sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Melhorar a vergonhosa Educação Básica no Brasil

Quando iniciamos a consolidação da indústria automobilística no Brasil, a partir da década de 50, o sonho dos trabalhadores daqui da região do Grande ABC, era participar da riqueza que geraríamos para País. E conseguimos. Muitos de nós saltamos da miséria da roça para a oportunidade da carteira assinada com salários decentes nas fábricas aqui da região.
Descobrimos depois de entregar nossas vidas que mesmo com a participação política, mesmo com a eleição de um ex-metalúrgico para a presidência da República que o acesso à mais renda e melhor qualidade de vida ficam empacados por causa da qualidade da nossa Educação Básica.
E não é por falta de dinheiro. Em valores de 2005, os gastos com educação pelo setor público saltaram em 1995 de R$ 61,376 bilhões para R$ 86,953 bilhões em 2005, um aumento de 41,67% em onze anos. Os estados em 1995 gastaram R$ 29,6 bilhões e em 2005 os seus gastos foram de R$ 36,5 bilhões, representando um aumento de 23,2%.
Os municípios, em 1995 gastaram R$ 17, 143 bilhões, em 2005 os seus gastos foram de R$ R$ 33,83 bilhões, representando um aumento de 97,34%. Os gastos diretos da União variaram muito pouco nesse período, passaram de R$ 14,6 bilhões para R$ 16,6 bilhões, um aumento de apenas 13,76%.
Mas faltam iniciativas políticas educacionais para melhorar a qualidade da nossa Educação Básica. Nossos meninos e meninas continuam saindo de casa para gastar horas preciosas de suas vidas nos bancos escolares fingindo que aprendem. Nossos professores, com salários irrisórios, continuam fingindo que ensinam. E quando avaliamos a redistribuição de renda no Brasil, que passa obrigatoriamente por oportunidade de empregos com bons salários, percebemos que avançamos pouco.
A péssima Educação Básica cria barreiras intransponíveis no mercado de trabalho. Tem vagas ociosas e trabalhadores ocupados em posições que lhes pagam muito mal. Anuncia-se um apagão de mão de obra nos setores que garantiriam maior transferência de renda, por absoluta falta de preparo dos nossos jovens.
É hora de levar a sério nossa Educação Básica. Gastando melhor o dinheiro público disponível, respeitando o anseio dos trabalhadores em ampliar sua participação das riquezas que ajudamos a criar.
Queremos chegar à sexta economia mundial com o orgulho e respeito por nossa participação na riqueza nacional. Cansamos de ser apenas espectadores e burros de carga de nosso próprio País. E sem Educação Básica de qualidade, continuaremos de fora, vendo apenas os filhos das elites tendo acesso às boas universidades públicas e, consequentemente, aos bons empregos com ótimos salários.
Sem Educação Básica de qualidade de nada adiantarão as riquezas do Pré-Sal e as melhorias em nossa economia, pois se perpetuará a trágica situação de concentração de renda no Brasil.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

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