quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Transformar 2012 no ano da recuperação dos pisos salariais

Acabamos de começar um novo ano e ao avaliarmos as conquistas do ano passado e anteriores percebemos que mesmo negociando bons acordos salariais, com ganhos reais nos salários nos últimos dez anos, que nos encontramos mais ou menos na mesma.
Grande parte dos nossos pisos salariais não chega nem na metade do que é definido como o salário mínimo constitucional, ou seja, que seria suficiente pela Constituição Brasileira para o sustento de um casal e seus dois filhos. De acordo com o Dieese o valor do salário mínimo deveria ser em janeiro deste ano de R$ 2.398,82.
Distante, portanto, da grande maioria dos holerites que recebemos mensalmente porque somos vítimas, como categoria profissional, de uma ação articulada das direções das empresas, na maioria das vezes executadas através dos seus departamentos de recursos humanos, do uso da rotatividade como mecanismo de achatamento salarial.
Ou seja, o que ganhamos em boas negociações salariais, sustentadas pela mobilização da categoria e articulação da diretoria do Sindicato, escapa com a substituição dos trabalhadores e trabalhadoras por outros com ganhos inferiores.
De acordo com o estudo realizado pelo Dieese, na década passada, a rotatividade apresentou elevadas taxas para o mercado de trabalho: 45,1%, em 2001; 43,6%, em 2004; 46,8, em 2007; 52,5%, em 2008, e 49,4%, em 2009. Considerando os últimos resultados disponíveis da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), a taxa de 2010 atingiu o patamar de 53,8%. Ou seja, de cada 100 trabalhadores, 54 foram substituídos por outros com salários inferiores.
O que gera, lamentavelmente, um prejuízo imenso para a massa da classe trabalhadora brasileira e no nosso caso para o conjunto da categoria. Tanto é que o Sindicato fez um estudo que mostra que as contribuições dos trabalhadores sindicalizados, que se baseiam numa porcentagem dos respectivos ganhos, têm no geral se mantidas estáveis nos últimos oito anos. Um indicador de que a categoria como um todo não tem conseguido manter os reajustes, com aumento real, que negociamos a cada ano.
Por isso, temos que nos mobilizar para mais do que ampliar os ganhos salariais conseguir mantê-los através do aumento do piso para inibir a rotatividade. Pois, com um piso decente, não vai adiantar muito para as empresas se valerem da rotatividade para achatar salários.
Temos que, ao mesmo tempo, pressionar o Congresso Nacional para que aprove a Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) que vigia de perto as demissões imotivadas, que passariam a ser negociadas com os sindicatos das respectivas categorias.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

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