentemente, a um aumento do consumo. Como não há jeito de fazer mágica nem diminuir as taxas por decreto, já pediu ao Ministério da Fazenda para estudar como fazê-lo. Os juros dos cartões são sensivelmente mais altos do que os do cheque especial, por exemplo. Os dos cartões são de 10,7% ao mês, em média. Os do cheque ficam em 8,3% e, para quem compra carro, 2,4%. Por Lauro Jardim”.
O governo da presidente Dilma Rousseff não estará sozinho nessa cruzada contra os agiotas legalizados. Vamos, todos juntos, começar a guardar os boletos dos cartões de crédito e se a dívida já estiver em patamares insuportáveis, vamos acionar negociá-las coletivamente através da Justiça.
Já estabelecemos uma parceria com o Instituto Justiça do Consumidor, conforme vocês podem ler na página 4. Pois ou nos defendemos dos agiotas legalizados, que se escondem atrás das operadoras de cartões de crédito ou continuaremos a ter nossas rendas subtraídas através de juros arbitrários e transferidas para os cofres dos bancos e financeiras.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

O ano em que domaremos os juros altos

Veja a notícia que foi publicada no dia 26 de janeiro no jornal Valor Econômico: “Copom vê elevada probabilidade de juro básico de um dígito: O Comitê de Política Monetária (Copom) atribui "elevada probabilidade" à concretização de um cenário que contempla a taxa Selic se deslocando para patamares de um dígito. A avaliação consta da ata da última reunião do colegiado do Banco Central, quando o juro básico foi reduzido em 0,50 ponto percentual, para 10,50% ao ano.”
Como sempre defendemos, nosso maior desejo social e econômico é ver o governo da presidente Dilma reduzir os juros para um dígito e de preferencia abaixo de 5% o mais rapidamente possível.
Porque com juros baixos, finalmente, os empresários terão que concentrar suas atenções nos investimentos produtivos, pois a especulação com os juros não renderá o berço esplêndido que os acolheu depois da alta permanente da inflação, que os trabalhadores combateram e ajudamos a controlar.
Os grandes obstáculos aos juros baixos são as atuações dos bancos, financeiras e operadoras de cartões de crédito que ainda se sentem muito à vontade para estabelecer as próprias taxas de juros, nas barbas do governo que nada faz.
Vamos concentrar nossa pressão para que a presidenta Dilma se dê conta que as vistas grossas que os vários governos fizeram com as ações dos bancos na definição dos próprios juros e do spread bancário, ou seja, a diferença entre os juros que pagam aos correntistas e o que cobram de quem pede empréstimos têm que ser controladas.
Chegaremos, quem sabe, a um sistema capitalista. No qual, por definição se consegue o lucro principalmente pela produção e não pela especulação financeira. Um tipo de capitalismo que se for associado com uma boa mobilização e controle da sociedade civil e do governo ajudará a gerar mais empregos com salários decentes e romper as enormes diferenças de renda, realimentadas, no Brasil, por uma das piores concentrações de renda do mundo.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

As tarefas inadiáveis

Começamos o ano e a pauleira do dia a dia acaba nos obrigando a esquecer até mesmo dos grandes planos que fizemos para nossas vidas entre o Natal e o Ano Novo. Só lembramos todos os dias, quando acordamos e quando nos deitamos, que pedimos sempre a Deus para nos manter saudáveis e felizes.
Mas existem tarefas que dependem da gente para serem começadas e encaminhadas para um final bem sucedido. Por exemplo, se quisermos melhorias significativas na nossa cidade, temos que resgatar lá do fundo de nossa alma a energia suficiente para aprender a cuidar de verdade do que nos interessa socialmente.
E não é uma tarefa fácil. Vigiar a atuação dos vereadores, dos prefeitos, dos funcionários públicos contratados pelas creches, postos de saúde, postos policiais e pronto socorros nos obriga a ter mais disciplina do que tentar executar os sonhos de toda uma vida.
É por isso que os políticos se aproveitam do nosso descuido, do nosso excesso de ocupação com nossa própria sobrevivência e tomam de assalto as prefeituras, o Estado e o Brasil para cuidar do lado lá deles.
Quando olhamos para o que acontece no Futebol e no Carnaval, contudo, a gente vê que não é muito difícil vigiar o que nos interessa. Cada um de nós sabe direitinho que time está jogando melhor, onde estão as qualidades e as deficiências, o que podemos fazer para ajudar, com críticas e sugestões.
Infelizmente, ainda não aprendemos a ter a mesma marcação cerrada com a escola de nossas crianças, com o posto de saúde ou com os policiais que cuidam (ou deveriam cuidar) da nossa segurança.
Felizmente, nunca é tarde para a gente aprender. E fica aqui a sugestão de colocar na sua agenda, ao lado dos seus sonhos diários de manter sua felicidade e sua saúde, o esforço extra para vigiar mais de perto nossos homens e mulheres públicos. Afinal, eles e elas estão lá cuidando do que é nosso, sustentado pela grana dos nossos impostos. Não é mesmo?
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

