quarta-feira, 14 de setembro de 2011

As batalhas de todos os dias

Nesta semana o noticiário traz a perseguição, que se espera ser final, ao ditador Kadafi que está no poder há 42 anos e nos lembra, também, os 10 anos do ataque terrorista ao World Trade Center, em Nova Iorque.
Se a gente buscar nas demais páginas de jornais ou ficar mais atendo aos noticiários poderia fazer uma lista de conflitos mundiais que não caberiam aqui neste espaço.
Aparentemente, não temos nada a ver com as guerras dos outros. Afinal, nem sequer estamos em guerra. Aqui não é nem Síria, também, em conflito. Nem Somália, que sofre uma fome devastadora, resultante de uma guerra civil insana.
Será verdade?
Todos os dias pelo menos 140 brasileiros morrem esmagados pelas ferragens de um veículo. Temos um dos trânsitos mais mortais do mundo. Perdemos 50 mil cidadãos brasileiros por ano. Muitos deles nossos parentes, amigos, vizinhos.
Aqui, ainda morrem 20 crianças por mil nascidas vivas, uma taxa bem inferior às 120 crianças mortas por mil nascidas vivas em 1970, mas ainda uma das mais altas taxas de mortalidade infantil do mundo.
Em Belém, no Pará, uma mulher, grávida, de 27 anos perdeu os filhos gêmeos depois que dois hospitais disseram não ter vagas para atendê-la durante o trabalho de parto.
Ou seja, estamos sim, em guerra aqui neste nosso país tropical abençoado por Deus.
A responsabilidade por estas batalhas cotidianas, que nos ceifam vidas e pedaços do nosso futuro não podemos atribuir a ditadores. Já mandamos os militares de volta para o quartel desde 1985. Não, a culpa não é dos militares desta vez.
Mas que existem muitos homens e mulheres nas funções públicas agindo de maneira assustadoramente irresponsável, ah!, isso tem.
Porque todos percebem que algo tem que ser feito para melhorar a educação do trânsito para reduzir a carnificina assassina e gera um prejuízo de R$ 5,3 bilhões por ano, apenas com os acidentes que ocorrem nas áreas urbanas do País, segundo levantamento do Ipea. A entidade calculou, ainda, que cada acidente de trânsito sem vítimas gera um customédio de R$3.262, um acidente com ferido apresenta um custo médio de R$17.460 e um acidente com morte, R$144.143.
Um custo que incide, em grande parte, nas contas do Sistema Único de Saúde (SUS), e no desamparo com que as vítimas deixam seus familiares.
Estamos, portanto, também em guerra permanente.
Mas quando nossos dirigentes, eleitos democraticamente, respeitarem nossa vontade de viver, com certeza vão enfrentar essa guerra do trânsito com eficiência. E vão se sensibilizar e acelerar o combate à miséria, como é promessa da presidente Dilma, e investir com seriedade nos hospitais para não deixar mães perderem seus filhos sem terem, sequer, a oportunidade de um parto.
Cicero Firmino, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

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