segunda-feira, 26 de março de 2012

O drama da desindustrialização no Brasil

De cada quatro produtos consumidos no Brasil, um é importado. Gerando empregos, rendas, lucros e impostos para outras nações. O setor de autopeças, um dos principais geradores de emprego em Santo André, Mauá e no Grande ABC, que tinha superávit em 2004, registrou no ano passado um déficit de US$ 7 bilhões.
Enquanto isso, muitos portos brasileiros escancaram suas portas, concorrendo uns com os outros através da cobrança diferenciada e menor do ICMS para atrais importadores.
Resultado: em 2011 o déficit da indústria manufatureira chegou a US$ 90 bilhões e pode ser ainda maior em 2012.
Diante desse cenário, o governo da presidente Dilma Rousseff consegue baixar os juros, com uma excelente redução de 0,75 pontos na Taxa Selic, nos levando para patamares de juros de 9,75% ao ano.
Mas se os juros não se transformarem numa cultura de investimento produtivo, se deixarmos bancos e agentes de crédito, entre elas as empresas de factoring, continuarem a agir acima do controle do Banco Central, cobrando os juros finais que bem entenderem, vai ser uma na cruz e outra na ferradura.
Ou seja, a sangria de nossos empregos tenderá a continuar e a aumentar; a indústria ficará cada vez mais anêmica e vamos, por enquanto, transferir nossas riquezas para as economias asiáticas, norte-americanas e europeias.
É hora, portanto, de agir enquanto ainda temos vinculações com nosso setor produtivo e exigir atitudes políticas e econômicas que além de reduzir os juros na ponta das empresas nacionais, crie incentivos para ampliar a produção de bens e produtos nacionais, reforçando a indústria nacional e nossos empregos.
Achar que se trata de um problema do setor patronal, apenas, é dar um tiro no pé. É hora de unificar, nacionalmente, em 4% o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) cobrado dos produtos importados e resgatar o que aprendemos com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva: colocar os interesses da Nação brasileira acima dos imediatismos de Estados, de categorias profissionais ou de grupos empresariais.
O Brasil somos nós unidos. Mantendo nosso acesso ao emprego e renda, para garantir assim o mercado interno que tem tudo a crescer caso os juros se reduzam, de verdade, para os consumidores finais e para as empresas que queiram investir na produção.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

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