Educação para garantir a inclusão social e econômica

Foi publicado no domingo, 22/01, no jornal “Folha de S. Paulo” um estudo que define quem é quem nas classes sociais brasileiras. E a escolaridade se mostra fundamental para a inclusão social e econômica e para o crescimento da nova classe média.
O jornal entrevistou Priscila Cruz, diretora-executiva do movimento “Todos pela Educação” que afirma algo que já sabemos: quanto menor a escolaridade, menor a proteção contra as crises econômicas.
Porque um profissional com formação adequada pode canalizar com mais eficiência seus próprios talentos e criatividade. De nada adianta sermos criativos se nos faltam as qualificações educacionais básicas, como a conclusão do ensino médio ou de uma faculdade, por exemplo.
Cada vez mais, como insistimos, a educação formal é a chave que ajuda os profissionais a se encaixar em novas oportunidades. Mas também sabemos que de nada adianta o diploma sem que os conteúdos sejam de fato assimilados pelo estudante de hoje e o profissional de amanhã.
Por isso, o envolvimento da família é cada vez mais necessário para ajudar nossos filhos a participarem de verdade da Educação e a assimilarem a formação essencial para protegê-los profissionalmente, lhes garantido acesso a melhores empregos com salários decentes.
Outra constatação reproduzida na reportagem da “Folha” é que estudar e subir na vida ganham mais importância do que casar e ter filhos. Também algo que nós trabalhadores, no Chão de Fábrica ou em nossos bairros e vilas, já sabemos e nos esforçamos para que nossos jovens se concentrem na Educação como um investimento para toda a vida.
Principalmente, porque sabemos que sem uma boa educação, com diploma em mãos que reflita conteúdos verdadeiramente assimilados, fica quase impossível disputar as boas vagas que significam mais salários e mais satisfação pessoal, familiar e profissional.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

Carnaval o Ano Inteiro

Estamos todos na contagem regressiva para o Carnaval. Assim como aconteceu no Natal e no Ano Novo, o Brasil pára pois o samba e a alegria são contagiantes. Muita gente até se esquece dos problemas menores e deixa de lado, pelos três dias da folia, a preocupação com o salário, com a saúde e adia aquela conversa séria que deveria ter com os filhos com notas baixas.
Mas seria muito bom que tivéssemos um Carnaval o ano inteiro em que pudéssemos sambar de alegria porque nossos filhos estariam aprendendo pra valer nas salas de aula. Os professores, todos bem pagos e motivados, se entregariam com tanta alegria à transferência de saber, que influenciariam gerações de jovens a assumir os seus destinos nas próprias mãos.
Ah! Como seria bom a gente nos unir, como fazemos em torno das Escolas de Samba, para melhorar o atendimento no Posto de Saúde. E dedicar horas e horas de ensaio, como fazemos nas quadras das agremiações de samba, para que ensinássemos nossos filhos e filhas a adquirir o gosto pela leitura.
Cada dia nesta alegria total de Carnaval que gostaríamos que durasse o ano inteiro, contagiaríamos o comércio com nossa vontade imensa de consumir e em contrapartida teríamos sempre gente sorridente nos atendendo nas lojas, nos shoppings e nos supermercados.
E se fôssemos de verdade o País do Carnaval, o Ano Inteiro, como é cantado em muitos sambas, acabaríamos de vez com o preconceito de raça, de credo, de gêneros. Todos irmãos, todos camaradas, todos prontos para se dar as mãos e construir um Brasil mais justo, com muito mais Justiça Social.
É uma questão apenas de querer. É possível sim misturar política com futebol e carnaval. Na África do Sul a população combatia o regime de discriminação racial, o “apartheid”, dançando, marchando e cantando nas ruas.
Nós podemos fazer o mesmo aqui, sambando o ano inteiro contra uma das mais violentas concentrações de renda do mundo, que nos transforma, infelizmente, em suas vítimas preferenciais.
Vamos colocar esse enredo em nossas imaginações neste Carnaval que se aproxima.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

