segunda-feira, 26 de março de 2012

Coitados dos nossos professores

Vivemos um dilema no futuro de nosso país. Da boca pra fora, tanto os políticos, entre eles, os candidatos aos cargos eletivos quanto os responsáveis diretos pela administração pública concordam que os investimentos em Educação são essenciais para o desenvolvimento do Brasil.
Na prática, contudo, quando se alcança um avanço constrangedor no piso salarial dos professores de R$ 1.187,00, em 2011, para R$ 1.451,00, em 2012, o equivalente a R$ 9,00 por hora trabalhada, se instala a omissão na maioria dos municípios e Estados.
Segundo reportagem da Folha de novembro do ano passado, 17 Estados não pagavam o piso estabelecido por lei. A ponto de o Consed (Conselho Nacional de Secretários de Educação) ter tornado público que acreditava que a lei do piso valorizava os profissionais do magistério, mas que a maioria das 27 unidades da federação enfrentava dificuldades para o seu cumprimento, principalmente orçamentária.
Ou seja, um órgão de abrangência nacional oferece igualmente uma desculpa nacional para que a Educação no Brasil continue, lamentavelmente, a fazer parte apenas dos discursos. Para compensar o nhen-nhen, o Consed pedia para que o MEC complementasse o recurso necessário para o pagamento do piso em Estados sem condições.
Se espera que uma atitude paternalista do governo federal arrume dinheiro para ajudar os Estados que alegam estar sem dinheiro. E que nada fazem além de choramingar mais verbas em vez de priorizar, de verdade, os investimentos necessários na Educação, que passam prioritariamente pelo salário dos professores.
Era a mesma ladainha na época da ditadura e da inflação fora de controle. Muitos políticos discursavam que tínhamos que aprender a conviver com os militares enquanto desenvolvíamos a democracia possível. E que a inflação no Brasil era como uma doença crônica e que nunca iria ser curada.
Vimos na prática que bastou a opinião pública se mobilizar que acabamos em menos de uma década, entre 1985 e 1994, com o poder dos militares e com a inflação.
Precisamos fazer o mesmo com a Educação. Mobilizar a opinião pública para quem sabe, ainda dentro desta década, a segunda do Século 21, consigamos transformar a Educação no principal investimento no futuro do nosso País. Com professores bem pagos e motivados, para educar uma juventude cada vez mais bem informada mas carente de rumos que só uma boa escola pode dar.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

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