sexta-feira, 8 de julho de 2011

A emoção que nos faz agir

Ligue sua televisão e você verá massas mobilizadas e financiando, de maneira espontânea, as manifestações de fé, os eventos de seus times favoritos ou a escola de samba preferida.
Gente muitas vezes com poucos recursos que, mesmo assim, não se sente impedida de ajudar a construir verdadeiros impérios como são os clubes de futebol, algumas denominações religiosas e tradicionais agremiações de samba. E todos participam de uma organização que lhes garante como retorno a satisfação de participar.
O que os faz agir (e a enfiar a mão no bolso) é a emoção que só surge da entrega que acontece no momento exato em que se vinculam às suas igrejas, ao seu samba ou aos seus times de futebol. Seja assimilando com os líderes religiosos as sabedorias divinas. Seja podendo assumir o papel de técnico dos respectivos times de futebol ou sambando até a quarta-feira de cinzas.
É emocionante poder existir em grupo e ao mesmo tempo ver respeitada nossa opinião individual. Vale mesmo a pena viver para sermos importantes para nossa igreja, time ou escola de samba.
Mas quando olhamos para outras situações que exigiriam nossa participação para confirmar avanços, como é o caso da escola de nossos filhos, o posto de saúde de nosso bairro, o posto policial da nossa região, não percebemos a mesma euforia popular em torno destes equipamentos sociais. Apesar de cada centavo que é gasto nestes lugares terem saído dos nossos bolsos.
Como explicar o descaso com que tratamos os equipamentos sociais que financiamos com o dinheiro dos nossos impostos? Como deixamos que as pessoas nomeadas por políticos (que elegemos) façam o que bem entendem com o futuro de nossos filhos, com a nossa saúde ou com nossa segurança?
Talvez a resposta tenha a ver com a emoção envolvida na nossa participação nas nossas atividades sociais. Ao longo dos séculos, as elites acumularam riqueza e poder ao nos educar para a indiferença em relação ao Estado. Por isso, acreditamos, de verdade, que o Estado não nos pertence. E não vemos na escola, no posto de saúde ou na delegacia a parte do Estado que deveria ser monitorada por nós.
Enquanto continuarmos a ver, mas a não perceber que devemos interferir nos equipamentos sociais, as elites continuarão a gerenciar o Estado a favor dos seus interesses apenas, a gastar mal os recursos destinados à Educação, à Saúde e à Segurança.
Mas só o fato de você me ler até aqui, nos garante que há, sim, uma esperança. Porque é assim que se mobilizam nossas emoções. E nos juntamos para aprender a agir para melhorar nosso Estado, nossa cidade, nossa vila.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

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