Melhorar a vergonhosa Educação Básica no Brasil

Quando iniciamos a consolidação da indústria automobilística no Brasil, a partir da década de 50, o sonho dos trabalhadores daqui da região do Grande ABC, era participar da riqueza que geraríamos para País. E conseguimos. Muitos de nós saltamos da miséria da roça para a oportunidade da carteira assinada com salários decentes nas fábricas aqui da região.
Descobrimos depois de entregar nossas vidas que mesmo com a participação política, mesmo com a eleição de um ex-metalúrgico para a presidência da República que o acesso à mais renda e melhor qualidade de vida ficam empacados por causa da qualidade da nossa Educação Básica.
E não é por falta de dinheiro. Em valores de 2005, os gastos com educação pelo setor público saltaram em 1995 de R$ 61,376 bilhões para R$ 86,953 bilhões em 2005, um aumento de 41,67% em onze anos. Os estados em 1995 gastaram R$ 29,6 bilhões e em 2005 os seus gastos foram de R$ 36,5 bilhões, representando um aumento de 23,2%.
Os municípios, em 1995 gastaram R$ 17, 143 bilhões, em 2005 os seus gastos foram de R$ R$ 33,83 bilhões, representando um aumento de 97,34%. Os gastos diretos da União variaram muito pouco nesse período, passaram de R$ 14,6 bilhões para R$ 16,6 bilhões, um aumento de apenas 13,76%.
Mas faltam iniciativas políticas educacionais para melhorar a qualidade da nossa Educação Básica. Nossos meninos e meninas continuam saindo de casa para gastar horas preciosas de suas vidas nos bancos escolares fingindo que aprendem. Nossos professores, com salários irrisórios, continuam fingindo que ensinam. E quando avaliamos a redistribuição de renda no Brasil, que passa obrigatoriamente por oportunidade de empregos com bons salários, percebemos que avançamos pouco.
A péssima Educação Básica cria barreiras intransponíveis no mercado de trabalho. Tem vagas ociosas e trabalhadores ocupados em posições que lhes pagam muito mal. Anuncia-se um apagão de mão de obra nos setores que garantiriam maior transferência de renda, por absoluta falta de preparo dos nossos jovens.
É hora de levar a sério nossa Educação Básica. Gastando melhor o dinheiro público disponível, respeitando o anseio dos trabalhadores em ampliar sua participação das riquezas que ajudamos a criar.
Queremos chegar à sexta economia mundial com o orgulho e respeito por nossa participação na riqueza nacional. Cansamos de ser apenas espectadores e burros de carga de nosso próprio País. E sem Educação Básica de qualidade, continuaremos de fora, vendo apenas os filhos das elites tendo acesso às boas universidades públicas e, consequentemente, aos bons empregos com ótimos salários.
Sem Educação Básica de qualidade de nada adiantarão as riquezas do Pré-Sal e as melhorias em nossa economia, pois se perpetuará a trágica situação de concentração de renda no Brasil.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

2012 é o nosso ano

Até mesmo os jornais que adoram notícias negativas, principalmente quando se trata da economia brasileira, tiveram que registrar que na primeira semana de janeiro que o Brasil, através do Tesouro Nacional e de duas empresas, captou 2,6 bilhões de dólares no Exterior.
A confiança em nossa economia se confirma por diversos indicadores como a venda de automóveis. As vendas de automóveis e comerciais leves em 2011 somaram 3,426 milhões de unidades, um crescimento de 2,89% sobre o recorde alcançado em 2010.
Apenas em dezembro, as vendas da principal categoria do mercado brasileiro de veículos foram de 329.237 unidades, expansão de 7,85% sobre novembro, mas queda de 8,9% no comparativo anual.
Quem gosta de sair à noite percebe os bairros, as vilas, os botecos, igrejas, as calçadas tudo cheio de gente e de alegria. As salas de aulas continuam sendo cada vez mais procuradas para tudo quanto é tipo de curso e de qualificação.
Nós brasileiros, principalmente, os que vivem na base da pirâmide, assumimos de fato nosso Brasil. Sem patriotadas de última hora, pois para nós, que somos os geradores de riqueza da Nação, confiar no Brasil está em nosso DNA. Pois, em última análise, nós somos o Brasil pujante, pulsante, atuante.
E em 2012 vamos ter a oportunidade de investir na qualidade de vida em nossos bairros, vilas e ruas. Teremos as eleições para vereadores e prefeitos. E vamos tratar cada candidato como um investimento na expansão e na melhoria do que já conquistamos até agora.
Estamos gostando do jogo de ampliar a distribuição de renda, com melhoria de salários e com a geração de novas vagas. Mas sabemos que é muito importante envolver os administradores públicos nos destinos de nossas cidades. Fazendo com que ampliem os investimentos sociais em Educação, Saúde, Saneamento Básico e Moradia.
Como?
Melhorando a eficiência da máquina pública e, principalmente, vigiando de perto os gastos para controlar as sangrias que a corrupção faz nos cofres públicos.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

O que há de novo no ano novo?

