sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Natal e abandono

Natal e abandono
Chega o Natal. Nossos corações e almas se voltam para o nascimento do menino Jesus. Os presépios natalinos nos mostram o ambiente pobre de uma manjedoura. Pobre mas limpinho. Com uma mãe e um pai solícitos, ali postados, eternamente, à disposição do Filho de Deus.
Apesar de toda nossa religiosidade e de vivermos no Brasil em que se respeita todas as religiões, a grande maioria delas, vinculadas ao Cristianismo, ainda deixamos abandonados pelas ruas, entra Natal e sai Natal, mais de 8 milhões de crianças. Sendo que dois milhões delas não encontram, sequer, uma manjedoura como abrigo e são mantidas nas ruas, perambulando.
Mas nós somos um povo cristão, gostamos de bater no peito e de confirmar nossa fé quando nos encontramos com os demais fiéis nas igrejas aos domingos. Por isso, ajudamos a criar um dos melhores Estatutos da Criança e do Adolescente do mundo.
Lá está escrito: “Toda criança tem direito à vida, saúde, liberdade, educação, cultura e dignidade." Ou seja, pregamos uma coisa e praticamos outra. E isso acontece, infelizmente, porque somos indiferentes ao presente e ao futuro dos meninos e meninas abandonados.
Afinal, não são nossos filhos e filhas.
Mas cada um destes jovens, oito milhões de pedacinhos de vida do nosso futuro, sobrevivem no abandono, sem Estado, sem Educação, sem acesso à Saúde. Só podem contar com Deus, já que a indiferença dos homens só aumenta a cada Natal.
Mas como trabalhadores e trabalhadoras sabemos que todo nosso esforço só faz sentido se o pudermos dedicar a nossos filhos. Senão, que graça tem se sacrificar a vida toda por um salário que às vezes mais humilha do que recompensa? Porque sabemos que destes ganhos suados podemos garantir uma qualidade mínima de vida e de esperanças para nossos filhos.
Por isso, aproveitamos o Natal quando voltamos nossos corações e almas para o Menino Jesus e chamamos sua atenção cidadã para nos mobilizarmos e fazer alguma coisa, qualquer coisa, para resgatar os oito milhões de meninos e meninas abandonados. Sendo que dois milhões continuam, agora, jogados nas ruas como lixo humano. Ou agimos de alguma maneira ou se confirma nossa indiferença cidadã e cristã para com vidas que já pulsam, abandonadas, no nosso futuro.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

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