quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Montadoras importam carros e auto-peças e prejudicam mercado de trabalho no Brasil

Como sempre acontece, os empresários do setor automobilístico adoram um chororô, quando as coisas não estão bem na economia. Mas basta uma folga e o abuso se estabelece, diante dos nossos olhos e contra os nossos empregos e salários.
Desta vez, as montadoras brasileiras adotaram a importação de carros e de auto-peças em vez de investirem no nosso mercado interno. Enquanto acenam para a opinião pública e para o governo que estão fazendo investimentos no Brasil, por debaixo dos panos continuam agressivamente importando veículos e peças, que nos empurram goela abaixo.
É uma maneira de manter empregos lá fora, se aproveitando do vigor do nosso mercado interno.
Segundo notícia divulgada pela Agência Estado, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, a maioria das montadoras registrou déficit comercial no ano passado. Parcela considerável dessas importações são procedentes do México, com quem o Brasil registrou um saldo negativo de US$ 1,7 bilhão em veículos, em 2011.
A Volkswagen, por exemplo, exportou US$ 1,9 bilhão no ano passado, mas importou US$ 2,2 bilhões, crescimento de 31,7% e um déficit de US$ 300 milhões. O mesmo déficit foi registrado pela Ford, que exportou US$ 1,5 bilhão e importou US$ 1,8 bilhão. A Renault exportou US$ 1,1 bilhão e importou US$ 1,4 bilhão. Novamente um saldo negativo de US$ 300 milhões. A Peugeot Citroen registrou um déficit ainda maior, de US$ 815 milhões. A Toyota exportou US$ 703 milhões e importou US$ 1,7 bilhão, gerando um déficit de US$ 997 milhões.
Informações repassadas pelo Sindipeças, entidade que representa os patrões da indústria automobilística, mostram que o déficit da balança do setor foi de US$ 4,6 bilhões no ano passado, alta de 30,9% sobre o déficit de 2010. As exportações aumentaram 16%, para US$ 11,1 bilhões, e as importações cresceram 20%, para US$ 15,8 bilhões. A maior parte
das importações, segundo o Sindipeças, veio dos Estados Unidos (US$ 2 bilhões), da Alemanha (US$ 1,9 bilhão), do Japão (US$ 1,7 bilhão), da Argentina (US$ 1,3 bilhão) e da China (US$ 1,2 bilhão). O setor tem déficits desde 2007 e projeta que, em 2012, o saldo negativo chegue a US$ 5,6 bilhões.
Ou seja, estão sangrando nossa economia e gerando empregos para os trabalhadores dos Estados Unidos, Alemanha, Japão, Argentina e China. Enquanto trabalhamos pesado aqui, com salários vergonhosos e com um piso mais constrangedor ainda, somos obrigados a nos manter atentos a essas maracutaias contra nossa economia e contra nossos empregos.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

Nenhum comentário:

Postar um comentário