Todo começo de ano é a mesma coisa. A gente acredita mesmo de verdade que estamos começando um novo ciclo. Pode até ser para alguns. Mas para nós trabalhadores e cidadãos que sustentamos com nossas próprias energias esse imenso país, nosso mundo não pára, nem mesmo para as comemorações de Natal e Ano Novo.
Estamos sempre ocupados em confirmar nossa vinculação com o emprego, na busca incessante de mais renda para nosso sustento e de nossas famílias. Muitos de nós passaram inclusive o Natal e o Ano Novo no batente. Porque o Brasil não pára e nem nós.
Mas sempre que começa um novo ano é possível repensarmos algumas novas etapas. Ainda mais que este ano tem eleição municipal, tem o Rio + 20, que vai rediscutir como está nosso meio ambiente e, em Londres, teremos as Olimpíadas, que chegarão aqui em 2016.
Temos pela frente também uma nova agenda econômica, com um salario mínimo um pouquinho mais valorizado, a R$ 622,00 e a promessa da presidente Dilma de reduzir os juros para menos de 10% ao ano.
Ou seja, teremos que reorganizar nossa economia para conseguir o melhor proveito possível da economia a nosso favor. Por isso, uma das boas coisas a serem colocadas em nossa agenda, que poderá ser classificado como algo novo, é exigir dos governos um controle melhor sobre os juros que nos são cobrados na ponta.
Foi divulgado pelo jornal “Folha de S. Paulo” que temos um dos cartões de crédito mais caros do mundo. Segundo o jornal, que se baseou em estudos da, Pro Teste se constatou que o brasileiro paga juros de 237,9% ao ano, no crédito rotativo do cartão de crédito. Esse valor foi comparado com as taxas cobradas na Argentina, Chile, Colômbia, Peru, Venezuela e México.
Mesmo em países com taxa básica de juros acima da brasileira (11%), como Argentina (12,5%) e Venezuela (24%), têm juros do cartão menores que os do Brasil. Na Venezuela, o rotativo custa 29% ao ano e na Argentina, 50%.
Ou seja, estamos sendo literalmente assaltados e só uma ação governamental para barrar essa brutal transferência de renda que as financeiras, banqueiros e cartões de crédito fazem com nossa renda, conquistada a tão duras penas.
Se a gente quer um ano novo, vamos ter que enfrentar com determinação os velhos problemas. É o que nós, trabalhadores e cidadãos brasileiros fazemos entra ano e sai ano. E que continuaremos a fazer.
Cicero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

Dez decisões para 2012

Só para lembrar, vou sugerir uma pequena lista de dez decisões que podem fazer parte de nossa agenda em 2012:
1. Desejos possíveis -- Faremos uma lista de todos os desejos que estavam ao nosso alcance e que deixamos de lado por estarmos muito ocupados ou por negligência mesmo. Se nesta lista estiver tirar um dia inteirinho para brincar com nossos netos, vamos priorizá-la. E se tiver nos dedicar uma semana aos nossos filhos, também vamos colocar em primeiríssimo lugar e tirar esse compromisso da frente antes do Carnaval;
2. Agenda velha – Vamos resgatar e atualizar todas as nossas agendas velhas. E nos comprometer a ligar, enviar e-mail ou mesmo um cartão postal para os amigos que nos foram tão caros e determinantes no passado;
3. Parentes – Se ainda existe pelo menos um parente chateado com a gente, vamos nos esforçar para entender seu ponto de vista e tentar, mais uma vez, perdoá-los em nome da harmonia em nossa família ampliada;
4. Colegas de trabalho – Vamos sugerir aos nossos colegas de trabalho que utilizemos nossas horas de almoço para discutir assuntos fora do nosso ambiente de trabalho. Vale até política, mas vamos tentar deixar de lado ficar repetindo as coisinhas que nos incomodam na rotina de trabalho;
5. Prova de amor – Sim, nossas esposas (e esposos) sabem do nosso amor, mas vamos em 2012 tentar provar esse afeto com uma rosa, uma bijouteria ou até mesmo com uma jóia. Ou quem sabe deixando para trás um bilhete carinhoso, um bombom, um presentinho bobo qualquer que documente nosso afeto.
6. Dinheiro – Vamos reconhecer, finalmente, que o dinheiro que ganhamos, junto com nossa família, é sagrado. Portanto, vamos aprender a planejar nossos gastos, a evitar prestações absurdas com juros igualmente absurdos. Pois cada centavo que a gente economizar e, se possível, aprender a investir, vai garantir nossa segurança e independência financeira.
7. Saúde – É possível beber com controle. Vamos nos inspirar naqueles (e naquelas) que bebem de alegria e não para se matar aos poucos. O mesmo vale para o cigarro e o exagero nas comidas. Porque é assim, principalmente, que garantiremos nossa saúde. E mesmo nós homens, vamos sim, pelo menos duas vezes em 2012, dar uma passadinha no médico e ver como andam nosso colesterol, nossa próstata, nossa diabetes e a pressão.
8. Lazer – Tem muito lazer além da televisão. Basta dar uma olhada nos jornais da cidade, consultar os sites e vamos encontrar shows de graça ou muito baratos, filmes e museus para visitar. Vamos investir em nossa alma e na nossa condição humana.
9. Sabedoria – Tem sempre alguém que sabe mais que a gente por perto. Vamos tirar pelo menos um dia a cada dois meses para tentar conviver com quem sabe mais que a gente. Seja por ter mais experiência ou por ter estudado muito. Procure a programação de palestras das faculdades ou igrejas perto de sua casa.
10. Iniciativa – Se você chegou até aqui é porque realmente quer fazer algo diferente e bom para você e sua alma em 2012. Só falta agora se comprometer de verdade para ter a disciplina essencial para ter um 2012 muito melhor que o ano passado. Só você sabe onde poderá melhorar e só você poderá se comprometer e avaliar o que fará para cumprir cada um das sugestões que apresentamos acima.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

