sexta-feira, 15 de abril de 2011

Acordo Brasil e China e os trabalhadores brasileiros

Acordo Brasil e China e os trabalhadores brasileiros
O acordo Brasil-China que a presidente Dilma Rousseff vai assinar nesta viagem à China começou a ser desenhado há 18 anos. Nessa época, o Brasil, então presidido por Itamar Franco, percebeu que era melhor ampliar suas parcerias comerciais com países fora da Comunidade Europeia, então nossa principal parceira.
Buscávamos tratamento mais igual, mais justo e com trocas que permitissem ao Brasil agregar tecnologia, transferir modelos educacionais, ampliar a cesta de países com os quais fazíamos negócios.
Desde 1993, o crescimento gradativo da economia chinesa a fez tornar-se nossa principal parceira comercial. Somente na última década, entre 2000 e 2010, as trocas comerciais entre Brasil e China aumentaram 24,5 vezes.
Entre 2009 e 2010, por exemplo, houve crescimento de 52% no fluxo de exportações e importações, chegando a US$ 56 bilhões. E a balança foi favorável ao mercado brasileiro, que saiu lucrando US$ 5 bilhões, segundo apurou o jornal “Brasília Confidencial”.
Eis alguns temas que a comitiva da presidente Dilma Roussef, que infelizmente só levou empresários, discutirá com o governo e empresários chineses:
Educação — A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e o China Scholarship Council vão realizar intercâmbio de professores, pesquisadores e estudantes em programas de treinamento profissional.
Energia — Eletrobrás e State Grid desenvolverão linhas de transmissão de longa distância; Parceria da indústria eletroeletrônica ZTE e da prefeitura de Hortolândia (SP) na construção de um polo de produção de telecomunicações, com investimento de US$ 200 milhões; Petrobrás e Sinochem pesquisarão tecnologias de prospecção de energia.
Indústria — Governo da Bahia e chineses vão investir em empresas de processamento de soja em Barreiras (BA).
Meio Ambiente — Desenvolvimento de biocombustíveis de segunda geração;
Padrão de qualidade — Inmetro e laboratório chinês trocarão experiências sobre produtos, pesos, medidas, garantias e certificados de qualidade. A intenção é chegar a uma padronização da qualidade que será obrigatoriamente seguida pelos dois países nos produtos exportados, para se evitar a importação de quinquilharias para nosso mercado.
Pesquisa e Desenvolvimento — Criação de um centro de pesquisa Brasil-China para pesquisa em nanotecnologia; instalação de uma unidade do Laboratório Virtual da Embrapa no Exterior (Labex), a exemplo das unidades criadas nos EUA, França, Inglaterra e Coreia do Sul.
Nossa esperança, enquanto trabalhadores, é que, nessa aproximação com o povo chinês, consigamos transferir também práticas democráticas de convívio e ampliar o respeito aos direitos trabalhistas para se evitar regimes de produção chinesas com salários vergonhosos e condições de trabalho constrangedoras, que têm levado muitos trabalhadores chineses ao desespero e ao suicídio.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

Nenhum comentário:

Postar um comentário