terça-feira, 28 de julho de 2009

Com desculpa da crise, empresários apostam no arrocho da massa salarial

Nos aproximamos de um ano da crise financeira mundial, que teve início em setembro do ano passado. As principais lições que já podemos analisar é que o mercado interno, sustentado pela renda dos trabalhadores brasileiros, ajudou o Brasil a ter uma relativa estabilidade econômica desde o ano passado, se comparamos os efeitos da crise aqui com o estrago que fez em países ditos do primeiro mundo.Antes da crise, a renda dos trabalhadores crescia e era usada para o consumo, na sua totalidade. Dados do Ministério do Trabalho mostram que, nos primeiros seis meses de 2008, o salário médio avançou 3,92% ante o ano anterior e, no mesmo período de 2007, houve alta de 4,62%. Além disso, as contratações formais aumentavam e caminhávamos para um crescimento econômico que nunca havíamos experimentado no Brasil.Veio a crise que passou a ser usada tanto para demitir, num primeiro momento, quanto para arrochar os salários, agora que há sinais claros de recuperação. No primeiro semestre deste ano, o aumento do salário inicial médio dos trabalhadores nas três unidades da federação que pagam os maiores rendimentos no país - São Paulo, Rio e Distrito Federal - foi de apenas 0,57%. Nos primeiros seis meses de 2008, o avanço havia sido de 3,92% ante o ano anterior e, no mesmo período de 2007, houve alta de 4,62%.

Análise da crise

Logo no início da crise, os bancos fecharam o crédito e usaram dinheiro público para investir em títulos do Tesouro. Abandonando a responsabilidade social que se espera deles de manter o fluxo de moeda através da oferta de crédito para as empresas, sejam elas pequenas ou grandes. Além disso, atacaram diretamente os seus próprios correntistas e estabeleceram uma relação de agiotagem com juros na estratosfera, mesmo com as seguidas quedas da taxa Selic, adotadas pelo Banco Central.Os empresários seguiram a mesma toada dos banqueiros. Com um agravante: demitiram no primeiro momento de maneira desrespeitosa e indiscriminada. Sempre usando a crise como desculpa, mesmo quando percebiam sinais de manutenção do consumo.O governo do presidente Lula soube agir com grandeza. Estimulou o consumo, adotou renúncias fiscais determinantes na indústria automobilística, na linha branca e na construção civil. Os trabalhadores, sem alternativa diante dos ataques de alguns setores empresariais, lutam todos os dias para manter a renda. Com o esforço combinado dos cidadãos, trabalhadores e consumidores brasileiros, conseguimos ver a luz no fim do túnel. Mas de novo os empresários mantêm a desculpa da crise para recontratar com salários mais baixos, numa intenção clara de arrochar a massa salarial.Arrochar a massa salarial é um ato de estupidez empresarial. Pois afeta diretamente o mercado interno, a capacidade de consumo e prejudica a recuperação da economia brasileira.Por isso, fica cada vez mais claro que não resta outra alternativa aos trabalhadores, seus sindicatos e centrais a não ser ampliar, mais ainda, a mobilização a favor da assinatura da Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho. Trata-se da convenção que cria um controle (com participação dos sindicatos) das demissões arbitrárias. Será a resposta dos trabalhadores e do governo brasileiro a um estilo gerencial que, por ser extremamente egoísta, não tem visão de médio e longo prazos.Uma decisão que vamos encaminhar simultaneamente com nossa Campanha Salarial. Pois é importante conseguir a recuperação dos salários. Mas é também determinante manter nossa capacidade de consumo quando atingimos um patamar maior de ganhos. E não podemos deixar que as manobras patronais, através da demissão sistemática e recontratação de novos trabalhadores com salários menores, nos prejudiquem e, ao mesmo tempo, comprometam a capacidade do Brasil de superar a atual crise financeira.

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