Segurar as oportunidades

2011 escapou pelo meio dos nossos dedos. É essa a sensação que fica quando tentamos recordar os melhores (e os piores) momentos do ano que agora chega ao fim. É assim mesmo a cada ano, mês, semana e até mesmo o dia de ontem.
Apesar de estarmos sempre preocupados e atentos à sobrevivência, buscando sempre melhorar nossa qualidade de vida para garantir mais salários e renda, mais apoio à saúde e à educação dos nossos filhos, sempre sentimos que nossas oportunidades escaparam pelo meio dos dedos.
Talvez porque não nos acostumamos ainda a planejar com mais detalhes nosso futuro de curto, médio e longo prazos. Queremos melhorar mas não estabelecemos uma agenda que sirva de referência para confirmar os acertos e os eventuais erros. Ou seja, de certa forma a vida nos leva. E só deixa as cicatrizes das preocupações marcadas em nossas vidas.
Mas estamos começando um ano novo e temos, mais uma vez, a oportunidade de fazer um plano mínimo. Se você puder, aproveite os próximos dias e converse com seu cônjuge, com seus filhos, parentes e amigos mais próximos. E estabeleça algumas datas de referência.
Por exemplo, logo depois do carnaval, na primeira semana de aulas, vou visitar a escola dos meus filhos e conversar com os professores. Nem que seja para me fazer presente. Vou me comprometer, até o fim de março, a descobrir quem é o vereador que tem influência no nosso posto de saúde. E no mesmo mês de março vou telefonar para o vereador e dizer que acompanho a gestão dele aqui no bairro.
Vou me informar até maio de 2012 como é o funcionamento do Conselho de Segurança Municipal, o Conseg. E ao saber da agenda das reuniões mensais, vou me comprometer, de verdade, a participar das reuniões e ajudar nossas lideranças a sugerir melhorias na segurança do nosso bairro e da nossa cidade.
É através do comprometimento com agendas sociais simples que marcaremos presença nos equipamentos sociais disponíveis em nosso bairro, ou seja, a escola, o posto de saúde e os responsáveis pela segurança. Se nos manifestarmos, teremos depois o direito de cobrar. E com a prática perderemos a sensação de que deixamos as oportunidades escaparem pelos nossos dedos.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

Resgatar nossos valores

Nesta época do ano, a publicidade que pipoca a cada segundo nas telas das tevês e dos computadores reforça a ancestral alegria de terminar um ano e começar o outro.
Os donos do mundo e seus publicitários sabem que geram lembranças para suas respectivas marcas se respeitarem nossas emoções mais antigas e valorizadas: a união, o respeito, o afeto familiar e estarmos sempre juntos para o que der e vier.
A diferença entre o que se divulga nos anúncios de tevê e rádio e nossa vida é que para nós valores como união, determinação, apoio mútuo etc fazem parte de nossas vidas o ano inteiro, em todos os ambientes em que vivemos. Seja na fábrica, nas vilas, nas comunidades, dentro do ônibus ou do trem.
Porque solidariedade, um destes valores tão falados pelas empresas nesta época de festas, é o que nos garante a sobrevivência. Na hora de uma doença ou de um parto, é o carro do vizinho que nos leva até o hospital. Quando termina o salário e falta remédio é a atenção de um companheiro ou companheira que nos empresta às vezes o que não tem para que cuidemos de nós ou de nossos filhos.
Ou seja, esses valores que consolidam nossos laços familiares e de companheirismo são originalmente nossos. E os levamos tão a sério que até mesmo as grandes empresas, especialmente os bancos, agora são só mensagens solidárias.
Mas na hora de renegociar uma dívida, continuam lá prontinhos para mostrar os dentes e nos arrancar até a roupa do corpo, se conseguirem. E enquanto mantêm as gentilezas nas publicidades transferem renda embutindo juros astronômicos e indecentes em tudo o que compramos a prazo.
É hora de festas. Então vamos festejar. Mas é bom que nos lembremos que os grandes valores humanos, de solidariedade, companheirismo e de família são criados e mantidos por nós. E é através do nosso diálogo uns com os outros que vamos construir o 2012 que sempre sonhamos para nós e nossas famílias.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

