Nos aproximamos de um ano da crise financeira mundial, que teve início em setembro do ano passado. As principais lições que já podemos analisar é que o mercado interno, sustentado pela renda dos trabalhadores brasileiros, ajudou o Brasil a ter uma relativa estabilidade econômica desde o ano passado, se comparamos os efeitos da crise aqui com o estrago que fez em países ditos do primeiro mundo.Antes da crise, a renda dos trabalhadores crescia e era usada para o consumo, na sua totalidade. Dados do Ministério do Trabalho mostram que, nos primeiros seis meses de 2008, o salário médio avançou 3,92% ante o ano anterior e, no mesmo período de 2007, houve alta de 4,62%. Além disso, as contratações formais aumentavam e caminhávamos para um crescimento econômico que nunca havíamos experimentado no Brasil.Veio a crise que passou a ser usada tanto para demitir, num primeiro momento, quanto para arrochar os salários, agora que há sinais claros de recuperação. No primeiro semestre deste ano, o aumento do salário inicial médio dos trabalhadores nas três unidades da federação que pagam os maiores rendimentos no país - São Paulo, Rio e Distrito Federal - foi de apenas 0,57%. Nos primeiros seis meses de 2008, o avanço havia sido de 3,92% ante o ano anterior e, no mesmo período de 2007, houve alta de 4,62%.
Análise da crise
Logo no início da crise, os bancos fecharam o crédito e usaram dinheiro público para investir em títulos do Tesouro. Abandonando a responsabilidade social que se espera deles de manter o fluxo de moeda através da oferta de crédito para as empresas, sejam elas pequenas ou grandes. Além disso, atacaram diretamente os seus próprios correntistas e estabeleceram uma relação de agiotagem com juros na estratosfera, mesmo com as seguidas quedas da taxa Selic, adotadas pelo Banco Central.Os empresários seguiram a mesma toada dos banqueiros. Com um agravante: demitiram no primeiro momento de maneira desrespeitosa e indiscriminada. Sempre usando a crise como desculpa, mesmo quando percebiam sinais de manutenção do consumo.O governo do presidente Lula soube agir com grandeza. Estimulou o consumo, adotou renúncias fiscais determinantes na indústria automobilística, na linha branca e na construção civil. Os trabalhadores, sem alternativa diante dos ataques de alguns setores empresariais, lutam todos os dias para manter a renda. Com o esforço combinado dos cidadãos, trabalhadores e consumidores brasileiros, conseguimos ver a luz no fim do túnel. Mas de novo os empresários mantêm a desculpa da crise para recontratar com salários mais baixos, numa intenção clara de arrochar a massa salarial.Arrochar a massa salarial é um ato de estupidez empresarial. Pois afeta diretamente o mercado interno, a capacidade de consumo e prejudica a recuperação da economia brasileira.Por isso, fica cada vez mais claro que não resta outra alternativa aos trabalhadores, seus sindicatos e centrais a não ser ampliar, mais ainda, a mobilização a favor da assinatura da Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho. Trata-se da convenção que cria um controle (com participação dos sindicatos) das demissões arbitrárias. Será a resposta dos trabalhadores e do governo brasileiro a um estilo gerencial que, por ser extremamente egoísta, não tem visão de médio e longo prazos.Uma decisão que vamos encaminhar simultaneamente com nossa Campanha Salarial. Pois é importante conseguir a recuperação dos salários. Mas é também determinante manter nossa capacidade de consumo quando atingimos um patamar maior de ganhos. E não podemos deixar que as manobras patronais, através da demissão sistemática e recontratação de novos trabalhadores com salários menores, nos prejudiquem e, ao mesmo tempo, comprometam a capacidade do Brasil de superar a atual crise financeira.
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