quarta-feira, 16 de junho de 2010

Blindar os direitos trabalhistas do Brasil

Na semana passada, doze traba­lha­dores da Fox­conn, a maior empresa chinesa subcontratada do mundo, se ma­taram. Não aguentaram a carga ho­rária excessiva e os baixíssimos salá­rios. Eles ganham R$ 240 por mês, ou R$ 8,00 por dia, ou um real por hora. Verdadeira escravidão.
O que esta história tem a ver com a gente?
As grandes multinacionais adotam há anos uma política de expansão para os países em que a mão de obra é mais barata, com um controle da produção rígido, próximo da escravidão. É assim que se formou na China uma das maiores empresas subcontratadas do mundo, a Foxconn, que emprega mais de 800 mil trabalhadores e presta serviços para multinacionais como a Apple, Dell, HP, Nintendo e Sony.
Além da carga horária excessiva e dos salários baixos os trabalhadores e trabalhadoras chineses não têm como se organizar de maneira independente para negociar melhores condições de vida, de salário e de trabalho com as multinacionais. Ou seja, lá não existem as proteções trabalhistas e sociais garantidas pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
As multinacionais, ao expandirem para países como a China, testam um modelo que pretendem adotar no Brasil, caso consigam romper a blin­dagem de nossas leis trabalhistas.
Por isso, há toda uma pressão e um lobby fortíssimo dentro na Câmara dos Deputados para flexibilizar as leis trabalhistas, com a redução das férias, do abono de férias, da licença maternidade e até do 13º salário. Sem contar as garantias que temos com o FGTS e o direito à PLR.
Porque para trazer suas filiais para o Brasil interessa às multinacionais baixíssimos salários, como o de um real por hora que pagam aos traba­lhadores chineses. Interessa também submeter e desacreditar a organização e mobilização sindical, como os aliados das multinacionais tentam fazer a cada reportagem que publicam a res­peito da classe trabalhadora brasileira.
É importante ampliar nossa mobilização e levar nossas vontades para dentro do Congresso Nacional porque a expansão de nossa economia amplia o apetite das multinacionais. E au­menta a pressão sobre os parlamen­tares brasileiros através de empresas que articulam o fim dos direitos trabalhistas, que já conquistamos.
O discurso é indireto. Falam contra o custo Brasil, da suposta falta de competitividade do Pais, da falta de qualificação da nossa mão de obra. O objetivo é um só: minar a organização dos trabalhadores, de suas centrais sin­dicais e abalar a autoestima das principais lideranças sindicais e parlamentares.
E essas articulações são realizadas num momento em que nossa economia cresce 9% no 1º trimestre e tem, segundo o IBGE, uma expansão anual recorde, quando crescemos 2,7% no primeiro trimestre ante os três meses imediatamente anteriores.
É um “crescimento chinês” propa­gam as multinacionais e seus represen­tantes que atuam no Brasil e ao mesmo tempo pressionam, direta e indiretamente, nossos deputados para flexibilizar as leis trabalhistas para nos impor “crescimento chinês” com salários de um real por hora.
E isso, nós trabalhadores e cida­dãos brasileiros não deixaremos passar. Vamos ampliar ainda mais nossa mobilização e nas próximas eleições apoiar candidatos (deputados federais e estaduais, senadores, governadores e presidente da República) que pro­vem, sem deixar dúvida, absoluto com­prometimento com a CLT e com a blindagem dos direitos traba­lhistas.
Não vamos deixar que a situação de desespero que leva operários chineses ao suicídio venha a acontecer no Brasil.

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