Tirar leite da vida

É muito comum quando nos encontramos nestes tempos de uma neblina gostosa, em que o ano ainda não acabou e que o próximo ano nem começou, que avaliemos os anos anteriores e lancemos algumas moedas de desejo no futuro do próximo ano.
Queremos, claro, melhorar nossa eficiência e muitos nos presenteiam com a expressão “vamos nos preparar para tirar leite de pedra”, ou seja, vamos nos esforçar ao máximo para aproveitar e perceber oportunidades onde, avaliamos, deixamos escapar uma boa chance de um novo emprego, promoção ou até mesmo para evitar gastar erradamente.
Se bem que acho que a primeira avaliação que deveríamos fazer é que em vez de nos preparar para “tirar leite de pedra” que nos preparemos, em vez disso, para “tirar leite da vida”.
Quando nos concentramos na abundância infinita da vida (a dos outros e a nossa) vamos nos perceber, a todos os instantes, tendo que escolher e descartar oportunidades. Pois a vida, como já sabemos, mesmo quando não estamos muito atentos, está o tempo todo nos bombardeando com um novo jeito de encarar, enfrentar e terminar nossas tarefas, seja na fábrica ou em casa.
Através do contato com nossos amigos e parentes somos brindados todas as horas com ideias que só mesmo por absoluta falta de atenção deixamos escapar. Se pararmos para avaliar, veremos que é como se sonhássemos acordados. Em cada troca de ideias ouviremos, se estivermos atentos, uma maneira diferente e melhor de nos posicionar no mundo.
Mas prestar atenção à abundância do mundo ao nosso redor é cansativo. E as ideias chegam e as ouvimos em sonho e nos mantemos tão ocupados com a nossa sobrevivência imediata que as deixamos escapar.
Por isso, gostaria de chamar sua atenção para que no próximo ano tire algumas horas por mês, acho que não precisa mais do que isso, para ouvir profundamente seus interlocutores. Sejam eles amigos, colegas de ônibus ou de fábrica, parentes ou vizinhos.
Você verá que as pessoas se esforçam para confirmar suas existências e o fazem, na maioria das vezes, descrevendo uma maneira completamente diferente de aproveitar a vida.
Se você se mantiver atento (apesar do cansaço) com certeza construirá um belo ano para você e sua família. Se tiver, claro, a energia de colocar algumas das ideias em prática.
Mas mesmo que não consiga, você terá um ano muito mais produtivo. Pois será sempre aquele amigo atento, disposto a ouvir e a interagir. E cristalizar, assim, amizades e alianças para que todos nós possamos, quem sabe, melhorar nossa eficiência profissional, pessoal e social.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

O Brasil é nosso!

Já provamos enquanto trabalhadores e cidadãos, ao combinarmos nosso suor, carteira de trabalho e título eleitoral, que podemos participar do resgate do Brasil para nós e nossas famílias.
As duas eleições de Lula e de sua sucessora, Dilma Rousseff, com nosso voto e mobilização provaram que podemos influenciar as políticas públicas de distribuição de renda e de combate à miséria.
Temos hoje um País com muito mais inclusão social e econômica, no qual milhões de brasileiros e brasileiras, antes abandonados à fome e à miséria participam, agora, do nosso mercado interno. Com dignidade e respeito aos seus bolsos.
Gostamos de fazer parte do Brasil e o queremos inteirinho para nós. Porque o Brasil é nosso e não das elites que se apropriaram do Estado e controlam nossas políticas públicas, nosso crediário, nosso futuro.
Muito mais do que a participação direta na geração das riquezas, a que fomos mantidos nos últimos 500 anos, queremos também participação direta nas decisões políticas.
Vamos otimizar nossa eficiência cidadã neste 2012 que será ano eleitoral, trabalhar para tirar da vida pública os maus políticos e ampliar o respeito ao nosso voto e à nossa vontade cívica.
Seremos enérgicos ao assumirmos que o Brasil é nosso. Mas sem perder a ternura e a alegria que é a marca registrada do nosso povo. Alegria e felicidade que farão parte das nossas comemorações natalinas e dos festejos de Ano Novo que se aproximam.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

