segunda-feira, 8 de agosto de 2011

O crime quase perfeito

Por que não existe crime perfeito? Porque, teoricamente, todos os crimes são investigados exaustivamente pelo Estado e quando o criminoso é pego, é exemplarmente punido. Existem leis, existe polícia, existe cadeia.
Mas quando há cumplicidade, ou seja, acordos ilegais entre quem deveria punir, ou seja, servidores do Estado e o agente de fora do Estado, fica muito difícil identificar tanto corrupto quanto corruptor.
Por isso, que infelizmente a corrupção é uma praga difícil de se combater, independente das boas intenções dos governos.
E que pode ser controlada apenas quando há vontade e determinação políticas, como ocorreu recentemente nos casos noticiados pela imprensa e que envolveram o alto escalão do Ministério dos Transportes.
A presidente Dilma Rousseff agiu com determinação. O resultado é que mais de 20 servidores, muitos deles em cargos de confiança, perderam o emprego.
Mas tem um bom antídoto contra corrupção que é a educação desde a mais tenra infância e a vigilância social permanente nas atitudes e comportamentos dos corruptos.
Em vez de você ficar se achando um lixo quando fica sabendo de uma pessoa bem sucedida demais, sem ser de família rica ou sem ter ganho na loteria, é hora de avaliar essa pessoa não faz parte de algum esquema de corrupção. Porque ganhar a vida honestamente implica, mesmo quando dá certo, em enriquecer aos poucos.
Mas não basta estar vigilante contra a ação dos corruptores. É importante também nos esforçarmos para identificar os corruptos dentro da máquina estatal. Neste caso, após uma avaliação criteriosa para não ser injusto, é hora de a gente assumir nossa responsabilidade social e denunciar o corrupto à própria máquina na qual ele opera.
A grande maioria das repartições públicas tem instâncias para apurar desvios de função. Mas, infelizmente, são sistemas que só entram em ação a partir da formalização da denúncia. Que não precisa ser feita, necessariamente, pelo cidadão comum. Um vereador, um deputado ou mesmo um servidor de alto escalão pode assumir a denúncia. Ou fazer com que a documentação chegue a um órgão de imprensa íntegro.
O mais importante é que exista em nós, enquanto cidadãos, a determinação cívica de se combater a corrupção. Se nos unirmos e agirmos talvez consigamos controlar o nefasto crime da corrupção. Que é um crime quase perfeito, pois muito poucos são identificados e punidos.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

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