quarta-feira, 27 de julho de 2011

Empregos na indústria nacional em perigo

Parte dos empresários da indústria nacional brasileira são responsáveis por grande parte da falta de cultura em investimentos continuados, aprimoramento dos produtos finais, garantia de qualidade com padrão mundial. É comum a gente ouvir em reuniões com lideranças governamentais que o empresário brasileiro reinveste o lucro no próprio bolso.
Mas também existem os empresários que gerenciam suas empresas com padrão de competitividade mundial. Apostam em pesquisa e desenvolvimento. Estimulam o treinamento. Respeitam os acordos salariais e estabelecem um intercâmbio permanente com o que há de mais avançado no mundo.
Mas tanto o empresário moderno quanto o que reinveste apenas no próprio bolso atravessam uma fase brava com a política de desindustrialização do Brasil, que nos mantém num beco sem saída com o Real super valorizado. E faz com que o Brasil seja o único país, de 13 nações pesquisadas, a registrar encolhimento do setor industrial no mês passado.
Todo o setor industrial se torna, assim, vítima de uma política macroeconômica que mantém o Real nas alturas, que se valoriza diante do dólar porque os juros brasileiros, os mais altos do mundo, atraem especuladores de toda espécie. Que chegam aqui, transformam os dólares em Reais, investem na Bolsa ou em Títulos Públicos, resgatam os lucros e caem fora.
A conta dos juros da dívida pública resultante, que é dividida por todos nós brasileiros, tem nome: chama-se superávit primário. Só em 2011, o superávit primário já custou R$ 64 bilhões aos cofres públicos. O valor precisa fechar o ano em pelo menos R$ 117 bilhões. Faltam, portanto, R$ 53 bilhões para o objetivo ser alcançado.
Se tivéssemos juros mais baixos, como sempre insistimos, evitaríamos jogar essa dinheirama fora. E poderíamos investir em qualificação, educação, saúde e, por que não, em pesquisa e desenvolvimento que ajudariam a ampliar a competitividade do setor industrial brasileiro.
Desta maneira, estimularíamos os maus patrões a se mexer para não perder suas empresas para os empresários que apostam, apesar de tudo, na competitividade brasileira.
Surgiria um novo empresariado que seria aliado dos trabalhadores e trabalhadoras na nossa batalha constante de gerar riqueza com distribuição de renda no Brasil. E evitaríamos o constrangimento de nos esforçarmos tanto e ver o Brasil no último lugar em desenvolvimento industrial. Que é um indicador de baixa competitividade e uma ameaça direta aos empregos gerados pela indústria brasileira.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

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