A travessia 2012

Chegamos ao final de 2011 e já podemos olhar, com certo ânimo, para o que nos espera em 2012. Nesta altura do campeonato já aprendemos separar o que realmente queremos do que apenas desejamos.
Nossos desejos ainda podem ser definidos por Paz, Harmonia Social, Saúde Pública, Emprego, Boa Remuneração. E o que queremos esbarra sempre no que é possível conquistar para que tenhamos, quem sabe, uma fração da Paz, da Harmonia, da Saúde e do Emprego com bons salários.
Desejar nos faz bem, principalmente, por nos encher de esperanças. Mas é importante, também, que nos organizemos para conquistar o que precisamos.
Emprego, por exemplo, depende da gente apenas parcialmente. Se não forem mantidas as políticas econômicas de proteção de nosso mercado interno, com redução dos juros, com ampliação dos investimentos produtivos, fica muito difícil expandir as vagas. Além disso, para termos uma chance mínima, precisamos de investimentos públicos na qualificação e na educação continuada de nossos jovens.
Os salários bons são decorrência de uma economia aquecida. Assim como a Saúde Pública pode ser melhorada com investimentos sérios, sem os desvios da corrupção, em bons hospitais, postos de saúde e, principalmente, médicos e enfermeiras qualificados.
A Harmoniza Social depende de nossa capacidade de diálogo, de respeito às opiniões que divergem das nossas e de insistir, com elegância e civilização, na defesa dos nossos interesses.
E a Paz faz parte do nosso DNA de brasileiros. Aliás, por acreditarmos demais na Paz e evitarmos demais conflitos que muitos setores da elite resolveram, ao longo dos anos, abusar de nossa paciência. Portanto, para garantir a paz que nos mantenha em condições de sobreviver com dignidade, talvez seja necessário melhorarmos nossa mobilização para provar para os políticos, patrões e para as elites que devem levar a sério nossos desejos e vontades.
Acredito que assim conquistaremos o que queremos e o que desejamos em 2012. Com Paz, Harmonia Social, Saúde Pública, Emprego e Boa Remuneração.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

Natal e abandono

Natal e abandono
Chega o Natal. Nossos corações e almas se voltam para o nascimento do menino Jesus. Os presépios natalinos nos mostram o ambiente pobre de uma manjedoura. Pobre mas limpinho. Com uma mãe e um pai solícitos, ali postados, eternamente, à disposição do Filho de Deus.
Apesar de toda nossa religiosidade e de vivermos no Brasil em que se respeita todas as religiões, a grande maioria delas, vinculadas ao Cristianismo, ainda deixamos abandonados pelas ruas, entra Natal e sai Natal, mais de 8 milhões de crianças. Sendo que dois milhões delas não encontram, sequer, uma manjedoura como abrigo e são mantidas nas ruas, perambulando.
Mas nós somos um povo cristão, gostamos de bater no peito e de confirmar nossa fé quando nos encontramos com os demais fiéis nas igrejas aos domingos. Por isso, ajudamos a criar um dos melhores Estatutos da Criança e do Adolescente do mundo.
Lá está escrito: “Toda criança tem direito à vida, saúde, liberdade, educação, cultura e dignidade." Ou seja, pregamos uma coisa e praticamos outra. E isso acontece, infelizmente, porque somos indiferentes ao presente e ao futuro dos meninos e meninas abandonados.
Afinal, não são nossos filhos e filhas.
Mas cada um destes jovens, oito milhões de pedacinhos de vida do nosso futuro, sobrevivem no abandono, sem Estado, sem Educação, sem acesso à Saúde. Só podem contar com Deus, já que a indiferença dos homens só aumenta a cada Natal.
Mas como trabalhadores e trabalhadoras sabemos que todo nosso esforço só faz sentido se o pudermos dedicar a nossos filhos. Senão, que graça tem se sacrificar a vida toda por um salário que às vezes mais humilha do que recompensa? Porque sabemos que destes ganhos suados podemos garantir uma qualidade mínima de vida e de esperanças para nossos filhos.
Por isso, aproveitamos o Natal quando voltamos nossos corações e almas para o Menino Jesus e chamamos sua atenção cidadã para nos mobilizarmos e fazer alguma coisa, qualquer coisa, para resgatar os oito milhões de meninos e meninas abandonados. Sendo que dois milhões continuam, agora, jogados nas ruas como lixo humano. Ou agimos de alguma maneira ou se confirma nossa indiferença cidadã e cristã para com vidas que já pulsam, abandonadas, no nosso futuro.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

