quarta-feira, 4 de maio de 2011

Desarmar pela vida

Desarmar, pela vida
No próximo dia 6 de maio, uma sexta feira, será lançada a Campanha Nacional de Desarmamento. De acordo com anúncio feito pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, o governo pretende recolher mais de um milhão de armas em poder da população.
A campanha será realizada sob a sombra da tragédia que vitimou 12 crianças e deixou outras feridas em Realengo, no Rio de Janeiro. A coordenação da campanha será de responsabilidade de um conselho formado pela Secretaria Especial de Direitos Humanos e o Ministério da Defesa, e também por Senado, Câmara dos Deputados, secretarias estaduais e municipais de Segurança Pública, entidades como OAB, CNJ e CNBB, além de ONGs.
O Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá participará ativamente da Campanha Nacional de Desarmamento.
De acordo com levantamento de 2010 feito pelo Ministério da Justiça, o Brasil tem 16 milhões de armas, das quais 47,6% na ilegalidade. Com 34,3 mil homicídios ao ano, o País é o campeão mundial de mortes por armas de fogo, em números absolutos.
No entanto, desde a aprovação do Estatuto do Desarmamento em 2003, ou seja, entre 2004 e 2010, a taxa de mortalidade por armas de fogo caiu 8%. Ou seja, desarmar a população reduz as absurdas estatísticas de morte no Brasil.
De acordo com Melina Risso, diretora da ONG “Sou da Paz”, “estudo feito pelo Centro de Análise e Planejamento (CAP) da Polícia Militar, de 2007, mostra que as armas apreendidas por pessoas que de alguma maneira estavam cometendo algum crime são armas de fabricação nacional.”
Para reforçar ainda mais a necessidade de desarmamento da população, Melina Risso descobriu em suas pesquisas que “apenas no Estado de São Paulo, um terço das armas registradas pelas empresas de segurança privada foram furtadas. Nós tínhamos aproximadamente 69 mil armas registradas pela segurança privada e quase 24 mil tinham sido furtadas no mesmo ano”.
A Campanha Nacional de Desarmamento é muito bem vinda. Mas precisamos avançar muito além das imagens de recolhimento de armas e de sua destruição diante das câmaras de TV. É o momento de avançarmos para se estabelecer rigor na venda e responsabilizar, com medidas exemplares, quem perde o controle da arma que eventualmente possui. Sejam as empresas de segurança ou o cidadão comum.
Melhorar, também, o controle das armas que nos chegam através das nossas fronteiras. Envolvendo além da Policia Federal, o Exército e as policias rodoviárias federais e estaduais.
E tornar a discussão sobre desarmamento e vida em aulas obrigatórias nas salas de aula. Para que no futuro evitemos tragédias como as de Realengo e as mortes, todas elas estúpidas, que ocorrem todas as semanas, em chacinas ou motivadas por desentendimentos fúteis. Ou pela ação de ladrões pé de chinelo que se sentem poderosos porque conseguiram acesso fácil a uma arma de fogo.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

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