O bom velhinho e os nossos velhinhos

Todos os anos, no Natal, enchemos de carinhos e agrados o Bom Velhinho. A gente nem se importa se o Papai Noel que nos apresentam nos shoppings e que enchem nossas crianças, filhos e netos de beijos seja mais ou menos importado do Polo Norte.
Até gostamos da fantasia, das renas, das caixas vazias de presentes. Que preenchem a imaginação de nossos meninos e meninas enquanto percorremos as lojas e consumimos nosso décimo terceiro e o reajuste salarial que conseguimos a duras penas.
Mas basta sairmos das ilhas de fantasia, que são os shoppings e centros de compras nesta época do ano, e ao voltarmos para casa nos tornamos indiferentes à sorte dos nossos velhinhos que são abandonados pelas ruas.
E que têm que se virar, os que ainda tem um restinho de força e de saúde, como catadores de papel. Vivem, o ano inteiro, mesmo no Natal e no Ano Novo, o inferno de terem sido abandonados pelos seus familiares e pelo Estado. Vítimas, também, da nossa indiferença. Mesmo no Natal.
Seria adequado, acho, a gente educar nossos filhos, pois eles serão o futuro, que a velhice estampada no doce Papai Noel é exatamente a mesma que podemos presenciar em nossos avós, dentro de casa.
E os velhinhos que identificamos abandonados nas ruas são também merecedores de todo o nosso afeto e, principalmente, de nossa responsabilidade social.
Responsabilidade social que se exerce através da pressão que podemos fazer junto aos poderes públicos, vereadores, prefeitos e governadores, para cuidarem dos nossos idosos.
Senão, corremos o risco de contaminar o espírito de Natal com a hipocrisia e a com a indiferença. Pois enquanto tiver um velhinho abandonado pelas ruas (assim também como uma criança) é porque nosso Estado falhou de alguma maneira.
E para corrigir as falhas do Estado temos que estar atentos e mobilizados. E aplicar seguidas doses de título eleitoral para exigir que se respeitem nossos velhinhos e que protejam nossas crianças.
Essa decisão é importante porque amanhã seremos nós que estaremos ocupando a posição dos velhinhos. E se não quisermos ser abandonados com uma aposentadoria que envergonha temos que pressionar o Estado é agora, para acabarmos com o Fator Previdenciário, melhorar as aposentadorias e proteger homens e mulheres que nos ajudaram a construir nosso patrimônio social, cultural e econômico.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

Brasil terá juros internacionais

Antigamente, nas épocas de Collor e FHC, quando se falava da internacionalização da nossa economia, os trabalhadores e cidadãos brasileiros já sabiam que teriam que pagar a conta.
Pois os governos aumentavam os juros e desvalorizavam a moeda, deixando a inflação sem um controle rígido. Resultado: aumento das exportações, com redução da produção industrial, com impacto direto nos nossos empregos, com aumento violento nas demissões.
Era a festa para os especuladores nacionais e internacionais. Pois eles podiam pegar empréstimos a juros de um dígito no Exterior e investir aqui comprando títulos da dívida pública brasileira que pagam os juros de dois dígitos definidos pela Taxa Selic, sempre os mais altos do mundo.
Mas aí vieram os governos do ex-presidente Lula e de Dilma Rousseff e agora se falam nas reportagens econômicas de se internacionalizar os juros brasileiros. Ou seja, a presidente Dilma está empenhada em termos juros de um dígito até o ano que vem.
Mais: atenta à economia internacional (que vive uma recessão), nossa presidente já adotou, como fez o ex-presidente Lula, a desoneração fiscal, reduziu os impostos de alguns produtos, e agora trabalha para aumentar em R$ 40 bilhões a oferta de crédito, através do Banco do Brasil, da Caixa e do BNDES.
O objetivo que tem nosso amplo apoio é manter o crescimento da nossa economia ao redor dos 3% ao ano, com proteção da nossa produção industrial e dos nossos empregos.
Além dos juros internacionais, que alcançaremos, e deixaremos de ser presa fácil para os especuladores internacionais, reforçaremos nossa indústria e produtividade, ampliaremos nossa competitividade internacional e deixaremos de ser quintal da economia mundial, especialmente da América do Norte e da Europa.
E ao chegarmos ao final do primeiro ano do governo Dilma confirmamos que cada etapa vencida começou com nossa participação direta nos destinos do nosso Brasil através da combinação do título de eleitor com a carteira de trabalho. E é essa mobilização que devemos confirmar todos os dias no Chão de Fábrica, no sindicato e nos nossos locais de moradia que nos permitirá construir o Brasil mais justo que nossos filhos e netos merecem.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá